Não tivemos outra conversa depois desse dia. Limitámos o nosso diálogo a um bom dia, boa tarde e pouco mais.
Juliette passou a dormir no quarto de hóspedes, apesar da minha insistência para trocar com ela.
Já tinha feito a coleta para novo exame a aguardava os resultados, mas hoje resolvi ir procurar o relatório antigo.
Eu estava no meu escritório e sobre a secretária havia vários papeis incluindo o relatório.
Dobrei os braços sobre a secretária, deitei a cabeça sobre eles e chorei copiosamente. Peguei no pisa papeis de vidro que tinha ali à mão e joguei-o para longe indo cair sobre uma mesinha de vidro que ficou toda estilhaçada.
Juliette veio a correu ao ouvir o barulho. Abriu a porta e viu o estrago. Olhou para ele e reparou nos olhos vermelhos.
- Que foi?
- Rodolffo pegou no relatório e apontou para a assinatura.
- Juliette olhou e abanou a cabeça. O relatório vinha acompanhado do parecer do tal obstetra.
- É falso de certeza. E o que um obstetra tem a ver com exame de esperma? Realmente foste tão manipulado pela Iara.
Ele permanecia com a cabeça deitada na secretária e nada dizia.
Juliette começou a limpar os vidros partidos.
- Deixa estar isso que eu limpo. Podes magoar-te.
Juliette deixou-o sózinho. Tinha muito que pensar e analizar.
Que mais havemos de descobrir daquela trambiqueira?Os erros dela não ilibam ele dos seus.
Foi ele quem ousou duvidar de mim e nem disfarçou.Rodolffo foi buscar o resultado dos exames e não estava mais animado do que antes.
Chegou a casa e entregou o envelope a Juliette, mas esta pousou-o sobre a mesa.- Qualquer resultado que esteja aí não muda nada.
- Nunca me vais perdoar?
- Nunca vou esquecer.
- Pois eu vou tentar até ao fim dos meus dias. O estrago foi grande, mas eu não perco a minha família.
A partir daquele dia, Rodolffo tentava a todo o custo aproximar-se de Juliette, mas ela não dava abertura.
Juliette ponderou deixar aquela casa, mas havia a Maria Vitória. Ela não queria afastá-la do pai.
O amor por ele não tinha morrido e por isso era difícil viver ali naquelas condições.
Lembrava-se da gravidez da filha e de quanto foi mimada naquela época. Desta vez nem um carinho na barriga teve e as fotos muito menos.
Culpa dele, não. Culpa dela que não deixava. Se fosse da vontade dele passava uma borracha sobre o assunto e começava de novo.
Ao lembrar disto não conteve as lágrimas e foi a chorar que Rodolffo a encontrou a cozinhar.
Teve vontade de a abraçar, mas ela sempre o repelia e nem ousou fazê-lo.
Começou a por a mesa para ajudá-la.
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Permita-se Amar
Fanfiction...e pela rua, lado a lado, somos muito mais que dois (M. Benedetti)