Cap. IX

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Uma semana depois...

Tinha marcado com Rodolffo um encontro para conversar. Pedi a tarde à Telma que me dispensou prontamente. Tem sido uma amigona, quase mãe.

Pedi a tarde toda porque a conversa seria longa e não podia prever quanto durava. Marquei no meu apartamento. Estaríamos mais à vontade sem ninguém nos perturbar.

Assim que deu o horário de almoço foi para casa, preparei um macarrão com queijo e comi. Ainda faltava uma hora para ele chegar e dava tempo de fazer as coisas calmamente.
Tomei um banho e vesti um vestido longo e solto. Nos pés umas havaianas. Passei apenas um blush e um bâton claro. Apanhei os cabelos num rabo de cavalo e prendi uma fita. Pus o meu perfume habitual e estava pronta.

Olhei para o relógio e logo tocou a campainha da porta. Faltavam 15 minutos para a hora marcada. Fui abrir e totalmente diferente do que eu imaginei, na minha frente estava um moreno alto, cabelo e barba bem feitos, porte atlético e lindo.

- Desculpa, estava ansioso, cheguei mais cedo. Rodolffo Sassetti.

- Não faz mal, eu entendo. Juliette País de Sousa.

Ele estendeu a mão, mas depois deu-lhe um beijo na face.

- Vem para aqui para a sala. Queres um café? Não tenho álcool em casa.

- Um café está bem.

Juliette foi buscar dois cafés à cozinha enquanto ele observava tudo ao seu redor.

O apartamento a notar pela sala não parecia muito grande, mas era aconchegante. Rodolffo notou alguns objectos de decoração e sorriu. Fizeram-no lembrar das viagens a África onde era habitual tais objectos.

- Trouxe açúcar. Eu tomo sem.

- Eu também.

Tomaram o café em silêncio. Rodolffo tinha as mãos suadas e Juliette também por isso levantou-se e foi buscar toalhetes húmidos.

- Toma, sei que estás a precisar tanto como eu disse limpando as mãos.

- Não sei o que dizer. É tudo tão bizarro que não sei por onde começar.
Primeiro, como tens passado?

- Após o susto, tem sido tudo tranquilo.

- Quanto tempo, já?

- Já completei dois meses.

- Alguma vez pensaste tirar?

- Não. Nem perdi tempo a pensar nisso.

Conversaram durante horas. Já o sol se tinha escondido e Juliette foi fazer um chá e trouxe biscoitos.

Continuaram a conversar. Parece que cada um deles queria mais e mais explicações até que Rodolffo reparou que já era muito tarde.

- Vou-te deixar. Foi tudo muito puxado e precisas descansar. Podemos combinar outro dia? Hoje já está tarde.

- Liga-me antes.

Juliette acompanhou-o até à porta, abriu-a e deu-lhe passagem.

Ele voltou-se e perguntou:

- Posso dar-te um abraço?

Ela abriu os braços ao redor da cintura dele e ele apertou-a de encontro ao peito. Ficaram assim algum tempo e quando ele a soltou reparou nos olhos dela brilhantes.

- Não quero que chores. Juntos vamos superar. Não estejas triste.

- Não estou triste, mas precisava muito deste abraço.

Ele voltou a abraça-la com força. Beijou-lhe o rosto e foi embora.

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