Capítulo 2

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Estávamos em Maio, mês por norma dedicado às cerejas.

Eu tenho duas cerejeiras lindas na minha quinta, mas preciso ganhar algum dinheiro para as próximas demandas.

Eu tenho duas cerejeiras lindas na minha quinta, mas preciso ganhar algum dinheiro para as próximas demandas

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Amanhã partimos para a apanha da cereja

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Amanhã partimos para a apanha da cereja.  Daqui da aldeia vamos 3 e mais alguns de aldeias vizinhas.


Partimos por uma semana e se a produção tiver sido abundante voltaremos mais uma.

Eu gosto de participar destas actividades.  Mais para o final do Verão vêm as uvas.  A vindima também é uma actividade onde podemos ganhar alguns tostões e para quem vive da terra são sempre bem-vindos.

Não gosto é de deixar os meus pais sózinhos, mas a tia Maria disse para não me preocupar que lhes deitava um olhinho.

Eu, o Carlos e o Guilherme lá partimos.  Durante o percurso, os mais velhos gostam de entoar cantorias da sua juventude.

Eu sentei-me no autocarro ao lado do Guilherme.   Foi meu colega de escola, mas eu segui os estudos em Vila Real e ele apenas completou o secundário.
Já esteve emigrado em França e Luxemburgo, mas decidiu regressar.
Não correu muito bem a sua ida.  Diz que não se adaptou por causa da língua.  O Francês era difícil diz ele.

Houve um tempo em que estava interessado em mim, mas eu não estava virada para esse lado. Apesar de ser um menino bom, eu apenas o vejo como um bom amigo e ele não só aceitou a minha recusa como se manteve meu amigo.
Já recorri a ele várias vezes para alguns trabalhos.

O Carlos, esse é mais moinante.   Quer vida boa.  Trabalha de vez em quando.  Por exemplo, agora vai às cerejas porque quer  comprar um carro usado.  Um chaço velho que o Joaquim tem lá parado há muito tempo.

Enquanto isso no Luxemburgo...

- Mãe, pai, preparem-se que este ano em Agosto, vamos à terra.

- A Chacim?

- Sim mãe.  Há quantos anos não vamos lá?

- Já perdi a conta, mas tu tinhas 6 anos quando viemos para o Luxemburgo.

- Então há 22 anos.  São horas de voltar a ver as nossas raízes.

- Já não devo conhecer ninguém.  Da minha juventude e do teu pai já devem ter morrido muitos.  Como estará a minha casinha?
Enquanto o teu tio João foi vivo eu sempre mandei dinheiro para a manter, mas ele partiu há 3 anos.
Deve estar muito degradada.

- Não importa. Vamos e encomendamos as obras que forem necessárias.

- Ainda faltam 3 meses  quem sabe se lá chegarei.

- Lá estás tu com os dramas.  Hás-de ir e voltar durante muitos anos.

- Sabes que agora há lá muitas cerejas? As saudades que eu tenho de apanhá-las da àrvore e comer.  Nem as lavávamos.  Agora é que faz tudo mal se não lavar.

- Disso eu lembro-me.  Pulava o muro do Ti Abílio que era pegado com o nosso e ia roubar-lhe as cerejas.

- O Ti Abílio e  a Ti Rozarinho.  Bons vizinhos.  A menina deles era quase da tua idade.  Tinha uns cabelos lindos.

- Eu mangava com ela quando ela fazia rabo de cavalo.  Quando passava por ela imitava o trote do cavalo e ela ficava furiosa.  A minha sorte era a falta de pontaria dela pois quando eu fazia isso não havia pau nem pedra que não voasse na minha direcção.

- Saudades que eu tenho da minha terra.  Por outro lado estou feliz por ter emigrado pois só assim consegui dar-te um diploma de médico.







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