Capítulo 7

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Eu e Rodolffo sentámos num muro antes de chegar a casa.  Ele precisava disfarçar o álcool que tinha ingerido.

- Os meus pais nunca me viram alcoolizado.  Eu raramente bebo.

- Já passa, mas se não começares a recusar, vai ser assim todos os dias.

- Nem pensar.  Vou fazer como tu.  Só àgua.

- Conta-me a tua vida lá no Luxemburgo.

- Não há muito para contar.  Formei-ne há dois anos e comecei logo a trabalhar num dos hospitais.  O meu dia a dia é trabalho casa, casa trabalho.

- E diversão nada?  Conta outra Rodolffo.   Um jovem bem parecido como tu deve ter resmas de raparigas à volta.

- Sou bem parecido, é?  Não tenho não.  O meu foco sempre foi a faculdade e agora o trabalho.  Tive uns namoricos, mas nada sério.  E tu?

- Aqui metida neste fim de mundo é difícil.   Estou à espera do meu príncipe que chegue num cavalo branco.

- Aqui na terra não há ninguém?

- Até havia, mas já desistiu.

- Porquê?

- Porque eu gosto dele como amigo, apenas.

- Quem é?

- O Guilherme.  Aquele que veio cumprimentar-te primeiro.

- Parece ser boa gente.

- Sim.  Ajuda-me bastante,  mas é só meu amigo.

- A amizade pode virar amor.

- Não neste caso.  Não tenho qualquer interesse.  Prefiro estar solteira.

- À espera do príncipe?

- Quem sabe, ou do sapo que vira príncipe.

Estivemos ali quase uma hora.  Quando chegámos a minha casa, os nossos pais ainda estavam à conversa no alpendre.

- Ainda aí?

- Temos a conversa atrasada 20 e tal anos. 

- Juliette,  minha filha!  Vê o que vamos fazer para jantar.  Os vizinhos jantam também.

- Não queremos incomodar.  Já almoçámos!

- Não é incómodo.  Amanhã tratam das coisas que vos falta em casa.  Hoje são nossos hóspedes.

Acordei no dia seguinte com um dia ensolarado.

A minha mãe já tinha ido comprar alguns alimentos à pequena mercearia da aldeia.  Senti o cheiro do café e fui até à cozinha.

Comi um pãozinho com queijo e uma chávena de café.

Voltei para o meu quarto e sentei-me na pequena varanda que dava para a quinta da Juliette.
Fiquei a apreciar a paisagem e ao longe vi um trator que lavrava um pequeno pedaço de terra.

Esfreguei os olhos para poder ver melhor.  Em cima do trator, lá estava ela, manuseando a máquina com muita mestria.

Soltei um assobio, coisa que eu fazia bem desde criança, e ela logo me acenou.

Vesti uma roupa desportiva pois pensava ir ter com ela, mas minha mãe estragou-me os planos.  Era preciso ir a Macedo fazer compras que não tinha encontrado na mercearia.

- Contrariado, sem demonstrar, lá fui eu e a minha mãe fazer as benditas compras.

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