Guilherme bem tentou, mas eu não dei abertura. Dancei toda a noite com a Juliette. Quando parávamos era para ir beber algo.
Numa das paragens, fomos buscar duas bifanas e duas cervejas que nem só de música vive o homem.
Por volta das duas horas da madrugada, resolvemos ir embora.
Juliette cantarolava pelo caminho. Parecia que tinha a música no corpo.
Numa zona mais escura da rua eu atrevi-me e roubei-lhe um beijo.
Ela não disse nada e segurou no meu braço. Seguimos caminho até à entrada da porta dela.Conversámos ainda durante um bom bocado e quando ela disse que eram horas de entrar, segurei-lhe no rosto e dei-lhe um beijo de verdade.
Juliette passou os braços à volta da minha cintura e então abracei-a.
Beijei-a outra vez e então despedimo-nos.
- Dorme bem.
- Tu também. Sonha comigo.
- Isso é certo é não é de hoje.
Juliette entrou e eu fui para minha casa. Não estava ninguém acordado por isso fui para o quarto.
Despi-me e deitei-me pensando o quanto a vida é injusta.
Faltam menos de duas semanas para ir embora, porque isto agora?Será que tenho o direito de gostar da Juliette? Estaremos separados por uma grande distância. Quem sabe quando nos vamos ver de novo?
Nos dias seguintes, sempre dava um jeito de vê-la durante o dia. Na maior parte das vezes eu fazia de tudo para a ajudar na quinta assim, podia estar com ela, mas era à noite que as nossas conversas se tornavam mais intimas.
No jardim da casa de um ou do outro, após o jantar, sempre havia um tempinho para estarmos juntos.
- Como vai ser quando fores embora? Vou ter saudades das nossas conversas.
- Só das conversas? E de mim?
- Claro que de ti também.
- E como vamos fazer? Eu que manter o contacto.
- Com certeza que sim. Havemos de falar muito ao telefone.
- Domingo vamos até Alfandega da fé? Vamos até ao miradouro?
- Sábado é melhor.
- Está bem, vamos sábado de manhã.
Sexta feira chegou e Juliette quis conversar com a mãe.
- Mãe, amanhã vou a Alfandega da fé com o Rodolffo.
- E voltam à noite?
- Mãe! Era muito mau para ti se eu só voltasse Domingo?
- Olha filha. Tens 27 quase 28 anos. És dona da tua vida. Trabalhas e muito. Não dependes de nós e além disso eu deixei-te em Vila Real por seis anos para estudares.
Perante isso, o que é um fim de semana? Eu só quero ver-te feliz. Não faças nada que te magoe. O resto não interessa.- E o pai?
- Deixa o teu pai comigo. Sabes porque nasceste de 7 meses? Por isso mesmo. Foi a desculpa que demos para ninguém saber que casámos grávidos.
Depois do jantar em conversa com Rodolffo disse-lhe que podíamos passar o fim de semana fora.
- Que bom. E queres ir a algum lugar específico?
Em Alfandega da fé mesmo. No resort.
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