No dia seguinte eu passei o dia a trabalhar na quinta. Rodolffo não apareceu, mas após o jantar veio tomar café comigo e estivemos no meu alpendre a conversar durante horas.
Deu-me um beijo à despedida e fomos dormir.
Terça feira foi a mesma coisa. Quarta feira ele ajudou-me a semear umas batatas pela manhã e depois não o vi mais.
À noite esperei por ele e não veio. Acabei por ir dormir pois acordava cedo.
Quinta feira cruzei-me com ele quando eu vinha para fazer o almoço.
- Estás com cara de quem acordou agora.
- De ressaca, diz ele.
- Porquê? Onde estiveste ontem à noite?
- Com a malta no café. Bebi um pouco.
- Mas o café fecha à meia noite!
Eu estive aqui até à uma hora e não te vi chegar.- Fiquei à conversa com a Marta.
- Só os dois?
- Sim. Sentámo-nos lá no muro da Casa do Povo e nem demos pelo tempo passar.
- É porque a conversa era boa. Vou fazer o almoço. Tchau.
- Vejo-te logo?
- Não sei. Talvez queiras acabar a conversa com a Marta.
Falei mesmo e entrei em casa. Marta era uma jovem filha de pais emigrados em França. Todos os anos vem cá passar as férias e todos os anos vem de namorado novo ou arranja cá um para se entreter.
Até imagino como foi a conversa deles.Os ciúmes estão a corroer-me por dentro. Sou bem capaz de não falar com ele e assim termina uma coisa que nem começou.
Fiz o almoço na força do ódio, mas não consegui comer muito. Terminei o almoço e fui logo para a quinta.
Entrei no palheiro que ficava ao fundo da propriedade, estendi uma manta que ali tinha sobre um feixe de palha e por ter dormido muito pouco de noite logo adormeci.
Quando acordei vi Rodolffo ao meu lado que também dormia. Tentei levantar-me para o deixar sózinho, mas o barulho da palha acordou-o e ele puxou-me para me deitar novamente.
- Já passou a braveza, minha ciumenta?
- Sou ciumenta sim, e depois?
- Depois nada. Eu gosto assim. Não aconteceu nada. Eu sei bem o tipo de mulher que a Marta é. Dessas quero distância.
Ele falava isto já perto da boca dela onde deixou um beijo.
- Achas que os teus pais vêem aqui?
- A esta hora estão a dormir a sesta.
- Eu quero-te de novo, - disse enquanto tentava tirar-lhe a roupa.
- Não temos preservativo.
- Tenho. Eu vi-te da minha varanda quando vinhas para cá e coloquei um no bolso.
- Já vinhas com segundas intenções.
- Segundas e terceiras. Eu quero amar-te sempre e aproveitar todos os momentos possíveis.
Fizeram amor com relativa pressa não fosse o diabo tecê-las. Depois de vestidos e compostos deixaram-se ficar abraçados. Hoje Juliette não tinha nada urgente para fazer, então aproveitou para desfrutar do momento.