Hoje era o último dia que eu estaria com ela e isso estava a deixar-me muito ansioso.
Acordei pela manhã, fui à varanda e não a vi na quinta. Mandei-lhe uma mensagem e ela não respondeu.
Desci para tomar café.
- Rodolffo, a Rosarinho passou mal. A Juliette teve que ir com ela para Macedo.
- O que ela teve? Podias ter-me chamado para ir com elas. O sr. Abílio?
- Está em casa. A Juliette não me deixou chamar-te.
- E o que aconteceu com a mãe?
- Começou a sentir falta de ar.
Rodolffo ligou para Juliette. Desta vez ela atendeu.
- Onde estás? Vou aí ter contigo.
- Não venhas. Vão transferir a minha mãe para o hospital de Vila Real. Eu vou atrás da ambulância com o meu carro.
- Como ela está?
- Teve um enfarte, já aqui no hospital.
- Eu vou a Vila Real, Juliette.
- Não venhas, Rodolffo. Não vens fazer nada para a ajudar e precisas preparar as coisas para a viagem.
- Mas tu precisas de mim. Eu quero ir. Vou e volto, nem que seja só para me despedir de ti.
Rodolffo desligou e disse à mãe para preparar tudo que voltava a horas de viajar para o Porto.
- Não te preocupes, mãe. Volto à noite. Chama o sr. Abílio para almoçar.
- Vou chamar. Não sei o que será dele sem a mulher. Ainda vai ele primeiro que a saúde dele também já não é boa.
Rodolffo demorou cerca de uma hora a chegar. Juliette estava na sala de espera a aguardar notícias dos médicos.
Rodolffo abraçou-a e aí ela desabou num choro intenso.
- Calma. Ela vai superar.
- Ela só estava com falta de ar. Porquê o enfarte? Rodolffo, viste o meu pai? Estou preocupada com ele.
- Eu disse à minha mãe para o chamar para almoçar. Ela toma conta.
- Desculpa. No vosso último dia e eu a empatar as vossas férias.
- Não digas isso. Eu não podia ir embora sem me despedir e se eu pudesse adiava a partida, mas está muito na hora, e segunda já tenho plantão no hospital.
O médico veio trazer o relatório. Rosarinho estava em coma. As previsões não eram boas, disse o médico sem grandes rodeios.
- Eu posso vê-la? Posso ficar com ela
- Muito rápidamente. Ficar com ela ninguém pode.
- Então não vou poder visitá-la?
- Enquanto estiver nesta situação pode cá vir, mas é entrar e sair.
Juliette foi com Rodolffo mas como o médico disse ficou apenas o tempo de lhe dar um beijo.
Já no exterior do hospital ela chorou abraçada a Rodolffo.
- Vamos para casa, mas eu não acho que estejas em condições de conduzir e ainda mais sózinha.
- Vou contigo e amanhã venho de autocarro e depois levo o carro.
Ele abraçou-a e seguiram para o estacionamento enquanto lhe fazia carinhos.
Apertou o cinto dela, deu-lhe um beijo e seguiu viagem.