Capítulo 21

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Nos dias após a partida de Rodolffo, Juliette dedicou-se exclusivamente ás tarefas na quinta.  

Saía de casa, apenas para ir à pequena mercearia comprar alguns bens que precisasse.

Chegou à entrada e ainda ouviu alguém dizer.

- Estiveram em pecado estes dias todos e agora ele abandonou-a e foi embora.

- Não digas essas coisas.  Ninguém tem nada com a vida dela.  A Juliette sempre foi ajuizada.

- Ninguém com juízo mete um homem em casa.

Eu entrei e elas calaram-se.

- Podem continuar a dizer mal que eu não estou nem aí.  Não são vocês que pagam as minhas contas. Nunca vos fui pedir um prato de sopa.

A senhora Isilda alguma vez me deu um pão?  Pagou uma conta de àgua ou luz? Uma carrada de lenha?  Uma garrafa de gás?
Não,  pois não?  Então meta-se na sua vida.  Não tem que fazer, vá coser umas meias.

- Não disse por mal.  É só porque todos falaram do teu vizinho.  Ele está lá no estrangeiro e só se quer aproveitar de ti.

- Todos não, tia Isilda.  Eu só ouvi da sua boca, - disse a dona do estabelecimento.

- Deixe.  Ela deve ter dor de cotovelo.
Olhe arranje um bitcharolo para si e deixe os outros em paz.  Isso é falta.

- Tu respeita-me que eu tenho idade para ser tua avó.

- Respeito sim.  Com o mesmo respeito que tem comigo.  Meta-se na sua vida.

- Duda, dê-me 500 grs de café, 100 de colorau e um detergente para a loiça.

A Isilda saiu, eu paguei as compras e saí atrás dela indo para casa.

Passei no café e tomei um café com um pastel de nata.

Guilherme aproximou-se de mim.

- Como estás?

- Irritada.  Há gente que gosta de atazanar a vida dos outros.

- Até imagino o que foi!

- Se vais opinar também é melhor guardares  a tua opinião.   Não quero saber.

- Não vou, mas não gosto.   Ele vem usa e vai embora.

- E depois?  Alguém perguntou se eu gosto assim?  Cambada de frustrados.

- E como fica a tua reputação?

- E quem está preocupada com isso?

- Sabes que na aldeia isso conta muito.

- Se eu estivesse preocupada tinha ido com ele, mas já que toda a aldeia  está preocupada, onde é que achas que devo deixar as minhas  contas para pagar?

Se cada um dos preocupados pagar uma conta, isso sim, é motivo de falação.

Quanto devo Céu?  Ou achas melhor deixar para alguém pagar?

- É assim mesmo, Juliette.  Manda todos se f@derem e não ligues.

- E ele é um belo pedaço, diz-me Céu ao ouvido.

- E é todo meu, respondi com um sorriso enquanto ia saindo para regressar a casa perante o olhar de Guilherme que não ousou dizer mais  nada.

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