14 de Dezembro - 4 anos depois.
Hoje, finalmente teremos a nossa verdadeira festa de casamento.
Podíamos ter feito de Verão que além de estar cá mais gente na aldeia, também está mais calor, mas eu quis que acontecesse exactamente no dia do nosso casamento civil.
Vamos casar ali no Santuário de Balsemão, a cerca de 2 kms daqui. Lugar lindo e como somos poucos, o copo de àgua vai ser servido igualmente lá.
Quem está mais animada é a nossa primogénita, Maria Clara. Desde que soube que vai levar as alianças não pára quieta. Vai completar 3 anos de muita traquinice.
As suas brincadeiras preferidas são andar atrás da mãe na quinta. Sempre coberta de terra, é preciso muita paciência para quando lhe vamos dar banho.
Assim que Juliette faz o rego para a àgua passar, ela descalça-se logo e entra lá dentro.
Um destes dias segurou um pintinho com apenas alguns dias de vida e cismou dar-lhe banho. Ninguém se apercebeu e quando a encontrámos o pinto já estava sem vida. Ela chorava e deitava-lhe àgua na cabeça.
Julgamos que ele tenha morrido por asfixia pois ela seguráva-o pelo pescoço. Tivemos que o levar dali e regressar com outro para ela ver que estava vivo. Só aí é que parou de chorar e coitado do pinto, tivemos que o enterrar.
O caçula, João Pedro acabou de completar 1 ano. Não dá o mesmo trabalho da irmã e geralmente está com a avó e avô.
Muito mais calmo que a irmã, creio que não vai dar nem metade do trabalho dela.
Enquanto eu me arrumava para ir para a igreja, Maria Clara era arrumada pela avó, assim como João Pedro.
Rodolffo arrumava-se na casa dos pais, mas seguiremos juntos para a igreja. Era só a surpresa do vestido uma vez que já vivíamos maritalmente há anos.
Cá fora uma carroça puxada por um cavalo de cor cinzenta estava perfeitamente adornada com flores brancas, iguais às que decoravam a igreja.
O meu buquê era igualmente branco e seria depois depositado na campa dos meus pais.
Maria Clara levaria também um pequenino buquê que no final seria para atirar às moças solteiras.
Quase todos os habitantes da aldeia estiveram presentes. Os poucos que faltaram, por terem mobilidade reduzida ficaram em casa, mas foram agraciados igualmente com uma refeição e doces da festa. Um carro e um funcionário da junta encarregaram-se das entregas.
Rodolffo dava consultas na aldeia a par com o trabalho na clinica. Segundas de manhã e quintas de tarde, ele estava disponível para quem necessitasse.
Foi-lhe disponibilizada uma sala no edifício da Junta de Freguesia.
Maria Clara entrou na igreja e eu logo a seguir com Rodolffo. Olhávamos um para o outro com o mesmo olhar da primeira vez. Os olhos dele estavam marejados.
A cerimónia não foi muito longa, mas o padre fez um belo sermão onde lançou algumas indirectas a quem no início me julgava.
Seguiu-se a sessão de fotos e por fim o repasto no enorme restaurante do convento, lindamente devorado para o efeito.