- Tu é que tratas da quinta? A minha mãe disse que estudaste Agronomia.
- Sim. Os meus pais dão alguma ajuda, mas a saúde não deixa. Também tenho alguns amigos para certos trabalhos.
- E nunca pensaste ir para a cidade?
- Enfiar-me num escritório? Não. Prefiro andar com as mãos sujas de terra.
- É raro hoje em dia um jovem querer isso e ainda mais mulher.
- Pois é, e tenho pena. A nossa terra precisa tanto de gente nova. Não nasce uma criança por aqui já faz tempo. Dizem até que a escola corre o risco de fechar. Ainda não fechou porque agora recebe alunos das aldeias vizinhas. Vai um autocarro buscar e levar.
- É verdade. Os da nossa geração partiram quase todos. Vale o mês de Agosto para matar saudades.
- É isso. Hás-de ver como a nossa aldeia está composta de gente. A semana passada chegaram muitos emigrantes.
- Já não conheço ninguém. Tenho uma vaga ideia deles em criança, mas se os vir não os conheço.
- Eu mostro-te tudo. Olha, vamos ali à Avenida ao café que agora devem estar lá muitos.
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Entrei em casa para avisar a minha mãe que íamos ao café.
Troquei rápidamente de roupa, escovei o cabelo, coloquei um brilhosinho nos lábios e saí.
O percurso era perto e bom caminho pelo que fomos a pé.
Pelo caminho ia explicando quem era quem e quem vivia ali.
- Boa tarde, Juliette. Hoje vens bem acompanhada, disse Céu, a dona do café que não perdia uma oportunidade de me provocar.
- Este é o doutor Rodolffo, filho dos meus vizinhos.
- O filho da Camila? Como está doutor?
- Doutor nada. Aqui sou o Rodolffo apenas. Muito gosto em conhecê-la.
- Acho que ainda somos primos afastados. Pelos nossos avós julgo eu.
- É bem possível.
- Dois cafés, Céu. Rodolffo queres algo mais?
- Só café.
A cada um que ia chegando eu apresentava e explicava quem era Rodolffo. A mesa que era de dois passou a quatro, seis e por aí adiante. Às tantas já outras mesas foram juntas e éramos uma roda de mais de vinte.
Cafés, whiskys, aguardentes cervejas e outras bebidas rodavam no grupo. Eu não bebo e fiquei na àgua. Rodolffo olhava para mim a cada bebida que colocavam na sua frente.
- Vão com calma que o doutor não está habituado ao álcool.
- Tem que se habituar.
- Só não costumo fazer misturas. Vou ficar só na cerveja.
- Ó Céu, traz outra rodada de imperiais, gritou um deles.
Depois de mais duas rodadas Rodolffo olhou para Juliette como que a pedir socorro.
- Bem, pessoal! Eu e o Rodolffo temos que ir embora porque combinámos ir passear os velhotes.
- Mas ainda é cedo.
- Amanhã também é dia. Têem o mês todo para se encontrarem. Tchau.
- Obrigado malta. Vemo-nos por aí. Vou ali pagar a conta.
- Vai e nunca mais ouves uma fala nossa. A conta está paga, essa agora!
Rodolffo e Juliette despediram-se e caminharam de regresso a casa.
- Graças a Deus que percebeste o meu olhar. Não quero ficar bêbado logo no primeiro dia. Mesmo assim já estou mais pra lá do que pra cá.