Capítulo 17

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Eram 16 horas quando Rodolffo telefonou.

- Correu bem, a viagem?  E o Guilherme,  foi?

- Sim.  Ele foi.  Correu tudo bem.  A minha mãe está na mesma.

- Vou embarcar daqui a pouco.  Ligo-te à chegada.  Fica bem, amor.   Um beijo.

E todas as noites Rodolffo fazia questão de ligar.  Às vezes também de dia, dependendo do plantão.

Já tinha uma semana que ele tinha ido embora e hoje veio até aqui a Marta.

- Juliette!  Eu queria falar com Rodolffo,  mas ele não me deu o número dele.  Podias dar-mo tu?

- Se o meu namorado não te deu, não sou eu que vou dar.

- Namorado?  Que novidade!  A mim ele disse-me que era solteiro.

- E é.  Eu sou a namorada, não a esposa.  E o que queres dele?

- Combinar com ele, porque no próximo mês tenho uma viagem programada e passo pela terra dele.

- Infelizmente não posso fazer nada.  Vais ter que te desenrascar de outro modo.

- Não custava nada!

- Não tenho por hábito facultar números de telefone de terceiros para ninguém.  Se ele me autorizar eu posso dar.

- Fala com ele.  Eu ainda fico cá mais uma semana.

Os dias foram passando.  A minha mãe não tinha melhoras e o meu pai definhava de dia para dia.

Queria a toda a força ir vê-la e eu acabei por lhe revelar o verdadeiro estado de saúde dela.

Ele pediu mais uma vez.  Queria despedir-se porque sentia que a separação definitiva estava para breve.

Estávamos nos finais de Outubro.  Ontem levei meu pai mais uma vez ao hospital ver a minha mãe.   Mais uma vez ele veio de lá abatido e sem querer conversar.

Não quis jantar.  Já era hábito.  Eu depois dáva-lhe o leite com a medicação e ele assim ficava até o café da manhã.

Saí de casa cedo para dar de comer aos poucos animais que tinha.  Por volta das 10 horas da manhã regressei para tomar café com o meu pai.  Passei na quarto dele e chamei-o.
Voltei à cozinha e como ele não aparecia,  fui buscá-lo.

- Levanta pai!  Olha as horas.

Como ele não se moveu, fui até junto dele só para confirmar que ele tinha partido.   Morreu  durante o sono.

Olhei para o seu rosto e parecia-me sereno.

Fui até casa da vizinha e contei pedindo ajuda.
Logo se juntaram alguns vizinhos na frente da minha casa.

Eu estava desolada e assim que soube logo veio Guilherme que tratou do contacto da agência funerária.

Com a agência veio também o médico e ao principio da tarde já tinham levado o corpo dele para ser preparado para o velório.

Sentia o mundo desabar aos meus pés, mas se tudo estava mau, haveria de piorar.

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