Capítulo 15

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Cheguei em casa.   Meu pai estava deitado no sofá.   Contei que a mãe tinha sofrido um enfarte, mas não contei a gravidade do mesmo.

- Deus me leve primeiro que ela.  Eu não quero ficar cá sem ela.

- Não digas isso, pai.  A mãe vai curar-se, vais ver.

Eu dizia isto para animar o meu pai, mas no meu íntimo eu tinha a sensação que ela logo partiria.

- Tu comes-te, pai?

- Almocei na casa da vizinha.  Não tenho fome, acho que me vou deitar.

- Mas são cinco horas da tarde.  Vou fazer um chá e uma torrada para comeres e depois deitas-te.

- Ainda é cedo para tomares os remédios do jantar.  Depois eu acordo-te e tomas.

Quando Rodolffo entrou em casa depois de deixar Juliette, contou aos pais a situação de Rosarinho e saiu.

Foi até ao café, perguntou por Guilherme e disseram-lhe que devia estar em casa.

- Boa tarde Guilherme.   Desculpa incomodar-te.  Queria pedir-te um favor.

- Diz.  O que eu puder eu faço.

Contei-lhe a situação da mãe de Juliette.

- Queria pedir-te se amanhã ias com ela para trazer o carro.  Ela não está bem e a conduzir sozinha pode ter algum acidente.

- Já vais amanhã para o Luxemburgo?

- Vou.  Logo agora, acontece isto.

- Sabes a que horas ela vai?

- Ela disse que ia no autocarro das 11 horas.

- Está bem.  Eu vou ter à Avenida e espero por ela.

- Olha, que não te pareça mal, vou deixar-te algum dinheiro para as despesas.

- Parece-me mal sim.  Não é preciso.  Graças a Deus, não sou rico mas vivo desafogado.

- Obrigado Guilherme.   Até um dia.  Trata bem da minha namorada.

- Eu sabia.  Faz boa viagem até ao Luxemburgo.

Despediram-se com um abraço e Rodolffo voltou para casa.

Juliette estava sentada no alpendre, ouviu o portão dele e foi espreitar.

Ele disse que ia a casa e já ia ter com ela.

- Mãe, tens tudo pronto?  Podemos por já as malas no carro?

- Podemos sim.  Está tudo arrumado.

Depois de ter  carregado o carro e verificar se não ficava nada para trás disse que ia ficar  com Juliette.

- Não jantas?

- Não tenho fome.

- Leva o jantar e come lá com ela e com o pai.  Ele não comeu quase nada ao almoço.

Rodolffo chegou e colocou o jantar em cima da bancada da cozinha.

- O teu pai já jantou?

- Deitou-se cedo.  Daqui a pouco vou acordá-lo para lhe dar a medicação.

- Então vamos jantar os dois.

- Eu não tenho fome.

- Eu não jantei para jantar contigo.  Anda lá.

Depois de terminarem Juliette aqueceu um copo de leite e foi dar a medicação ao pai.

- Bebe o leite todo.  Ajuda-te a dormir.

Juliette regressou à cozinha e Rodolffo já tinha lavado os pratos.  Fizeram café e foram para o alpendre.

- Não estejas triste.  A tua mãe vai sair desta.

- Tu ouviste o médico falar.

- Mas temos que ter fé e esperança.

- Fica comigo esta noite.

- O teu pai?

- Ele não acorda.   O comprimido que toma fá-lo dormir toda a noite.

- Eu tinha planeado um dia diferente para nós,  mas é o que é.

- Estraguei tudo, não foi?  Querias fazer o quê?

- Queria pedir-te para seres minha namorada, mas de maneira diferente.   Ainda quero, mas eu percebo que não tenhas espírito para isso.

- Queres ser namorado à distância?

- Quero.  Não é fácil, mas eu quero, e tu?

- É o que mais quero.

Rodolffo tirou do bolso duas alianças  que tinha ido comprar no início da semana e colocou no dedo dela e depois ela no dele.

De seguida deram um beijo e ela levou-o pela mão até ao seu quarto.

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