Capítulo 5

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À hora combinada chegaram os três para almoçar.  Álvaro ainda não tinha visto os vizinhos.

Abílio e Álvaro deram um abraço de amigos que não se viam há anos.  Rodolffo cumprimentou Abílio com um aperto de mão.

- Juliette!  Sai da cozinha rapariga. Anda cumprimentar os vizinhos.

Juliette lá apareceu na sala, limpando as mãos ao avental que trazia vestido.  Os olhos dela logo se fixaram em Rodolffo, mas desviou-os no mesmo instante.

- Carai! Que bela rapariga te tornaste, diz Camila.   Nem pareces aquela miúda que deixámos cá.

- Os anos passam, tia Camila.  Como está?

- Estou bem.  Olha o meu Rodolffo.   Também ficou um belo homem.

- Prazer, disse Rodolffo já adiantando-se e dando-lhe três beijos.  Sim, lá pela estranja o costume são três beijos.   Como ele não é safado nem nada puxou o rabo de cavalo dela, levemente, recordando a infância. 
O bom é que ela não tinha nada nas mãos para lhe atirar, ou talvez nem se recordasse disso.

- Mãe,  o almoço está pronto.  Vão para a mesa que eu já trago a panela.

- Hoje temos arroz de cabidela, mas para quem não gostar, também temos um lombo no forno  com rocos.

- Rocos, nesta altura do ano?

- Sim.  Só que são congelados.   Este ano houve muitos.  Ah, desculpa Rodolffo.  Não deves saber o que são rocos, vocês chamam champignons não é?

- Cogumelos?

- Sim.  Várias espécies que apanhamos por aí nos pinhais.

- Não me lembro de ter comido desses.  Mas dos que se vendem no mercado eu gosto.

- Destes também vais gostar.   Olhem, eu não tenho peneiras, por isso vai a panela para a mesa.  Cada um que se desenrasque.

- É assim que nós gostamos.  Lá em casa é igual.

O almoço foi muito elogiado.  Rodolffo repetiu o arroz, mas foi com os cogumelos que ele realmente se deliciou.

- Se eu morrer por serem venenosos,  morrerei satisfeito.

- Aqui não há nada venenoso.  Não há um habitante da aldeia que não saiba distingui-los, e olha que eles são muito parecidos.

Terminado o almoço, Rodolffo estava já um pouco alegre, porque o sr. Abílio não parou de lhe encher o copo com vinho, tia Rosarinho levantou-se para lavar a loiça.

- Eu ajudo-te.  Juliette vai mostrar a quinta ao Rodolffo que ele precisa de apanhar ar.  Não está habituado a beber.

- Pois olha!  E ele bebeu o quê?  Dois copos de vinho não deitam um homem abaixo,  disse Abílio.

- A si que está habituado.  Eu já estou aqui com os calores.  Devo estar corado que nem um tomate.

Juliette sorriu ao ouvi-lo falar e puxou-o para fora.

Abílio e Álvaro sentaram-se a conversar no alpendre e as duas senhoras foram tratar de arrumar a cozinha.



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