Agora com os pais de Rodolffo eu sentia-me mais acompanhada.
O pai era bastante reservado, mas com a mãe tinha longas conversas.
Por vezes convidavam-me para almoçar com eles ou mesmo para jantar.
Rodolffo ligava aos pais todos os dias e comigo normalmente conversávamos à noite quando ele estava em casa ou no intervalo de algum plantão.
Amanhã era meu aniversário. 3 de Dezembro. Eu não queria festa. O único presente que eu gostaria era tê-lo aqui comigo.
Disse-lhe isso mesmo ainda agora quando ele ligou.
- Eu também queria. Talvez possa estar aí no Natal.
- Oh. Ainda falta tanto tempo!
- O tempo passa depressa.
- Ainda não tiveste resposta sobre o emprego?
- Não. Está tudo igual.
- Com tanta falta de médicos por aqui, pensei que fossem logo aceitar o teu pedido.
- Não é como desejamos.
Amanhã eu ligo. Um beijo grande, amor. Amo-te.- Dorme bem. Amo-te muito também. Beijos.
Amanheceu.
Juliette acordou cedo. Não conseguiu dormir muito bem. No dia do seu aniversário, a mãe sempre lhe levava o café na cama. Hoje ela não teria esse mimo.
Vestiu a roupa de trabalho e foi tratar dos animais. Apanhou duas alfaces e umas couves e foi levá-las à Camila.
- Parabéns, minha filha. Ontem o Rodolffo disse-me que fazias anos hoje.
- Obrigada. Tem aqui estas hortaliças. Quando precisar é só ir apanhar.
- Obrigada. Olha, hoje vou fazer um almocinho melhorado para nós três. Apesar de tudo temos que celebrar mais um ano.
- Não se incomode. E só mais um dia.
- Não é só mais um dia. Vem almoçar connosco. Faço muito gosto.
Juliette regressou à quinta e ainda esteve por lá mais duas horas. Depois regressou a casa tomou um banho, passou um perfume e ondulou os cabelos.
Vestiu um conjunto calça, blusa de malha quente pois o dia acordou bem frio, e colocou o casacão por cima.Já eram 13 horas quando chegou para o almoço.
Camila já tinha posto a mesa e Juliette reparou no prato a mais. Pensou que eles tivessem convidado mais alguém e não fez perguntas.
Faz aí companhia ao Álvaro. Já trago o almoço. É só esperar pela outra pessoa.
Juliette começou uma conversa com o pai de Rodolffo. Habitualmente ele falava pouco. Era preciso puxar assunto e foi o que fez.
Já tinham passado uns bons 20 minutos quando a campainha toca.
- Juliette, podes abrir por favor?
- Juliette abriu a porta e teve a melhor visão da sua vida. Um enorme buquê de rosas vermelhas que cobria toda a entrada.
- O que é isto?
- Muitos parabéns, meu amor. Rosas para a mais linda flor.
- Rodolffo!!
Juliette não sabia se segurava nas rosas ou abraçava Rodolffo. Ele entrou e colocou o buquê no chão para a segurar no colo.
- Vieste? Porque não me disseste?
- Era surpresa. Gostaste?
- Amei. O melhor presente.
Beijou-a e depois foi cumprimentar os pais. Ela pegou no buquê e cheirou as rosas.
- A tua mãe sabia? Tia Camila! Por isso o quarto prato?
- Só não te podia dizer. Estragava a surpresa.
- Tenho outras surpresas.
A primeira e mais importante: Vim para ficar. A segunda: vou ao carro buscar o teu bolo de aniversário.- Vou ter bolo? É bom, mas nada se compara ao facto de ficares cá. Estou muito feliz por isso. Não podia ter melhor presente hoje.
Eu fui com ele e aproveitei para o puxar para um cantinho e dar-lhe um beijo a sério porque na frente dos pais eu sinto vergonha.