Início de Agosto.
A aldeia tinha ganho vida. As ruas outrora desertas viviam agora cheias de jovens e crianças. Por todo o lado se ouvia uma mistura de português e francês. Os mais pequenos falavam francês e muitos não percebiam os avós.
Os pais por força do hábito misturavam as duas línguas e tornava-se uma coisa estranha.Cheguei da cidade. Tinha ido com a minha mãe comprar alguns bens para a festa, que o dia pede uma comida melhorada.
Aproveitei para passar na farmácia pois os meus pais já não passam sem fármacos.Ao chegar a casa vejo um carro estacionado em frente à porta da Ti Camila As janelas já tinham as persianas abertas.
- Olha, mãe! Os vizinhos já chegaram.
- Devem ter chegado agora de manhã. Quando saímos não estava cá o carro.
- Juliette, o que achas de lhes dizer para virem almoçar connosco. Por certo não devem nem ter gás para o fogão e aqui não há restaurantes.
- Vai lá mãe. Eu levo as coisas para dentro e ponho a panela no fogão.
- Toc toc, toc.
- Entre quem vier por bem.
- Camila!
- Mãe, está aqui uma senhora.
- Uma senhora! Já não me conheces, meu lafrau? Olha que me lembro bem de ti e das patifarias que fazias à minha filha. Dá cá um beijo.
- Como está, tia Rosarinho?
- Estás um belo homem, sim senhor.
- Rosarinho! Há quantos anos mulher! Como estás? O Ti Abílio?
- Oh! Cá vamos andando. O Alvaro?
- Está ali deitado a descansar um pouco. As viagens para ele são cansativas.
- Para mim também. Olha vou ali a Macedo que nem é longe e já venho de lá derreada.
- É a idade. Já não prestamos pra nada. Isto está bom e para o teu filho e outros como ele.
Vens por muito tempo?- O mês todo. No princípio de Setembro vamos embora outra vez.
- E quando voltas de vez?
- Isso queria eu, mas o Rodolffo tem lá o trabalho dele.
- E ele que faz lá?
- É médico.
- Ah! Pois bem falta fazia cá um. Se ficamos doentes não temos ninguém que nos acuda. Os novos ainda têem carro agora os velhos têem que alugar um táxi para os levar ao hospital ou esperar a caridade de alguém, mas eu não vim cá queixar-me das doenças. Vim cá para vos dizer que estamos a contar com vocês para o almoço.
- Não é preciso, tia Rosarinho. Eu levo os meus pais a almoçar ali ao restaurante de Peredo.
- Nem penses. Vais lá a casa que a minha Juliette já o está a fazer. Já sabes que não é comida de rico, mas não é para me gabar, a minha Ju cozinha muito bem.
- Se sair a ti, deve cozinhar. Ainda me lembro quando nos chamavam às duas para fazer os almoços das festas.
- É verdade. Deixa-me ir que tenho que ajudar a garota. Apareçam lá às 13 horas que já deve estar pronto.
- Vamos sim. Obrigada.