Capítulo 22

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Os dias de Outono e Inverno por aqui são praticamente todos iguais.   Os dias frios e ventosas salvam-se apenas pela recolha de castanhas, nozes, cogumelos e lenha.

Quando estas terminarem os trabalhos no campo também se tornam menos penosos.  E necessário cuidar das hortas e dos animais que cada um tem.  As tardes são passadas à lareira ou tomando algum sol quando ele resolve dar a cara.

18 de Novembro

Acordei cedo com o barulho de um camião a estacionar perto de casa.  Espreitei pela janela e vi que era camião de mudanças.

Fiz a minha higiene e resolvi ir ver quem estava de mudança.

Logo vi a mãe e o pai de Rodolffo.   Acabaram de chegar do Luxemburgo e traziam alguns pertences da casa deles.

Abracei-os contente por finalmente ter alguém com quem possa conversar.

- Como estás, filha?  Desculpa não termos vindo para o funeral dos teus pais.  Que tragédia.

- Estou bem tia Camila.  Como está o Rodolffo?

- Está muito ansioso por vir embora.  Finalmente eu posso regressar à minha terra.  Se não fosse por ti, ele nunca viria.

- Ele já sabe quando vem?

- Ainda não.   Mas logo ele chega.  Quem diria, tu e o meu Rodolffo.  Obrigada por tudo.  Ele está muito feliz.

- Eu também.   E com muita saudade.
Vieram directamente?

- Sim.  Vinham dois motoristas e por isso fizemos o percurso sem muitas paragens.  Apenas para comer.

- Enquanto se acomodam vou preparar o café.  Diga aos motoristas que venham também.

- Está bem, filha.  Eu vou dizer.

Começaram a descarregar o camião e eu fui fazer o café.  Felizmente tinha comprado um folar na véspera e também um pão-de-ló.  Fervi o leite, fiz sumo de laranja e bastantes torradas.
Completei a mesa com queijo, presunto, marmelada e compotas e fui chamá-los.

- Estavas à nossa espera?  Ena! Tanta coisa.

- Eu sabia que vocês vinham por estes dias, mas o dia certo não.

Depois de todos saciados, fomos terminar de descarregar e recolher todos os pertences.

- Onde vão meter tanta coisa?  Têem a casa cheia.

- Não podíamos deixar lá tudo.  Ficou só o essencial para o Rodolffo passar um tempo.  Depois ele doa a alguém que precise.

- Lá a casa era alugada?

- Sim.  A mesma desde que fomos daqui.  Sei que ainda vou sentir saudades de lá.

- Depois vão lá a passeio, matar saudades.

- É.  Mas eu estou feliz por regressar.  Sempre foi o nosso sonho e só estávamos lá pelo Rodolffo.

- Depois apareci eu para estragar tudo.

- Apareceste e em boa hora nós viemos passar aquelas férias.  Nunca pensei que o meu Rodolffo se afeiçoasse tão depressa.  Sabes que eu nunca lhe conheci nenhuma namorada?

- Verdade?

- Tão verdade como eu estar aqui.  Eu sabia de algumas, mas nunca as levou lá a casa.

- Aqui encontrou-me praticamente dentro de casa.

- Mas se não gostasse de ti, logo desligava.  Ele não sabe fingir.

Enquanto os homens terminavam de descarregar os objectos mais pesados, nós ficámos ali de lado a por a conversa em dia.

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