Os dias de Outono e Inverno por aqui são praticamente todos iguais. Os dias frios e ventosas salvam-se apenas pela recolha de castanhas, nozes, cogumelos e lenha.
Quando estas terminarem os trabalhos no campo também se tornam menos penosos. E necessário cuidar das hortas e dos animais que cada um tem. As tardes são passadas à lareira ou tomando algum sol quando ele resolve dar a cara.
18 de Novembro
Acordei cedo com o barulho de um camião a estacionar perto de casa. Espreitei pela janela e vi que era camião de mudanças.
Fiz a minha higiene e resolvi ir ver quem estava de mudança.
Logo vi a mãe e o pai de Rodolffo. Acabaram de chegar do Luxemburgo e traziam alguns pertences da casa deles.
Abracei-os contente por finalmente ter alguém com quem possa conversar.
- Como estás, filha? Desculpa não termos vindo para o funeral dos teus pais. Que tragédia.
- Estou bem tia Camila. Como está o Rodolffo?
- Está muito ansioso por vir embora. Finalmente eu posso regressar à minha terra. Se não fosse por ti, ele nunca viria.
- Ele já sabe quando vem?
- Ainda não. Mas logo ele chega. Quem diria, tu e o meu Rodolffo. Obrigada por tudo. Ele está muito feliz.
- Eu também. E com muita saudade.
Vieram directamente?- Sim. Vinham dois motoristas e por isso fizemos o percurso sem muitas paragens. Apenas para comer.
- Enquanto se acomodam vou preparar o café. Diga aos motoristas que venham também.
- Está bem, filha. Eu vou dizer.
Começaram a descarregar o camião e eu fui fazer o café. Felizmente tinha comprado um folar na véspera e também um pão-de-ló. Fervi o leite, fiz sumo de laranja e bastantes torradas.
Completei a mesa com queijo, presunto, marmelada e compotas e fui chamá-los.- Estavas à nossa espera? Ena! Tanta coisa.
- Eu sabia que vocês vinham por estes dias, mas o dia certo não.
Depois de todos saciados, fomos terminar de descarregar e recolher todos os pertences.
- Onde vão meter tanta coisa? Têem a casa cheia.
- Não podíamos deixar lá tudo. Ficou só o essencial para o Rodolffo passar um tempo. Depois ele doa a alguém que precise.
- Lá a casa era alugada?
- Sim. A mesma desde que fomos daqui. Sei que ainda vou sentir saudades de lá.
- Depois vão lá a passeio, matar saudades.
- É. Mas eu estou feliz por regressar. Sempre foi o nosso sonho e só estávamos lá pelo Rodolffo.
- Depois apareci eu para estragar tudo.
- Apareceste e em boa hora nós viemos passar aquelas férias. Nunca pensei que o meu Rodolffo se afeiçoasse tão depressa. Sabes que eu nunca lhe conheci nenhuma namorada?
- Verdade?
- Tão verdade como eu estar aqui. Eu sabia de algumas, mas nunca as levou lá a casa.
- Aqui encontrou-me praticamente dentro de casa.
- Mas se não gostasse de ti, logo desligava. Ele não sabe fingir.
Enquanto os homens terminavam de descarregar os objectos mais pesados, nós ficámos ali de lado a por a conversa em dia.