CAPÍTULO 31

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Magali

Magali: Eu conheci o Cascão assim que eu e as meninas nos mudamos para a escola

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Magali: Eu conheci o Cascão assim que eu e as meninas nos mudamos para a escola. Éramos todas vizinhas e por isso íamos juntas. Cascão era o popular, ele era lindo, o cabelo dele tinha um corte meio moicano, ele já usava brinco quando nos conhecemos e já era muito cobiçado na escola. Eu me encantei por ele. Nos aproximamos quando ele e os meninos defenderam a Mô do ex babaca dela e depois conversamos bastante. - dou um sorriso nostálgico e olho para Ana que apenas presta atenção nas minhas palavras. - ficamos em uma festa e foi como se eu tivesse em um campo de algodão. Depois começamos a namorar, eu achei que ia durar mas não... combinamos de nos encontrar em uma praça, pelo horário que marcamos não teria mais ninguém, eu cheguei na praça e me sentei em um banco pra esperar o Cascão. - volto a encarar o piso do banheiro. - foi quando eu ouvi uma conversa de três meninas. Elas estudavam comigo, no começo eu ia ignorar, mas uma delas falou que a pegada do Cascão é excelente, foi aí que eu entrei em alerta e me concentrei pra conseguir escutar a conversa. Ela disse que eles ficam faz tempo, que o Cascão me fazia de trouxa e que só estava comigo porque os pais dele me amavam. Aquilo me destruiu, Ana. Me quebrou de uma forma que... meu coração ainda está cicatrizando, mesmo depois de anos, mas aí ele... - não concluo a frase.

Aninha: Ele cantou Imagination. - ela termina por mim.

Já contei quase tudo mesmo, por que não contar a história por trás da nossa música?

Magali: Temos uma história com essa música. - volto a falar e soluço.

Aninha: Magali, não precisa...

Magali: Todos os dias, eu esperava as meninas em um ponto de ônibus, pegávamos o transporte e íamos juntas pra escola, pra chegar nesse ponto eu passava em frente a casa dele e sempre que eu passava, olhava discretamente a janela do quarto dele. Ele me olhava sorrindo, as vezes acenava, as vezes só balançava a cabeça e as vezes fazia os dois. Um dia, eu passei em frente a casa dele com meus fones, estava tocando imagination nos meus fones e quando olhei para a janela, ele estava lá, na mesma hora que o Shawn cantava "You walk on by my house"  foi daí que surgiu a nossa música.

Aninha: É uma história linda...

Magali: Morreu. - dou uma risada amarga. - depois do dia que eu descobri que era corna, eu jurei ódio do Marques. Jurei que nunca mais ninguém ia me destruir igual ele fez. Mas aqui estou eu, chorando por...

Aninha: Nem ouse concluir essa frase! - Ana me repreende. - eu não sei nem o que te dizer. Ah, não... eu sei, que três vagabundas! - ela diz e eu rio de leve. - é sério, primeiro, é muito ruim o fato de um cara trair a namorada ou esposa, mas o fato de alguém se rebaixar a amante é deplorável! Todos devem se dar o devido valor, devemos exigir o coração inteiro da pessoa, não migalhas de amor. - concordo. - e você... já pensou em conversar com o....

Magali: Não fala o nome dele, por favor.

Aninha: Já pensou em conversar com você sabe quem?

Magali: Não. Depois do ocorrido eu me recuso a olhar na cara dele sem ser pra esculachar.

Aninha: Notei. Magali, obrigada por confiar em mim pra contar isso. Te prometo que da minha boca não sai nada. - assinto e sorrio.

Magali: Você me passa confiança, Ana. - ela sorri, levanta e me estende a mão.

Aninha: Aninha é melhor. - Assinto sorrindo. - Ok, lave seu rosto e faça sua melhor expressão de dor. Vamos dizer que você estava com cólicas e que tivemos que ir ao seu quarto pegar remédio. - assinto, lavo o rosto e voltamos para a sala.

Foi bom desabafar com Aninha.

Senti um peso do tamanho do mundo sair das minhas costas.

Ainda me machuca falar do que houve com o Cascão, mas Aninha tinha razão. Desabafar faz bem.

...

A aula de canto acabou e eu saio com as meninas da sala.

Magali: Aí! - digo ao sentir um peso em meu pé. Olho pra cima e vejo o motivo do meu choro mais cedo.

Cascão Araújo.

Cascão: Desculpa - ele pede olhando em meus olhos. - não foi de propósito. Adoraria responder.

Mas estou travada.

Cebola: Bora, Araújo. - Cebola chama puxando o braço de Cascão o afastando.

Eles saem andando pelo corredor.

Maria: Magali, tá tudo bem? - continuo olhando as costas de Cascão que se afasta cada vez mais e dobra o corredor com os amigos. - Magá? - ela estala os dedos na minha frente.

Magali: Tô sim. Vamos? - Elas assentem, Mônica me abraça de lado e fomos andando até nossos quartos.

Eu não queria que Cascão me afetasse tanto depois de tantos anos, mas parece que depois do beijo, tudo que vivemos juntos veio a tona na minha cabeça.

Pra ele pode ter sido só um beijo cênico, mas pra mim, trouxe a tona tudo que sinto por ele.

Tudo de bom, que sinto por ele.

•••

RIVAIS, 𝐂𝐨𝐧𝐜𝐥𝐮𝐢́𝐝𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora