Querido Idol

Emília 11

Segunda é o dia mais fraco de unha então eu tiro esse dia para faxinar a casa, não está muito sujo então a faxina é rápida, estou terminando de limpar a porta de vidro da sacada quando a portaria liga dizendo que eu tenho uma encomenda lá, desço e é mais um buquê de flores, desta vez são rosas brancas.
Sorrio quando vejo o cartão do Hyun, que está escrito ‘do seu querido Idol’. Subo e mostro as flores para o meu pai que ri, procuro um vaso e coloco elas no meu estúdio de unhas, mal termino de colocar elas lá o interfone toca de novo, mais um buquê e dessa vez veio com o vaso.

E então a minha saga de sobe e desce começa, a cada meia hora chega um buquê já com o vaso para mim, os vizinhos percebem a movimentação e começam a se interessar o porteiro se acaba de rir porque eu nem subo direito já tenho que voltar até que eu me irrito e vou até o carro da floricultura do outro lado da rua, e o rapaz me diz que todos os arranjos que estão na van são para mim, são para entregar de meia em meia hora, eu mato o Hyun.
Falo para o moço que ele pode entregar tudo de uma vez porque eu não aguento mais subir e descer, ele aceita e o porteiro me ajuda a colocar todos os vasos dentro do elevador e papai me ajuda a tirar, minha casa está repleta de flores de todas as espécies os vizinhos se divertem.

- O que aquele coreano safado tem na cabeça miojo? – Papai pergunta olhando para as flores, que tomam todo o espaço da nossa sala.

- Eu vou mandar mensagem para ele e perguntar o porquê ele fez isso? – Digo e papai me olha.

- Sério? – Ele diz e eu o olho sem entender – Ele fez isso para desbancar as flores que o doutor Renan te deu ontem, olha para essa casa você vê as flores que o doutor Renan mandou? – Olho em volta e realmente eu não sei nem se elas ainda estão onde eu coloquei, porque só fui colocando os buquê na mesa para abrir espaço para os outros.

- Sabe o que é pior, é que ele nem visualiza as mensagens que eu mando – Digo e papai ri.

- Vocês estão namorando virtual? – Fico passada com a pergunta do meu pai.

- Claro que não, somos só amigos – Digo e papai concorda, vou para o meu estúdio e arrumo um jeito de colocar todas as flores lá só fica livre o meu espaço de trabalho, estou suada só de mexer com essas flores para lá e para cá.
Vou tomar um banho, assim que saio do banho meu celular começa a tocar é o Hyun agora ele vai esperar também, me trocou arrumo o meu cabelo e só depois de colocar a toalha no varal que volto e atendo a vídeo chamada dele.

- Oi princesa! – Ele me cumprimenta com cara de riso.

- Eu entendi que não gosta do doutor Renan, precisava mandar uma floricultura para a minha casa? – Pergunto e ele faz cara de inocente.

- Não gostou das flores? – Tenho vontade de gritar.

- É claro que eu gostei, são lindas mas não precisava ser tantas Hyun.

- Espero que as do médico estejam no lixo.

- Hyun – Falo e ele ri, é o sorriso mais lindo do mundo que me causa sentimentos que não deveria, eu fecho os meus olhos para reprimir as borboletas que tentam nascer no meu estômago.

- Emília? – Ele me chama e eu abro os meus olhos – Está com raiva? – Ele pergunta e eu nego, como eu poderia estar com raiva de receber flores.

- Eu estou fechando meus olhos, para esse sorriso sapeca não me fazer esquecer que estou te dando uma bronca – Digo e ele sorri mais ainda, tanto que os seus olhos quase se fecham, é possível amar alguém que só ver por vídeos? Me pergunto e ao mesmo tempo me repreendo isso não deve nunca passar pela minha mente.

Conversamos mais um pouco, porém logo ele desliga, afinal está em turnê e o tempo dele é pouco, olho para o mar de flores que ele me deu e sorrio então vejo as flores do doutor Renato entre elas e percebo que de todas as flores que Hyun mandou nenhuma delas é pêssego.
Pego as flores que o doutor me deu e as retiro dali, parece uma afronta ao Hyun e do nada eu me incomodo com elas então as jogo no lixo.