Dizer que eu estou irado com o que a minha filha me contou é eufemismo, como eu deveria me sentir diante de tal situação? Eu passei anos da minha vida entre consultas médicas, exames, internações, cirurgia e dores excruciantes para descobrir que, não passei de um brinquedo na mão de um doente ao qual deram um diploma e o cargo de médico.
Tive a minha vida destruída ao ponto de ficar de cadeira de rodas, porque meus ossos doem tanto que não consigo me sustentar em pé, e depois de mais de dez anos achando que estava em fase terminal, sou jogado contra a parede de concreto sem proteção descobrindo que tudo não passa de uma mentira, que fui feito de brinquedo por alguém que achava legal brincar de Deus da minha vida, e que se o Hyun não tivesse entrado em nossas vidas eu poderia realmente estar morto daqui uns dias ou meses.
Deus, bendita hora que esses dois começaram a se apaixonar e Hyun veio me visitar, se não fosse aquela visita, aquela briga nada disso teria sido exposto porque nem mesmo o médico que desconfiou do diagnóstico, levou isso a sério o suficiente para bater o pé e insistir em novos exames,
pensar que eu aconselhava a minha menina, a aceitar esse desgraçado mesmo que no fundo em silêncio preferia ele ao Hyun, graças a Deus o coreano é insistente ou a minha filha poderia estar em um relacionamento com um louco assassino e eu na cova.Emília e eu choramos abraçados esse desgraçado nos tirou tudo, a chance de uma vida boa e calma, a chance da minha filha ser alguém na vida com estudo e carreira e por fim nos tirou a nossa casa nem podemos pensar em voltar a morar lá, com ele solto e desesperado, vai saber o que pode fazer, principalmente depois de vermos sua capacidade.
Emília me pede para que eu não pense nisso hoje, para que eu durma e curta o dia de amanhã que iremos no show dos meninos, e então a partir daí iremos sentar e traçar um plano.
- Não temos que traçar plano, vamos arrumar o apartamento com o dinheiro que tenho guardado e colocar ele à venda e então comprar em outro lugar, isso ficará na sua responsabilidade já que eu preciso me internar o mais rápido possível para me livrar o quanto antes desse vício – Digo, ela vai falar alguma coisa quando alguém bate na porta, ela abre é Hyun e os meninos do Fênix.
- Má hora? – Hyun pergunta e eu vou até a porta que divide o quarto e uma pequena sala.
- Sua chegada jamais será uma má hora garoto, entrem – Digo e eles entram sorrindo cumprimento todos, mas com Hyun é diferente eu o abraço e ele entende que preciso disso.
- Obrigado por chegar em nossas vidas, a tempo de me salvar – Digo e ele me olha confuso.
- Não entendi, senhor – Sorrio para ele.
- Não precisa entender, só preciso que saiba disso – Ele concorda e olha para Emília que sorri para ele.
Jantamos todos juntos, Emília e Hyun traduzem tudo o que os meninos falam, ao contrário do meu genro, eles não estão aprendendo português, assistimos um filme de comédia antigo e rimos muito, empurro os meus problemas de lado e curto o momento, assim que o filme acaba todos vão para os seus quartos afinal amanhã é o grande dia e não vou mentir que estou ansioso para isso.
- Vem comigo, a cuidadora está ai – Hyun fala com a minha filha, que abre a boca para argumentar e eu a corto.
- Vai dormir com o seu namorado eu tenho a cuidadora, para de perder tempo já tiraram muito da gente com essa doença que não existe vai ser feliz – Começo a empurrar ela para a porta e Hyun ri, me despeço dos dois e olho para a filha da Magda, que é minha cuidadora da noite e sorrio – Preciso de um banho – Digo e ela concorda e me ajuda – Pode me deixar sozinho por cinco minutos? – Peço e ela me olha em dúvida porém concorda.
- Cinco minutos e a porta ficará aberta – Concordo e quando ela sai eu choro em silêncio, enquanto a água do chuveiro lava a minha dor.
Penso no momento que recebi o diagnóstico, foi como se o meu mundo tivesse parado, penso em como organizei tudo para que a Emília tivesse que fazer o menos possível quando eu morresse, choro porque nunca me viciei nem em coca cola e hoje sou dependente químico, viciado em remédios tarja preta e nem fui eu que procurei isso para mim, no quanto mais de sofrimento isso irá causar em mim e na minha filha para que eu saia do fundo do poço no qual fui atirado.
É bom que eu seja pobre e não tenha um centavo que não seja contado porque, nesse momento eu iria encomendar a morte desse desgraçado, desse doutor Renan. Tremo, choro de ódio e desespero pelo o que fizeram com a minha vida, com a vida da minha filha, no que o ser humano se tornou?
A cuidadora entra e não fala nada, ela me dá o sabonete e o shampoo e eu me lavo em silêncio, ela me ajuda a sair da minha cadeira de banho para a cadeira normal e então me ajuda a me secar e me vestir.- Senhor os seus remédios – Ela me estende o copinho com os remédios que eu costumo tomar todas as noites e um copo de água.
- Eu não preciso disso – Digo me recusando a tomar.
- Eu sei que não é fácil e que eu não posso nem mensurar o que sente, porém sei que quer sair dessa e para se livrar do vício o primeiro passo é entender como isso funciona, e saber escutar quem vai cuidar e te ajudar nessa hora, já trabalhei em clínicas para dependentes e o primeiro passo é não retirar os remédios assim de uma hora para outra ou a chance de recaída é bem maior – Olho para ela com os olhos cheios de lágrimas, pego os remédios e o tomo enquanto as lágrimas banham o meu rosto – O senhor é forte e vai se livrar disso, não se culpe nem por um segundo pense na sua filha, ela precisa do senhor e o senhor precisa viver e mostrar para esse desgraçado que ele não te quebrou, precisa estar vivo e bem o suficiente para depor contra no tribunal para vê-lo apodrecer na cadeia, contar para outros que assim como vocês foram brinquedos nas mãos dele, como é dar a volta por cima e quem sabe expor a sua história para o mundo porque assim nem todo o dinheiro do mundo vai livrar o desgraçado da prisão – Olho para ela e entendo o que ela quer dizer, se não for escancarado para o mundo a minha história ele jamais irá para a cadeia, não com a justiça do Brasil e muito menos vindo da família que ele veio.
- Eu vou me curar e vou expor esse desgraçado para o mundo, ele não vai ficar em pune no que depender de mim ele apodrece na prisão e não sai nunca mais.
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Querido Idol
RomanceEmília é uma mulher simples e humilde que dês dos seus dezessete anos se dedica a cuidar do seu pai que tem câncer nos ossos, sua mãe a abandonou com seu pai quando ela tinha oito anos de idade e nunca mais voltou ou procurou saber dela, Emília não...