MatthewA festa continuou na acolhedora casa de Mathias, imersa em uma atmosfera de calor e animação. O som contagiante de risadas e conversas animadas preenchia cada canto, acompanhado pela trilha sonora de músicas animadas que fluía suavemente ao fundo, criando um ambiente alegre e descontraído.
No entanto, à medida que as horas avançavam e o relógio se aproximava das dez da noite, Matthew decidiu que era hora de voltar para casa. Na verdade, ele foi praticamente empurrado porta afora pelo seu irmão, que parecia extremamente empolgado em fazer seu gêmeo receber o presente anual. Eles não moravam longe um do outro, apenas a alguns minutos de carro, esse foi um dos principais pontos quando eles estavam comprando seus respectivos imóveis, passaram alguns anos da adolescência separados e agora queriam sempre estar o mais perto possível. Matthew sabia que um breve passeio de quinze minutos era tudo o que precisava para chegar ao seu destino, mas isso não impediu seu irmão de lhe expulsar as nove e meia.
Matthew não poderia negar que estava levemente assustado com o presente; o sorriso que Mathias e Brian trocavam só o deixava ainda mais apreensivo. Definitivamente, eles tinham tramado alguma coisa diferente esse ano. Nada parecia aproximar mais seu irmão e melhor amigo do que a ideia de lhe zoar.
Exatamente às 22:00, a campainha tocou, e Matthew se perguntou se o presente era um relógio britânico pela pontualidade, o que seria uma ótima piada, já que o moreno estava constantemente atrasado.
— Sr. Prescott? — O homem perguntou ao abrir a porta. Ele estava acompanhado de mais um entregador, ambos jovens e fortes, e ao seu lado uma enorme caixa de quase meio metro.
O que Mathias tinha aprontado dessa vez?
— Ele mesmo.
— Preciso que assine aqui. — O entregador apontou para uma linha em seu papel, cujo título não passou despercebido por Matthew: "Circe Club" brilhava no topo da página. Após assinar, os dois homens deixaram a gigante caixa no meio da sala com certa dificuldade. Seja o que fosse, o presente era grande e pesado. Com isso feito, eles se retiraram.
Matthew nem percebeu que já estava sorrindo quando trancou a porta e se dirigiu ao pacote. Adorava esse humor que compartilhava com o irmão. E sabia que naquela caixa enorme poderia haver desde um tigre vivo até uma simples pedrinha.
— SURPRESA! - Um homem gritou assim que a tampa da caixa foi levantada, revelando-se ao sair da caixa. Matthew cambaleou alguns passos para trás com o coração no peito pelo susto.
Ok, o presente era um ataque cardíaco.
O homem levantou vestindo apenas um óculos escuro vermelho de coração e um laço em sua parte íntima por cima de uma tanguinha vermelha minúscula que não cobria metade do seu pênis, que seja lá por qual motivo, parecia estar ereto.
Matthew encarou seu presente em choque, metade pelo susto, metade pela incredibilidade. Seu irmão lhe deu um garoto de programa?
O "presente" ainda estava dentro da caixa dando voltinhas em uma dança de pulinhos enquanto cantava parabéns em uma voz excessivamente aguda.
— Cara, para com isso. — Matthew pediu entre uma risada constrangida. O homem, ainda quase complemente nu, parou com a dancinha e lhe encarou com um sorriso divertido e tão rápido quanto ele saiu da caixa, seu grande sorriso sumiu do seu rosto.
— Matthew? — Perguntou o presente, seu rosto exibindo uma expressão perplexa e horrorizada.
Matthew encarou o homem à sua frente, com o cabelo liso tingido de loiro platinado e a pele artificialmente bronzeada. Aquele homem o conhecia?
— Merda, você teria uma toalha? — O homem estava visivelmente constrangido, e não parecia ser pela dança ridícula ou a roupa íntima minuscula que vestia.
— Ah, sim, claro. — Matthew caminhou ao banheiro próximo e em poucos segundos entregou a primeira toalha que encontrou ao rapaz.
— Desculpe, eu não posso fazer isso. — O presente lhe explicou se enrolando na toalha e desviando o rosto para o chão ao sair de dentro da caixa. — A empresa vem me buscar em uma hora, mas se você não quiser que eu espere e puder me emprestar um telefone, eu ligo e eles vêm. Não se preocupe que vamos lhe reembolsar. — O homem jogou as palavras rapidamente com uma voz atropelada e bem mais séria que anteriormente.
— Desculpe, eu te conheço? — Matthew perguntou, recebendo uma risada sem vontade do rapaz.
— Não, claro que não. — O rapaz falou. — Poderia me emprestar seu telefone?
Matthew tirou o objeto do bolso da calça e entregou ao rapaz, que rapidamente começou a ligação. Aproveitou esse momento para analisar o desconhecido. Ele definitivamente reconheceu Matthew de algum lugar. O rapaz deveria estar na casa dos vinte anos, provavelmente mais novo que ele mesmo, mas velho suficiente para ele não estar com medo do irmão ter feito algo ilegal. Apesar do loiro ter um corpo menor, ele era claramente mais definido, com todos os gominhos da sua barriga à mostra em seu corpo bronzeado e cheio de glitter, que agora tinha a sua metade inferior coberta pela toalha.
— Você quer que eles mandem alguém hoje? — O rapaz perguntou a Matthew, sua atenção voltada ao telefone.
— Não, isso era só uma piada do meu irmão. — O loiro assentiu e continuou a falar no telefone por poucos segundos.
— Desculpe novamente. Eles estarão aqui em 10 minutos. — Falou ao lhe devolver o celular.
— Qual seu nome? — Matthew perguntou, e o presente pareceu hesitar um pouco antes de responder.
— Rider. — Matthew riu com a resposta; obviamente ele não lhe diria seu nome verdadeiro.
— Bom, "Rider", não precisa se preocupar com reembolso nem nada assim, era apenas uma brincadeira do meu irmão.
— Você quem sabe. — Rider respondeu dando de ombros, claramente desconfortável com a situação. Será que era a primeira vez dele fazendo algo assim? Se fosse, escolha ousada para sua estreia.
— Você pode sentar enquanto espera, sem problema. — Matthew sugeriu, numa tentativa de amenizar o desconforto do outro, enquanto forçava sua memória para tentar encontrar alguma lembrança daquele homem.
— Obrigado. — Rider agradeceu e sentou na beira da poltrona mais próxima, sua perna direita balançando freneticamente, em um sinal claro de ansiedade.
— Você não vai mesmo me dizer de onde eu te conheço? — Matthew perguntou, embora duvidasse que tivesse encontrado Rider em alguma boate, essa era sua melhor hipótese. Rider não era exatamente o seu tipo, mas onde mais eles poderiam ter se conhecido? Matthew tendia a preferir homens maiores, e Rider era um clássico twink: pequeno, magro e definido, claramente escolhido como parte da piada de Mathias.
— Você não me conhece. — Rider reafirmou, levantando os óculos escuros para a cabeça como uma tiara e massageando as têmporas, enquanto oferecia um sorriso educado. E quando seus olhares se encontraram, Matthew percebeu.
Puta merda.
Os olhos verdes com machinhas amareladas que se revelavam ao refletirem a luz.
Os olhos verdes gentis que se fecharam trêmulos quando deram o primeiro beijo.
Os olhos verdes cuja ultima lembrança eram tortuosos, vermelhos e transbordando lágrimas.
— Olie? — A voz de Matthew saiu quase como um sussurro. Mas os olhos verdes se arregalaram.
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Nosso primeiro amor.
RomanceSe alguém pedisse para que eu descrevesse minha vida, ela seria dividida entre antes e depois. Antes de nos separarem. Depois que eu te reencontrei. ❌ EM ANDAMENTO ⚠️ ARTE VISUAL DA CAPA NÃO AUTORAL ☢️ TEMAS SENSÍVEIS +18