Matthew, 14 anosMatthew entrou no quarto do irmão e fechou a porta, seu coração acelerado. Mathias estava deitado na cama lendo uma revista em quadrinhos e se assustou com a entrada abrupta do irmão. Tinham se passado algumas semanas desde o beijo com Oliver e Matthew estava à beira de explodir. Nunca tinha guardado um segredo por tanto tempo do seu irmão.
— Mathias, eu preciso te contar algo.
— O que aconteceu? — Mathias se ajeitou na cama, lançando-lhe um olhar preocupado.
— Lembra do que estávamos falando sobre beijar quem eu gosto... bom, aconteceu, eu beijei essa pessoa.
— Você beijou o Oliver?
— Do você está falando? — Os olhos de Matthew se arregalaram em choque.
— Matthew, a gente faz um caminho longo pelo corredor para acompanhar o Oliver até o armário dele. A gente o deixa na porta porque você não pode se despedir dele se ele não estiver dentro de casa. Poxa, seu rosto se ilumina toda manhã quando ele aparece aqui. E todas as vezes que eu te vi perdendo o controle foi por causa dele, Matthew. Porque alguma garota queria beijá-lo ou algum menino xingou ele na escola. Até comigo você já brigou por causa dele, Matt.
A evidência estava toda contra ele. Ele era tão transparente assim? Será que as suas ações de alguém apaixonado eram de conhecimento comum todos? Será que gostar de Olie era um choque só para ele mesmo?
O habitual sorriso sarcástico de Mathias suavizou enquanto ele colocava uma mão no ombro de Matthew.
— Sou ridiculamente bonito, encantador pra caramba e, acima de tudo, modesto. O que não sou é ingênuo.
— Você não tem problema com isso?
— Claro que não, Matthew! Por que você acha que eu estava te enchendo sobre arrumarmos uma namorada para ele? Eu queria ver se você tomaria alguma atitude.
— Você não podia ter me dito isso?
— Claro que não, Matt. Cabe a você descobrir seus sentimentos. Mas ei, se serve de consolo, eu acho que ele gosta de você também.
Matthew ficou ali, processando as palavras do irmão. As semanas de incerteza e os sentimentos reprimidos começaram a fazer sentido. Ele se sentiu um pouco mais leve, sabendo que tinha o apoio de Mathias.
— Você acha? —Matthew indagou inseguro, desde o beijo seu peito estava apertado. Eles se despediram e Oliver voltou para casa, tudo normal como se nada tivesse acontecido, uma parte de si se perguntava se ele não havia lhe beijado por pena por ser seu aniversário.
— Tenho certeza, inclusive ele é menos burro que você e já percebeu faz tempo.
— Você sabe de tudo, né?
— Um dos meus dons.
— O que eu faço agora?
— O que você quer fazer?
— Eu não sei, eu quero tudo, Mathias. Quero namorar com ele, sair com ele, quero nunca mais parar de beijar ele.
— Eu vou sair com a Ju hoje, temos um encontro. Por que você não chama o Oliver? Um encontro é um ótimo lugar para começar.
— Você tá certo.
— Eu sempre estou, mas ei, Matt, cuidado, ok? Eu estou aqui por vocês, mas a mamãe e o papai não podem descobrir.
— Eu sei... — concordou Matthew, ficando triste. Não tinha parado para pensar sobre isso, estava tão nervoso com a reação do irmão que nem pensou nos pais. Mas Mathias tinha aceitado e, por enquanto, isso lhe bastava.
Ouvindo o conselho do seu irmão gêmeo, Matthew chamou Oliver para o cinema com eles.
Os quatro adolescentes se encontraram no ponto de ônibus. Mathias, Ju, Matthew e Oliver riam e conversavam enquanto esperavam. O ônibus chegou e eles embarcaram, ocupando os assentos do fundo. Ju e Mathias sentaram juntos, enquanto Matthew e Oliver estavam lado a lado. O caminho até o cinema foi animado, com piadas e histórias sobre a escola.
Chegando ao cinema, eles compraram pipoca e refrigerantes antes de entrarem na sala. A atmosfera era cheia de expectativa. Durante o filme, Matthew e Oliver trocaram olhares tímidos, até que Matthew, nervoso e ansioso, pegou suavemente a mão de Oliver. Oliver sorriu, apertando levemente a mão de Matthew em resposta.
Após o filme, o grupo voltou de ônibus para casa. O clima estava leve e descontraído, com a noite quente de verão envolvendo-os em uma sensação de liberdade. Os meninos decidiram deixar a menina em casa primeiro e depois caminharem até a suas.
No caminho para casa, Ju, que estava andando ao lado de Mathias, comentou em um sussurro não tão baixo, fazendo com que os meninos que estavam andando logo à frente fossem capazes de ouvir.
— Seu irmão estava segurando a mão daquele garoto no cinema.
— Sim, e qual o problema? — Mathias respondeu calmamente.
— Eu não sabia que ele era gay.
— Isso importa?
— É estranho.
Mathias parou e olhou firme para Ju.
— Bom, acho que você consegue voltar para casa daqui.
Ju ficou surpresa, mas Mathias ficou sério. Ele acelerou o passo, se aproximando da dupla de garotos para caminharem juntos, deixando a menina para trás.
— Então, Olie, o que achou do seu primeiro encontro? — Mathias perguntou, tentando aliviar a tensão.
— Isso foi um encontro? — Oliver perguntou com as bochechas rubras de vergonha. Mathias deu uma cotovelada no irmão.
— Você não disse para ele que era um encontro, Matt?
— Eu chamei para sair, pensei que estava implícito...
— Vocês dois vão me dar trabalho... — Mathias disse, revirando os olhos com um sorriso.
Matthew e Oliver riram, e a atmosfera ficou mais leve. Eles continuaram caminhando juntos, conversando e brincando, com Matthew sentindo-se mais à vontade e confiante ao lado de Oliver. O apoio de Mathias fazia toda a diferença, Matthew sabia que não estava sozinho.
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Nosso primeiro amor.
RomanceSe alguém pedisse para que eu descrevesse minha vida, ela seria dividida entre antes e depois. Antes de nos separarem. Depois que eu te reencontrei. ❌ EM ANDAMENTO ⚠️ ARTE VISUAL DA CAPA NÃO AUTORAL ☢️ TEMAS SENSÍVEIS +18