Olhar diferente

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Oliver, 12 anos

Os lábios de Matthew estão nos meus e minhas unhas afundam na pele da suas costas. Tudo nele é tão macio e quente, seus lábios e sua pele. Ele se afasta um pouco de mim, seus olhos castanhos com um brilho carinhoso e carregado de desejo.

A dualidade Mattie.

— Eu te amo, Olie. — As palavras de Matthew arrancam todo o ar do meu pulmão, me fazendo soltar gemidos obscenos.

— Olie... Olie... — Ele continuava repetindo meu nome, entre breve beijos e sorrisos.

— Olie! — Oliver acordou no susto, sentindo o olhar inquisitório de Matthew sobre si. Ele teve que encontrar forças que nem sabia que existia em si para impedir as lágrimas que queriam sair. Mais uma vez estava tendo esses sonhos. — Bom sonho? — ele perguntou, sua voz rouca de sono.

Isso era errado, tão errado. Era errado sentir essa atração por alguém que confiava em si, alguém que via ele como um amigo, seu melhor amigo! Além disso, era um pecado contra Deus. Uma escolha, seu pai sempre dizia, essa perversão era uma escolha. Não importava quantas vezes ele orasse, quantas vezes ele escolhesse, não parecia funcionar. Nada funcionava. Tentar manter esses pensamentos longe, fingir que esse desejo era qualquer outra coisa que ele não conseguia interpretar.

Negar e negar e negar.

Esse esforço constante estava lhe destruindo em pedaços. E a única pessoa que poderia lhe abraçar e dizer que estaria tudo bem, era a última pessoa que ele poderia falar sobre isso.

— Ah... desculpe. — O rosto de Oliver estava ardendo de vergonha. Matthew não estava dormindo mais sobre si, agora claramente acordado. Ele encolheu os ombros e se afastou antes de sair da cama, mantendo as costas viradas para o amigo. Oliver repreendeu o olhar que automaticamente desceu até sua bunda na bermuda morando que as suas costas estavam com marcas vermelhas de garras.

— Jesus! — Oliver vociferou surpreso. — Desculpe.

— Tudo bem, Olie. — Ele assegurou antes de se afastar da cama e entregar para Oliver sua mochila.

A reação de Mattie para suas perversões, que estavam se tornando cada vez mais comuns, só o fazia sentir pior.

— O Mathias já, já bate aqui, acho melhor já vestirmos nossa roupa de banho. — Matthew falou enquanto procurava por suas roupas na cômoda começando a se despir.

Oliver tentou com todas as suas forças manter seus olhos longe, e continuou fazendo isso várias vezes, mas eles sempre eram atraídos por ele de novo, e de novo. Não sabia dizer quando foi que olhar para o amigo mudou, mas quando aconteceu foi como se finalmente estivesse vendo pela primeira vez.

Sonhar com Matthew enquanto ele dormia em si só tornava cada vez mais difícil ignorar o que aquilo significava. Oliver sentiu um aperto na boca do estômago e seu pulso acelerou quando ele notou o olhar de Matthew sobre o seu pelo espelho, percebendo que ele estava lhe encarando. Oliver desviou o olhar como se para evitar que ele pudesse ver dentro da sua cabeça e ler seus pensamentos.

— Sobre o que foi o sonho?

Deus teria que lhe perdoar, pois ele iria mentir novamente.

— Eu não lembro. — Disse a mesma mentira que sempre contava. Matthew lhe encarou com a sobrancelha levantada. Se ele não acreditou, não disse uma palavra.

Oliver caminhou com a mochila escondendo sua virilha e saiu do quarto em direção ao banheiro, não sem antes mexer um pouco os lençóis do saco de dormir para parecer que alguém tinha passado a noite ali.

Nosso primeiro amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora