A mesma janela.

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Matthew

Matthew passou mais uma noite na casa de Oliver, segurando-o nos braços até que os soluços se acalmassem e dessem lugar a uma respiração tranquila. Ele decidiu então mandar uma mensagem para Elisa, comunicando que tiraria uma semana de folga. Elisa ficou chocada e tentou persuadi-lo a reconsiderar, mas Matthew não deu ouvidos. Ele estava determinado a ficar ao lado de Oliver; seu amigo precisava dele e ele não iria a lugar algum. A notícia deixou Lily, a companheira de quarto, atônita, prometendo retornar o mais rápido possível. Mesmo com Oliver insistindo que não precisava, ela não quis saber e Matthew se sentiu contente com isso, sabendo que Oliver merecia pessoas que o colocassem como prioridade.

Quando o sol nasceu, ambos acordaram e foram juntos até o apartamento de Matthew para buscar seu carro. Os pais de Oliver ainda moravam na mesmo lugar onde haviam se conhecido, a apenas três horas de distância da cidade atual. Matthew prontamente ofereceu-se para levá-lo e não deu espaço para que Oliver recusasse. Internamente, Matthew sentia uma apreensão crescente; fazia anos desde a última vez que estivera lá. Apesar dos pais dele não viverem mais ali, o lugar permanecia marcado em suas memórias. No entanto, ele decidiu não se permitir pensar em seus medos e traumas naquele momento, focando apenas em estar presente para Oliver.

Sentado no banco do passageiro, Oliver olhava pela janela com um ar distante. Matthew retirou uma das mãos do volante e a colocou sobre a coxa dele, um gesto que esperava ser reconfortante. Faltava apenas uma hora de viagem quando Matthew visualizou uma placa indicando a proximidade de uma lanchonete em alguns quilômetros, e ele ajustou a rota sem dizer nada. Oliver percebeu a mudança de destino somente quando Matthew parou no estacionamento da lanchonete.

— Onde estamos? — Oliver perguntou, lançando um olhar confuso para Matthew.

— Acho melhor a gente comer alguma coisa, o dia pode ser longo — respondeu Matthew, notando a vontade de negar nos olhos de Oliver, mas ele assentiu e saiu do carro. Matthew o seguiu até a lanchonete.

Dentro, eles pediram omeletes e café. O silêncio persistiu até que Matthew decidiu quebrá-lo quando estavam na metade do prato.

— Olie... você sabe que se quiser conversar... eu estou aqui — disse Matthew, olhando para Oliver com carinho, seus olhos ainda mostrando os vestígios do choro da noite anterior. Oliver pegou sua mão e segurou a de Matthew sobre a mesa.

— Obrigado, Mattie, mas eu não acho que quero falar sobre isso. Pelo menos não agora — respondeu Oliver, sua voz falhando um pouco no final. Matthew apenas sorriu, entendendo perfeitamente. Ele tinha o hábito de se fechar, de evitar confrontar seus próprios sentimentos e problemas, como se ignorá-los pudesse fazê-los desaparecer, e jamais julgaria Oliver por fazer o mesmo.

Matthew não tinha ideia de qual era a atual dinâmica da família de Oliver e o que esperar ao chegarem na antiga casa onde os serviços do funeral estavam sendo prestados. Ele não sabia como Oliver seria recebido, mas estava determinado a ficar ao seu lado.

O dia estava nublado, a chuva caía forte e a estrada estava molhada quando voltaram para ela. Uma hora depois, chegaram ao destino. Matthew engoliu em seco ao ver sua antiga casa, exatamente como se lembrava. Sua última lembrança era do seu irmão pendurado na janela, tentando alcançá-lo. A casa ao lado estava cheia de pessoas e uma fileira de carros ocupava a rua. Matthew estacionou o mais perto possível na sua antiga casa, mantendo a possibilidade de uma fuga em mente, se necessário. Oliver não deu sinal de se mover quando o carro parou, seus olhos vagando pelas pessoas que entravam na casa.

— Olie, se você quiser, podemos dar meia volta. Você não precisa entrar — ofereceu Matthew.

— Não... — Oliver respirou fundo antes de destravar a porta do carro. — Eu preciso fazer isso — sua voz foi firme antes de sair do veículo.

Nosso primeiro amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora