Nosso primeiro amor.

Bom para o ego

Matthew

Algumas pessoas, provavelmente a maioria delas, não gostava de ir para clubes sozinhas. Matthew adorava. Principalmente quando ia com um único objetivo. Caçar. Ele entrou na boate sentindo muitos olhares em si. Seu cabelo preto foi cortado recentemente, rente na nuca e maior no topo. Sua barba bem preenchida estava aparada, mas ajudava a emoldurar seu maxilar já marcado. Escolheu uma camiseta branca, uma jaqueta de couro preta e jeans igualmente escuros. Todo mundo dizia que ele parecia um badboy, e por todas as razões hoje ele definitivamente seria um.

Caminhou diretamente para o bar, já sentindo algumas mãos sobre si. Gostava disso, fazia bem para o seu ego. Se em alguns momentos sentia que não aguentava mais essa vida de casos, aquela noite definitivamente não era uma delas. Ele estava com tesão, muito tesão. Pediu uma cerveja ao barman que lhe entregou com uma piscadela cheia de segundas intenções. O barman era bonito, mas muito jovem para ele. Deveria ter uns 20 anos, magro e baixo. Matthew não gostava disso. Não existia prazer maior para si do que pegar um homem mais velho, com o dobro do seu tamanho e ver ele se contorcendo de prazer debaixo de si. Era tudo sobre ego, e nada melhor para seu ego do que ver aqueles homens choramingando como garotinhos.

Passeou seu olhar pelos corpos dançantes, a maioria pouco vestidos, mais da metade com peitorais a mostra. Alguns shorts tão curtos que eram quase dispensáveis. Observou como alguns conseguiam dançar tão sensualmente, que parecia estar transando ali mesmo. Matthew achava muito sexy. Sua mente viajou um pouco observando aqueles corpos e se pegou pensando o Oliver. Era estranho imaginar o menino que conheceu e o homem que ele era. Não tinha absolutamente nada contra sua profissão, se tudo achava absurdamente sensual. Se ele fosse capaz de se mover com tanta beleza como alguns dos corpos na pista, definitivamente não era nada para se envergonhar. Mas, imaginar Oliver dançando assim... Imaginar Oliver, esse novo Oliver era difícil de qualquer maneira.

Na sua cabeça, Oliver nunca cresceu, permaneceu o menino que ele conheceu. Nunca tinha parado para pensar como ele deveria estar, o que ele estaria fazendo. Se tinha alguma lembrança era sempre sobre o passado, sobre como havia sido e como havia terminado e esses pensamentos eram rapidamente afastados da sua mente. Queria conhecer o novo Oliver, saber se existia alguma parte dele que foi o menino que ele conheceu e, ao mesmo tempo, estava aterrorizado com a ideia.

Estava passando tempo demais pensando nisso, um dos motivos de estar na boate hoje. Sim, fazia quase um mês que não transava, mas não conseguia tirar Oliver da sua cabeça e todos o "e se" que vinham com os pensamentos estavam sendo torturantes. Combinaram de se encontrar para uma cerveja na quarta-feira, hoje ainda era sábado, se ele permanecesse em casa com todo o turbilhão de pensamentos em sua cabeça explodiria e por isso decidiu sair de casa e buscar algo para distrair sua mente. E o que melhor para distrair sua mente do que sexo? Sexo quente, desapegado e intenso com alguém que ele nunca mais veria novamente.

— Alguém está pensativo hoje. — Uma voz grave lhe chamou atenção. — Viu algo que gostou? — Matthew virou para encarar o homem alto, que facilmente passava de 1,90, com uma pele negra linda que quase brilhava no jogo de luz do lugar e cabelos raspados.

— Vejo agora. — Matthew respondeu ativando seu modo flerte. Levou a cerveja aos lábios e assistiu enquanto o homem observava o seu pomo de adão mexer ao engolir. Mathias brincava com ele sobre a facilidade de encontrar ficantes de uma noite no mundo gay, mas a verdade era que se você fosse bonito e confiante, era realmente fácil assim. Matthew não era muito adepto a aplicativos, gostava de ver as pessoas pessoalmente, mas sabia que se utilizasse o celular para transar teria ainda menos trabalho do que tinha atualmente.

— Rámon. — O homem se aproximou deixando pouco espaço entre eles até mesmo para o ar circular e lhe estendeu a mão, Matthew a apertou sabendo que o sorriso em seu rosto era simpático e malicioso.

— Quer sair daqui, Rámon? — Matthew perguntou gostando como o R no nome do homem fazia parecer com que estivesse ronronando. Ele poderia ficar, dançar um pouco e se provocarem, poderiam se agarrar no banheiro e trocar punhetas rápidas e secas, mas quanto mais velho ia ficando menos atrativo esse tipo de coisa era. Ele queria uma transa boa e intensa, não era mais um adolescente para buscar um sexo rápido no banheiro. Rámon parecia mais velho que ele, no final dos seus trinta anos, talvez nos quarenta. Grande, forte e maduro, exatamente o que Matthew estava esperando encontrar quando entrou naquele lugar.

— Eu moro a duas ruas daqui. — Rámon revelou, a sugestão implícita na sua frase. Matthew sorriu. Tinha pensado em um motel, mas se ele tinha um local não iria recusar.

— Lidere o caminho, — Sussurrou no ouvido do homem sentindo o pelo do seu pescoço se arrepiar. — Rámon. — Acrescentou o nome sentindo o sangue correr para seu pau.