Pelos velhos tempos

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Oliver

Desconhecido:

[Olie, quer tomar uma cerveja?]

[Pelos velhos tempos]

Oliver leu a mensagem pela milésima vez. O remetente desconhecido não se apresentou, mas não precisava. Olie. Ninguém mais o chamava assim. Ele não fazia ideia como Matthew tinha reconhecido ele, a ideia era no mínimo ridícula. Ele, entretanto o reconheceu no exato segundo que seus olhos pousaram nele, mesmo depois de tantos anos.

Deus, fazia mesmo quinze anos desde a última vez?

Fisicamente Oliver tinha mudado bastante, gastou dinheiro e tempo para isso acontecer. Mas Mattie parecia exatamente o que ele pensaria que ele seria nos dias de hoje. Estava com traços mais maduros, mais alto e mais forte e com uma sombra de barba por fazer em seu maxilar marcado. Tirando isso, ele permanecia exatamente a mesma versão do que ele era mais jovem.  Era impossível não o reconhecer imediatamente, foram horas e horas da sua infância admirando aquelas feições. Aqueles cabelos negros e olhos castanhos que eram antigos conhecidos.

— Liv! — A voz da sua colega de quarto lhe chamou atenção. — Você está fazendo aquela cara de novo. Tem certeza que está tudo bem?

— Sim, Lily. — ela se aproximou e depositou um beijo na testa do amigo. — Você está linda!

— Obrigada! — Ela respondeu dando uma voltinha, fazendo seu micro vestido vermelho rodar.

— Vai sair?

— Não, não! Só estou provando alguns looks para a exposição. O que você acha?

— Que as obras de arte vão ter concorrência. — Oliver e Lily dividiam um apartamento há três anos. Se conhecerem na faculdade em uma matéria do curso de artes. Oliver já estava no final do curso e Lily, ainda atendendo por Nick na época, era caloura. Eles se deram bem instantaneamente, e por mais que Oliver tenha feito algumas amizades durante os cinco anos que levou para terminar sua licenciatura, ninguém era como Lily. Ela passou por mal bocados durante sua transição e acabou saindo de casa, vivendo em um orçamento super apertado, Oliver tinha mais do que experiência em viver assim e quando viram já estavam morando juntos.

— Quando você vai expor suas obras? — Lily perguntou fazendo Oliver inspirar profundamente. Eles já tiveram aquela conversa inúmeras vezes. Sim, idealmente iria viver da sua arte, mas isso era difícil quando ele não queria que ninguém as visse. Lily era uma das únicas pessoas do mundo que já viram, pois dividiam o ateliê, o terceiro quarto do apartamento antigo que dividiam.

— Lily, já falamos sobre isso.

— Eu sei querido, mas você é bom. Bom de verdade!  Eu tenho certeza que conseguiria convencer o Michael a aceitar uns quadros seus na galeria sem nenhum esforço. — Oliver não concordava, não se achava bom, mas não ousaria falar isso para a amiga novamente. — Ele inclusive me pediu algumas peças novas para o novo ateliê que vai abrir no centro. Seria uma oportunidade incrível, amor. — Talvez se ele tivesse começado a vender seus quadros, não teria precisado passar tanto tempo como dançarino, mas ele não conseguia nem mostrar a ninguém quanto mais os deixar expostos para o mundo inteiro ver.

— Agradeço, mas a resposta é a mesma.  — Lily bufou em frustração.

— Tudo bem, não vou insistir mais por hoje. Você vai à exposição?

— Claro que sim.

— Mesmo? Eu sei que sextas a noite são difíceis para você.

— Eu pedi o dia de folga.

Nosso primeiro amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora