Nosso primeiro amor.

Normal.

Matthew

Matthew podia sentir Oliver como uma presença reconfortante e calorosa às suas costas, tão intensa que ele hesitava em mover um músculo sequer. Estavam deitados no sofá, com um programa qualquer na televisão do apartamento de Matthew. Era manhã de domingo, uma semana após o funeral de seu pai, e Oliver parecia mais tranquilo do que Matthew teria imaginado caso seus próprios pais morressem. A simples ideia o deixava nervoso. Embora seus pais não fossem tão ausentes quanto os de Oliver, já que estiveram presentes em momentos como sua formatura e até conheceram Brian, mas a relação sempre foi cordial, distante de qualquer real afeto. Enquanto Mathias herdara metade dos gastos do casamento e uma casa, tudo que Matthew ganhou foi um "parabéns" quando anunciou seu noivado. Embora o casamento não tenha seguido adiante, suas opiniões ficaram claramente expressas.

— Lily volta hoje à noite — disse Oliver, sua voz preenchendo o espaço.

Matthew virou as costas para a televisão, encontrando o olhar carinhoso de Oliver. O sofá era grande o suficiente para que os dois estivessem deitados lado a lado, mas não tão largo a ponto de criar uma distância significativa entre seus rostos, dessa forma ele conseguia sentir a respiração de Oliver contra seu rosto.

— Você já vai voltar para casa? — Matthew tentou disfarçar seu descontentamento na voz.

Oliver havia passado toda a semana com ele, e havia um prazer diferente em vê-lo com suas roupas emprestadas e deitado em sua cama. Nada a mais havia acontecido desde a noite de bebedeira, e por mais que Matthew se sentisse absurdamente atraído por Oliver, eles não deram mais nenhum passo nessa direção. Voltar para onde cresceram tinha sido uma montanha-russa de sentimentos para os dois e no momento, mais do que beijos ou sexo, eles precisavam de carinho. Matthew também não sabia onde Oliver se encontrava em relação a eles, se aquilo para ele era só uma amizade, e ele não arriscaria perder o que haviam conquistado, ainda mais quando ele próprio não sabia o que queria. Não havia qualquer dúvida que gostava de Oliver como pessoa, que se sentia atraído por ele e que não se importaria em colorir a amizade, mas nada havia mudado. Matthew não estava pronto para ter um relacionamento novamente, ele tinha certeza que nunca estaria. Permitir-se deixar amar novamente estava completamente fora de cogitação.

— Mattie, eu passei a semana inteira aqui. — Oliver riu a responder. — Acho que já tirei proveito demais do seu apoio.

— Oliver, eu chorei mais do que você esta semana. Se alguém foi apoio para alguém, você foi para mim — disse Matthew.

Foram incontáveis as vezes que sentiu aquela sensação de aperto no peito e falta de ar. As lágrimas sempre caiam e eram acompanhadas pela vergonha, mas sempre que Oliver o abraçava e ajudava a organizar sua respiração ele conseguia colocar um pouco mais sua cabeça no lugar. Ele não entendia muito bem porque estava tendo essa reação, mas sabia que eventualmente isso iria passar, sempre passava.

— Mattie, eu sinto muito se isso não é meu lugar de fala, mas... bom, acho que somos amigos, certo?

— Claro que sim, Olie.

— Eu acho que você precisa de ajuda profissional.

— Do que você está falando?

— De um psicólogo, Matthew. Eu não sei exatamente o que você está passando, e está tudo bem se você não quiser compartilhar isso com mais ninguém. Mas acho que você precisa dividir isso com alguém capacitado para ajudar.

Matthew respirou fundo. Infelizmente, Oliver não era a primeira pessoa a lhe dar esse conselho.

— Eu não acho que precise de um psicólogo, Oliver. —Disse a resposta que já disse a Brian e ao seu irmão. — Eu sei que estou sendo patético esses últimos dias, mas eu prometo que isso é atípico. Eu nem lembrava a última vez que tinha chorado antes disso.