Terapia.

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Matthew

Na pequena sala de terapia, as paredes de um tom suave de azul criavam um ambiente acolhedor, mas Matthew ainda se sentia desconectado, como se algo invisível o mantivesse à distância. O sofá em que estava sentado parecia um refúgio, mas, por dentro, havia um turbilhão de emoções que ele não conseguia expressar. Amanda, sua terapeuta, o observava atentamente, como se pudesse perceber o peso do silêncio entre eles.

— Então, Matthew — começou Amanda, com a voz calma e gentil — como você se sentiu desde nossa última sessão?

Ele hesitou, mordendo o lábio inferior. A pergunta era simples, mas a resposta estava presa em sua garganta. Seus pensamentos estavam confusos, empilhados em sua mente sem que ele soubesse por onde começar. Depois de um longo silêncio, ele finalmente murmurou:

— Eu... não tenho certeza. Ainda estou tentando processar algumas coisas.

Amanda se inclinou ligeiramente para frente, incentivando-o a continuar sem pressão. Matthew sempre sentia que ela sabia o que dizer para que ele se sentisse seguro, mas, mesmo assim, as palavras ainda pareciam distantes.

— Às vezes, só o fato de ter algo em mente já é um começo. O que você tem pensado ultimamente? — Ela perguntou, mantendo o tom acolhedor.

Matthew olhou para suas mãos, os dedos entrelaçados como se estivessem tentando segurar alguma coisa intangível. Ele sabia exatamente o que estava preso em sua mente, mas dizer em voz alta era outra história. Ele respirou fundo, e depois de um tempo, as palavras finalmente saíram, embora hesitantes:

— É... tem uma pessoa que eu acho que estou gostando.

Havia algo desconcertante em dizer isso. Soava infantil, como se ele estivesse de volta aos seus 14 anos, tentando descobrir o que significava gostar de alguém. Ele se sentiu vulnerável e ridículo ao mesmo tempo, como se o simples ato de admitir aquilo já fosse uma exposição demais.

Amanda manteve o olhar gentil, sem julgar.

— E o que faz você achar isso? — Ela perguntou, dando espaço para ele refletir.

Matthew pensou na resposta enquanto tentava se organizar. Ele lembrou de como suas primeiras sessões com Amanda tinham sido difíceis. No início, ele nem queria estar ali. Só tinha aceitado porque ela foi recomendada por uma terapeuta em quem ele confiava, e saber que Amanda era especialista em casos de pessoas que passaram por terapias de conversão lhe deu algum conforto. Ainda assim, foi complicado aceitar que o que ele havia vivido era traumático. Havia resistido, dizendo a si mesmo que outras pessoas tinham passado por coisas piores, mas, com o tempo, ele percebeu que o que ele havia sofrido também tinha sido terrível.

— Não sei ao certo... — Ele começou, hesitante. — Acho que ele me faz sentir de uma forma que não sinto há muito tempo. Mas, ao mesmo tempo, isso me assusta. Tenho medo de estragar tudo, de parecer ridículo.

Amanda o escutava atentamente, com a mesma paciência que sempre mostrava. Matthew sentiu-se um pouco mais à vontade para continuar, mas o medo de se expor completamente ainda estava lá.

— Você sente que esses medos estão ligados ao que você já viveu antes? — Ela perguntou, inclinando levemente a cabeça, oferecendo uma nova perspectiva.

Matthew suspirou, sentindo o peso da frustração crescer dentro dele. Havia algo mais profundo, algo que ele relutava em admitir, mas que já vinha corroendo sua autoestima há muito tempo.

— Eu tentei... uma vez — ele começou, hesitante. — Tive um relacionamento que deu errado. Eu realmente tentei fazer dar certo, mas... no fim, ele me trocou por outra pessoa. Eu não era o suficiente. E acho que isso ainda pesa em mim. Me faz sentir que... eu nunca sou bom o bastante para ninguém.

Nosso primeiro amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora