Eu, você e as estrelas.

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Oliver

Quando chegaram ao prédio de Oliver, subiram até o apartamento e logo estavam no telhado. A brisa suave da noite trazia um aroma fresco e tranquilo. Oliver havia trazido um cobertor e algumas almofadas, que eles ajeitaram em um canto com a melhor vista do céu.

— Lily não quer assistir conosco? — Matthew perguntou, deitando-se ao lado de Oliver, que já estava olhando para o céu com o rosto cheio de expectativa.

— Ela foi visitar o namorado. — Oliver respondeu.

— Pronto para o show? — Matthew perguntou, sentindo uma mistura de nervosismo e serenidade.

— Pronto. — Oliver respondeu, embora, naquele momento, ele estivesse mais interessado na companhia ao seu lado do que na chuva de meteoritos. A tranquilidade de estar com Matthew e a sensação inesperada de pertencimento cresciam dentro dele.

Enquanto observavam o céu, Matthew comentou com um brilho nos olhos:

— Você sabia que algumas estrelas que vemos no céu já nem existem mais? A luz delas viajou por tanto tempo que só agora está chegando até nós.

— É uma ideia meio triste, não acha? — Oliver respondeu, refletindo enquanto olhava para as estrelas. — Admirar algo que já não está lá.

— Talvez, ou talvez não. É como se o brilho delas continuasse, mesmo depois de terem se apagado. Como um lembrete de que algumas coisas têm impacto duradouro, mesmo quando já se foram.

Oliver sorriu, apreciando a perspectiva quase romântica, tentando inutilmente não se deixar levar pela ideia de que Matthew falava sobre eles nas entrelinhas.

À medida que o céu escurecia ainda mais, o primeiro meteoro riscou o firmamento, deixando um rastro brilhante. Oliver apontou para ele, encantado, e Matthew não pôde deixar de sorrir.

— Eu disse que ia ser incrível, não disse? — Oliver falou, encantado com o espetáculo.

— Você disse. — Matthew admitiu, fixando o olhar nas estrelas, mas com os pensamentos voltados para Oliver. — Sabe, Olie, algumas estrelas podem desaparecer, mas outras estão sempre nascendo. Talvez seja isso que torna o universo tão incrível... e tão parecido com a vida.

Enquanto as estrelas continuavam a cruzar o céu, Matthew sentiu uma onda de tranquilidade e realização. Naquele momento, sob o céu estrelado, ele percebeu que talvez, apenas talvez, estivesse pronto para algo mais do que estar sozinho. E enquanto a noite continuava, a ideia de novos começos, assim como o brilho das estrelas que ainda iam nascer, parecia tocar seu coração de uma maneira inesperada.

Depois de um tempo em silêncio, absorvendo a beleza do momento, Oliver perguntou:

— Então, o que você pode me dizer sobre a chuva de meteoros de hoje?

Matthew ajeitou-se mais confortavelmente ao lado de Oliver e começou a falar com entusiasmo crescente:

— Bom, as chuvas de meteoros estão sempre associadas a um cometa. Os meteoros de uma chuva específica parecem todos surgir de uma região restrita do céu, chamada de radiante. É como se os meteoros todos irradiassem daquele ponto, e as chuvas são batizadas pela constelação em que o radiante está localizado. Nesse caso, o radiante está em Gêmeos, por isso o nome Geminídeos. A coisa mais interessante é que os Geminídeos talvez sejam o único caso conhecido de terem origem em um asteroide, e não em um cometa. O asteroide se chama 3200 Phaethon. Ele foi o primeiro asteroide descoberto por um telescópio espacial, o satélite IRAS, em 1983, sete anos antes do Hubble ser lançado, acredita?  O que se imagina é que o 3200 Phaethon perdeu todo o seu gelo, restando apenas um núcleo rochoso e seco. Isso faria dele algo como um cometa extinto.

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