Não é um encontro.

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Oliver

Oliver estava exausto, entre seu trabalho como educador infantil pela manhã e as danças a noite nos finais de semana, não sobrava muito tempo para descansar. Era o último mês do seu contrato com diversões noturnas e estava contando os dias para acabar. Ser dançarino pode não ter sido seu sonho de infância, mas foi o que o ajudou a chegar onde estava. Hoje, ainda tinha algumas dívidas, principalmente os créditos estudantis que o ajudaram a conseguir seu diploma em história da arte, mas ele já conseguiu liberdade financeira suficiente para largar a dança. O salário de professor não era grande coisa, mas se continuasse dividindo o apartamento e segurando os gastos como tinha feito nos últimos anos, ele conseguia estar livre das dívidas antes dos 40. Queria visitar o mundo, queria se inspirar com as artes, a vida e a cultura de outros países. Mais que tudo, ele queria voltar a pintar. Tentou a faculdade de design gráfico, haveria mais facilidade de rentabilizar suas artes dessa forma, mas não gostou. Sinceramente, nada substituia a sensação de uma pincelada na tela. Pintava raramente, o material era caro demais para ser mantido como passatempo e nunca tendo vendido um quadro sequer era isso que sua arte se classificava, um hobby. Seus sonhos tinham que ser adiados, mas ele ainda tinha esperança que poderia realizá-los.

Entrou no bar e avistou Matthew instantaneamente. Se ele havia feito tudo que possível para apagar seu passado, Mattie era a prova que ele continuava lá. Oliver consertou seus dentes tortos, alisou e pintou o cabelo, e quando se olhava no espelho ele não via mais o garoto que foi. Gostava que sua aparência gritasse quem ele era: gay e seguro de si. Mesmo que só metade disso fosse verdade. Matthew, por outro lado, era a imagem do mesmo menino do passado. Com barba e traços maduros, ele não havia mudado muito, além disso. O lugar que Matthew sugeriu para se encontrarem era um bar simples, o tipo de lugar que pessoas iriam beber após o trabalho em escritório. Não estava cheio, sendo fácil identificar o moreno em uma mesa não tão distante da porta.

— Olie! — Matthew o chamou acenando para que o loiro caminhasse em sua direção, ao se aproximar houve uma breve hesitação, mas trocaram um abraço constrangedor antes do loiro sentar em um banco ao seu lado. Oliver odiava o pensamente de como Matthew ainda era atraente, ele estava vestido uma camisa social branca e calças pretas, uma roupa normal para o dia normal que ele provavelmente teve e mesmo assim ele parecia absolutamente estonteante.

— Não acredito que estou em um bar na quarta-feira. — Olie, revelou com um sorriso tímido. Talvez devesse ter se arrumado um pouco mais. Estava com uma camiseta preta, jeans e botas, uma roupa que escolheria se estivesse indo encontrar com Lily, por exemplo, mas talvez, só talvez estaria mais confortável se sentisse mais bonito, o que era absurdo. Aquilo era só um reencontro entre velhos amigos.

— Você não costuma sair nos dias em que as bebidas tem desconto?

— Eu não costumo sair. Ponto. — Algumas pessoas, inclusive seu próprio namorado, achavam que ele deveria ser um homem extravagante e festeiro quando o conheciam. Ele era stripper, óbvio que ele gostava de boates e atenção. Essa afirmação não poderia estar mais longe da verdade, Oliver era um homem caseiro. Talvez tivesse o suficiente de música alta e do cheiro de álcool no trabalho, mas sua ideia de diversão era um bom filme e um cobertor.

— Posso pedir uma cerveja para você?— Matthew perguntou, o fazendo reparar que o moreno tinha uma garrafa em sua frente.

— Claro. — Respondeu.

Outro motivo que lhe fazia não sair era a economia. Sabia que se saisse com o namorado ele pagaria, mas não gostava de se sentir um caso de caridade. Depender de alguém nunca fez parte dos seus planos. Matthew sinalizou ao barman fazendo uma mímica rápida até que o rapaz rapidamente trouxe outra garrafa.

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