Nosso primeiro amor.

Último beijo.

Matthew, 14 anos

— Bom dia, Mattie. — A voz doce de Oliver foi a primeira coisa que Matthew ouviu ao acordar. Ele sempre ficava impressionado com a capacidade de Oliver de perceber, apenas pela mudança em sua respiração, que ele havia despertado.

— Bom dia! — respondeu Matthew, afundando ainda mais a cabeça no peito de Oliver. Ele se perguntava como alguém tão magro e pequeno podia ser tão confortável, mas quando dormiam juntos, Matthew não queria outro travesseiro. — Eu não quero ir para a igreja hoje — reclamou, sentindo o corpo de Oliver rir abaixo de si.

— Não diga isso, o sermão de hoje vai ser legal. Passei a semana ajudando meu pai. Vai ser uma pregação para família do Livro de Efésios — explicou Oliver.

— Efésios? Calma, acho que lembro desse — disse Matthew, mudando sua posição para que pudesse encarar o rosto amassado de Oliver e encontrar seus olhos expectantes. Frequentando a igreja desde sempre, ele já estava mais que familiarizado com o livro sagrado, mas era impressionante como nada daquilo ficava em sua memória. No entanto, ele se esforçava, principalmente porque sabia o quão importante era para Oliver. — Algo sobre o respeito da mulher pelo marido? — arriscou Matthew.

— Quase — respondeu Oliver, rindo e beijando o topo da cabeça dele. — É uma pregação sobre a estrutura familiar na palavra de Cristo. Não se trata apenas da esposa com o marido.

— É aquele que diz que tudo vale na educação do filho desde que não o mate? — perguntou Matthew. Talvez um dos motivos dele não decorar as coisas fosse o simples fato de achar que elas eram bizarras. Ele não entendia como Oliver aceitava tudo como normal. Inclusive, ele percebeu que o único motivo que o fazia continuar indo à igreja era Oliver. Ver Oliver no altar ajudando seu pai, com os sorrisos que lhe lançava, e os olhos fechados em sincronia com sua fé, era algo lindo de ver. Se não fosse por isso, Matthew sabia que acabaria fazendo como seu irmão, arrumando cada vez mais desculpas para faltar aos cultos de domingo.

— Não, Mattie, esse é Provérbios 19:18, e você está levando ao pé da letra como aquelas senhoras extremistas que a gente tanto zoa — explicou Oliver.

"E como nossas famílias," Matthew pensou, mas não teve coragem de falar. Seus olhos vagaram pelo quarto, do saco de dormir esquecido no chão até a porta. Um leve medo percorreu sua espinha ao pensar se havia esquecido de trancá-la, mas isso logo desapareceu ao sentir os dedos de Oliver percorrendo suas costas.

— Mattie, não tem problema se você não quiser ir.

— Eu não perderia a chance de ficar mais tempo com você — revelou Matthew, fazendo Oliver soltar uma risadinha envergonhada com suas covinhas à mostra. Deus, ele era tão fofo. Matthew não resistiu e selou os lábios nos de Oliver.

— Mattie! — Oliver o empurrou, rindo. — Eu não escovei os dentes. — Matthew ignorou o protesto e mudou suas posições, prendendo o corpo de Oliver embaixo do seu e atacando-o com inúmeros beijos por todo o rosto. As risadas de Oliver foram interrompidas por batidas na porta.

— Meninos, café e banho, vamos sair em meia hora — a voz da mãe de Matthew clamou do outro lado, fazendo-o pular da cama no susto. Oliver deu uma risadinha enquanto limpava o rosto com as costas da mão.

— Você me deixou todo babado! Parece até um cachorro — reclamou entre risos, levantando-se da cama também.

— Ah, eu quero tanto um cachorro — disse Matthew, aproximando-se de Oliver e dando-lhe um abraço. — Podemos ter um no futuro? — Antes que Oliver pudesse responder, Matthew lhe deu uma longa lambida no pescoço.

— Eca, Matthew! — Oliver reclamou, tentando fazer o mesmo, mas Matthew, sendo mais forte, o segurou contra a parede, imobilizando-o. Sua expressão brincalhona mudou, e ele encarou Oliver de maneira faminta. Oliver engoliu a seco, sentindo arrepios percorrendo todo o corpo. — Mattie, é melhor a gente descer.