Dig down deep

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Wednesday nunca temeu a morte mas jamais imaginou que morreria daquele jeito, porém se morresse pelas mãos de Enid, declararia uma morte limpa. No entanto, em algum momento antes que tudo escurecesse, uma raiva crescente começou a se formar dentro de si, olhou para Enid totalmente imersa na própria mente e seus olhos sempre tão azuis a encarava sem vida e sem cor, enquanto ela mesma se debatia tentando sair daquele enlace, num último impulso e esforço girou o corpo para o lado levantando o quadril derrubando ambas no chão, tossia com dificuldade e procurando o ar que lhe faltava, segurando o próprio pescoço. Enquanto Enid despertava tentando entender o que estava acontecendo e quando finalmente entendeu, olhou para as próprias mãos intercalando o olhar com Wednesday que ainda se recuperava, tentou assimilar tudo sentindo as lágrimas invadindo sua visão imediatamente, o que tinha feito? Antes que pudesse falar algo, Wednesday levantou rapidamente dizendo que não foi nada, saiu do quarto se enfiando no banheiro, correu atrás dela tentando girar a maçaneta mas a porta estava trancada, bateu na porta inúmeras vezes, mas a morena não abriu.

– Wednesday! Wednesday por favor! – chamava do outro lado as lágrimas já em profusão, nenhuma resposta dela, e já começara a ficar desesperada – Wednesday! – gritou e começou a bater fortemente com o ombro, já com o pensamento de arrombar a porta.

Wednesday do lado de dentro do banheiro, ouvia os gritos e batidas, ao mesmo tempo em que organizava os pensamentos para deixá-los no lugar, era uma situação delicada, e precisava pensar direito, porém pensar rápido já que a qualquer momento seu espaço poderia ser invadido por uma soldado alterada do outro lado da porta. Claro que Enid estava confusa assim como ela, sua vida tinha sido exposta ao perigo pela própria companheira, e isso talvez fosse demais para qualquer um assimilar, mas presumir que Enid era perigosa sendo que claramente ela não estava em posse de suas faculdades mentais era injusto.

Não queria expor Enid a esse tipo de problema, ela já estava passando por muitas coisas, mas se não fizesse algo logo aquela porta seria derrubada. Apoiou os braços na pia e lavou o rosto na água gelada, se olhou no espelho e não que se indignasse muito fácil, mas achou impressionante a velocidade em que os hematomas avermelhados se espalharam pelo seu pescoço, dava para ver nitidamente a marca de todos os dedos firmes da soldado e as dilacerações de pele, merda, pensou, seria impossível esconder dela! Pelo espelho viu a porta tremer e só pensou em como foi bom ter escolhido todas as portas do apartamento de madeira maciça pesada. Enid continuava gritando do outro lado, implorando para que ela abrisse.

– Se afaste da porta! – enfim falou, um pouco mais alto para sua voz se sobressair a da loira.

– Wednesday, abre a porta! – podia ouvir a angústia na voz dela.

– Eu não vou abrir! – respondeu, ouvindo Enid se desesperar mais do outro lado e forçar novamente a porta – Eu não vou abrir enquanto você não se acalmar – disse calmamente, sabendo que se exaltasse seria pior, não se aproximou da porta pois podia ser perigoso.

Aos poucos as tentativas de arrombamento foram cessando e a maçaneta já não girava mais. Enid parou de chamá-la e esperou por um tempo, chutava internamente o que a soldado estava pressupondo em sua própria mente, daria tudo para não preocupá-la, mas a única coisa que podia fazer agora era explicar.

– O q-que... o que aconteceu Wednesday? – Enid perguntou baixo a culpa na voz dela se fazia presente – Eu te machuquei? – silêncio – E-Eu te machuquei não foi? – a voz embargada não disfarçava o choro.

– Sim! – não podia esconder a verdade, os minutos em silêncio agora pareciam mortais, se aproximou da porta colocando a mão na fechadura – Vou abrir a porta agora!

Wednesday abriu a porta devagar, se deparando com um loira preocupada no corredor, o rosto de Enid totalmente banhado por lágrimas que desciam sem parar e seus olhos límpidos agora tão confusos mapeando todo seu corpo em busca de qualquer vestígio encontrado-o na altura de seu pescoço. Enid deu um passo para trás e sua expressão era de choque, como se um baque tivesse a acertado.

After You (G!P Wenclair - AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora