Nosso Último Verão, jikook

- um quase recomeço

(Reproduzam a mídia acima ☝🏻
Essa música é todo o sentimento do Jungkook)

Uma simples decisão pode mudar todo o trajeto de uma vida. Palavras tem poder, são como facas afiadas que ferem e deixam feridas profundas e difíceis de serem cicatrizadas. É uma dor invisível e que não há remédio para aliviá-la; apenas o tempo é capaz de curá-la. Ou as vezes, nem mesmo o tempo possui o alívio.

Havia dor nos olhos de Jimin e apesar dos anos, eu sinto que nada mudou. Nem mesmo essas sensações ardentes em meu peito que eu achei estarem adormecidas. Porém, bastou apenas vê-lo novamente para todo esse sentimento vim à tona, e mais forte do que tudo.

Jimin nunca irá me perdoar, não há perdão para o que eu lhe fiz. Eu mereço todo o seu desprezo, sou merecedor de todo o seu ódio. Não há como apagar o que aconteceu naquele verão cruel. Eu gostaria de ter perdido a minha voz e nunca ter dito toda aquela merda.

Aquelas malditas palavras que me perseguem. Elas estão presas em minha mente como um lembrete; me alertando o quanto eu sou um covarde, fraco.

Eu dirijo em alta velocidade pelas ruas de Seul, meus pensamentos estão agitados e eu sinto a dor me corroer, nublar todos os meus sentidos e a minha razão. Eu preciso parar todas essas sensações angustiantes, necessito urgentemente retomar o controle das minhas ações.

E ter ouvido o meu pai só serviu para me deixar ainda mais abalado.

Ao parar em frente ao extenso prédio, o porteiro do turno da noite abre o portão que dá acesso ao estacionamento.

Eu entro e estaciono o carro na minha vaga e pego o elevador até o último andar. O apartamento é espaçoso e bastante confortável, um lugar só meu e pela rotina exaustiva, eu raramente o procuro. Eu comprei o apartamento há cinco anos atrás, e claro, nem meus pais e nem Sunmi sabem da sua existência. É um lugar pessoal, apenas para mim. Eu sempre o procuro quando preciso ficar sozinho.

Aparentemente tudo está como eu havia deixado. Porém, eu não tenho tempo para checar o lugar. Tudo que eu preciso estar em meu quarto, na mesa de cabeceira.

Minhas mãos estão suando e eu tenho a sensação de que meu corpo está trêmulo. Eu sinto a minha garganta seca e gotas de suor escorrem por minhas têmporas, eu preciso relaxar.

Eu entro na suíte às pressas, buscando pelos cigarros de maconha. Com minhas mãos trêmulas e com dificuldade, eu ascendo um deles com a ajuda de um isqueiro, dando uma longa tragada.

É necessário alguns minutos para que eu sinta o meu corpo relaxar gradativamente. Eu me sinto sedado, eufórico, suave... E após o segundo cigarro, eu adormeço chapado na cama.

O inferno não existe apenas no inferno.

[...]

A semana havia sido mais longa do que normalmente. Eu não vou em casa há dois dias, há dezenas de chamadas perdidas de Sunmi em meu celular e eu estou fingindo que não estou vendo-o vibrar em minha mesa a cada minuto.

Além de cuidar da parte administrativa do hospital, eu também atuo como clínico geral, uma área bastante abrangente. Apesar de se tratar de um hospital particular, a Jeon's Clinic é um dos maiores do país, contando com os melhores médicos e equipamentos de última geração.