A conversa com Pablo pesava em mim como uma âncora. Vê-lo sair de casa após não trouxe alívio, apenas mais perguntas e incertezas. Ou será que eu é quem me iludido com essas incertezas criadas? Na verdade não... Acho que finalmente eu não conseguia acreditar em nenhuma palavra dele
Eu sabia que eu só tinha uma pessoa para conversar sobre isso tudo: Paulo.
Por mais que a última fala do Diego tenha sido receptiva e dissesse "Pode confiar em mim, me conta o que você está passando", eu não conseguia me abrir com ele.Decidi então procurar meu primo, embora nossa última interação tenha sido nada amistosa, se eu quisesse usar palavras amenas... Mas infelizmente ele era a única pessoa em quem eu conseguiria conversar para me ajudar a lidar com tudo isso. Afinal ele sabia de tudo e nós dois tínhamos o mesmo fetiche. Mesmo não querendo admitir, ele era o único que me entendia.
Encontrei Paulo no seu quarto, mexendo no computador. Sua expressão de surpresa ao me ver ali era evidente, e não pude deixar de notar certa desconfiança nos seus olhos.
- O que você quer, Rafa? - Paulo perguntou, sem rodeios.
Respirei fundo antes de responder, preparando-me para o que viria a seguir.
- Paulo, eu sei que nossa última conversa não terminou bem, mas preciso falar com você.
Ele ergueu uma sobrancelha, claramente intrigado.
- Ah, é mesmo? E por que diabos você resolveu vir falar comigo depois daquela briga ridícula que tivemos? - antes que eu pudesse abrir a boca para falar ele continuou - Ah sim, volta o cão arrependido...
Ok, ele estava no direito dele de ser sarcástico. Decidi ir direto ao ponto e pedir desculpas.
- Eu sei que fui um idiota, Paulo. Agi de forma impulsiva e injusta. Sinto muito pela forma como te tratei.
Paulo olhou para mim por um momento, avaliando minhas palavras com um misto de descrença e diversão.
- Nossa, mas quanta formalidade hein priminho... Bem, pelo menos você finalmente admitiu. Mas não, não está desculpado. Era só isso que você queria?
Havia um tom de deboche na voz dele que me fez querer socar seu outro lado do rosto para deixá-lo simetricamente machucado, mas optei por ignorá-lo por enquanto. Eu precisava da ajuda dele. Que droga a minha situação, ter que me humilhar para o Paulo... Puta que pariu!
- Preciso da sua ajuda, Paulo. É sobre o Pablo.
- Você já teve a chance e desperdiçou.
- Não é bem isso... - Respirei fundo antes de começar a explicar. - Eu acho que finalmente estou começando a aceitar que ele me enganou novamente.
Paulo inclinou-se para trás na cadeira. No rosto uma expressão fingindo surpresa. Tá ok, acho que eu merecia tudo isso.
- E? Precisou ele te expor para você perceber isso? Precisou ser mais que humilhado pra você finalmente perceber que ele não presta?
As palavras de Paulo ecoaram na minha mente, provocando uma mistura de emoções. Era fácil para ele dizer isso, mas ele nunca esteve apaixonado por alguém como eu estava por Pablo... Ou com o Felipe foi igual?
- Eu sei que deveria, mas... é difícil, Paulo. Você não entende.
- Tudo bem, talvez eu não entenda mesmo. Mas olhe para mim, Rafa. Lembra do Felipe?
O nome do ex-amigo de Paulo chegou a conversa sem eu precisar mencioná-lo
- Sim, eu me lembro - respondi, minha voz um sussurro.
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O Diário de um Podólatra 2 - O Primo
RandomPara mim não é novidade o fato de eu ser bissexual. Mas descobrir que o garoto que você mais deseja também passou a tomar gosto pela coisa e ainda por cima compartilha o mesmo fetiche que você, isso sim é ganhar na loteria! Nossos amigos não sabem...