Férias, em Casa e Mistério não Solucionado - Parte II

591 22 11
                                    

Hoje era um dia especial. Eu finalmente conheceria o Malefoot!

Acordei umas dez horas da manhã. Só estava eu e a empregada em casa.

– Onde foi o Paulo? – eu perguntei.

– Ele acordou cedo e saiu, disse que ia lá na casa daquele seu amigo o Diego.

Ai! De novo eles dois!

– Ok.

Mas eu não ia deixar isso me desanimar, afinal, hoje o dia prometia!

Terminei o café o fui correndo para o computador. Loguei o Skype fake e... Ele estava online:

Adolescente Podólatra diz:Cara, tudo certo para o nosso encontro?

Malefoot diz: Sim. Mas onde a gente se encontra?

Adolescente Podólatra diz: Perto do cinema. Eu vou estar  vestindo uma bermuda jeans, camiseta regata, e um adidas.

Malefoot diz: Certo, eu vou estar de camisa vermelha e bermuda preta.

Adolescente Podólatra diz: E você vai ta usando que tênis?

Malefoot diz: Um All Star.

Adolescente Podólatra diz: Ok. Te vejo lá três horas.
 
Fiquei fuçando o Facebook fake... Quando deu meio dia eu fui almoçar. Paulo ainda não havia chegado em casa. Se ele não voltar... Melhor!

Fui para meu quarto dormir.

O sonho era meio confuso, eu estava na minha casa. Estava eu e mais alguém, eu só não sabia dizer quem era. Esse alguém invadiu meu quarto e do nada começou a tirar minhas roupas me deixando completamente nu, somente de meias... Depois lentamente tirou minhas meias e começou a roçar seus dedos em meus pés, causando cócegas em mim.

E aí eu acordei. Acordei porque alguém ou alguma coisa estava mexendo no meu pé de verdade.

– Te assustei? – Pablo perguntou.

Céus, como ele era lindo! Mas eu não podia bancar o bonzinho agora, ele não merecia.

– Na verdade sim. – Eu levantei da cama e fui procurar minha toalha. – Quem te deixou entrar?

– A empregada estava saindo quando eu cheguei. Ela disse que você estava dormindo. Me certifiquei de que ela saísse e vim aqui. – Ele contou me seguindo pela casa.

– Ah, e é necessário você me acordar com cócegas? – tentei ser rude.

– Pensei que você gostasse...

– Fala logo o que é que você quer. – Eu parei assim que peguei minha toalha no varal.
Ele ficou em silêncio. Ele ainda não tinha coragem de dizer que tinha vindo aqui só para...

– Sei lá – ele interrompeu meus pensamentos.

Na verdade ele sabia.

– Olha, eu estou ocupado, então se me der licença.

– E você vai aonde? – Ele me perguntou preocupado.

– E por acaso eu te devo satisfações? – Me doeu o coração falar assim com ele, mas era necessário. – Eu estou indo agora me encontrar com o Malefoot.

– O cara da internet?

– É.

– Ok! – ele ficou com raiva. – Vai lá então! Espero que ele não seja tudo isso que você está esperando!

Ele saiu em passos pesados até o portão e foi embora. Eu fechei o portão e ainda pude vê-lo indo em direção à avenida.

Voltei para o meu quarto separei a roupa que disse que iria e fui para o banheiro tomar meu banho. Depois de trinta minutos me arrumando, verifiquei que eu estava atrasado.

– Droga!

Pedi um uber e fiquei esperando.

Cheguei ao shopping umas três e meia. Eu torcia para que ele ainda estivesse ali. Ele tinha que estar. Caminhei em passos rápidos e cheguei ao cinema em menos tempo do que caminhando normalmente.

Procurei pelo garoto de camisa vermelha e bermuda preta e tênis All Star. Nada, ele não estava ali. Decidi então esperar por mais trinta minutos, talvez ele também estivesse atrasado.

Já eram cinco horas da tarde e nada dele. Eu não acredito que eu levei um bolo! Se bem que eu havia chegado com trinta minutos de atraso, mas quem nunca se atrasou na vida? Custava ele esperar só mais um pouquinho?
 
Voltei para minha casa onde o vazio preenchia tudo! Pelo visto o Paulo ainda não havia chegado.

Subi as escadas que davam acesso ao meu quarto. Abria a porta do meu quarto, entrei, tirei o tênis ficando somente de meia e deitei na minha cama. Deitado eu comecei a pensar se realmente o Malefoot era daqui da cidade... Esse pensamento me levou a crer que o Pablo tinha razão. Eu estava me iludindo por um cara que eu nem conhecia e nem tinha certeza se ele era realmente daqui.

Agora eu estava sozinho, sem ter um pé para me deliciar. Na verdade eu poderia ligar para o Pablo e pedir desculpas e perguntar se ele não poderia vir aqui em casa, mas aí eu estaria me humilhando novamente para ele... Maldito orgulho!

Liguei o computador e fiquei fuçando o Skype e o Facebook fake. Não tinha ninguém online.

Maldito Malefoot!

Esse mistério já estava me consumindo muito. Eu estava sonhando com isso e só pensava nele direto, essa pessoa cujo nome real eu nem sei. Fechei o Skype e abri a pasta de arquivos recebidos. Lá estavam as fotos que eu havia tirado print quando conversei com ele pela web cam.
O pé dele era mesmo muito bonito... Eu não consigo acreditar que eu não conheci o dono desses pés por causa de meia hora de atraso! Que droga!
Mas aí de repente analisando melhor a foto eu reparei algo que não havia notado antes. Ao fundo da imagem eu podia ver, não era muito nítido mas dava pra enxergar...

– Meu Deus! Não é possível! – eu exclamei certo de que eu só poderia ter ficado louco, não, não podia ser.

Saí do meu quarto e fui direto para o lugar... O lugar que eu nem acreditava que podia ser. Abri a porta do quarto do meu primo e procurei pela falha na parede, sim, a rachadura estava lá, juntamente com a tinta descascada. Meu pai ainda não tinha mandado arrumar aquele defeito. Voltei para o meu PC e constatei.

– Só pode ser o Paulo!

Voltei para o quarto dele atrás do notebook dele. Liguei o note e comecei a fuçar nos arquivos e para a minha surpresa – se é que eu poderia ficar mais surpreso – eu achei uma pasta escondida entre um monte de outras pastas e nessa pasta havia um monte de vídeos sobre podolatria masculina.

– Puta que pariu! Hahahahaha – eu ri comigo mesmo – Então o carinha perfeito da família é um podólatra!

Então me lembrei do caderno com tranca. Desliguei o notebook e fui atrás da chave. Procurei por quase quinze minutos quando finalmente achei. Estava escondida na gaveta de meias dele...

Corri até o caderno com tranca e descobri que realmente era um diário... Hahahahaha Que ridículo, quem em pleno século XXI ainda usa um diário desse tipo? Ao ler a primeira página, o título não era tão curioso, mas o que havia nele escrito... Isso sim valia a pena a leitura...

O Diário de um Podólatra 2 - O PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora