– Quer dizer que você foi lá em casa ontem? – eu perguntei a ele enquanto caminhávamos em direção à coordenação da escola para pegarmos os boletins.
– Foi, mas você não estava. Eu precisava desabafar com alguém a minha preocupação. – Diego falou enquanto nós nos aproximávamos cada vez mais da coordenação. – E aí eu conheci o seu primo e conversei com ele, gente boa ele."Você diz isso porque não o conhece realmente" – É ele é sim - menti.
Chegamos à coordenação e pegamos os nossos boletins. O meu não havia nada de errado, tudo ok. Olhei para Diego e vi a sua expressão paralisada... Isso não era bom:
– Que foi cara? Ficou pra recuperar?
– Não.
– Mas então porque essa cara?
– Eu passei certinho, com 28 pontos, em literatura.
– Escapou fedendo.
Ele riu. Pablo apareceu de repente e não olhou na minha cara, apenas nos cumprimentou e pegou o boletim.
– E aí Pablo? – eu perguntei assim que ele voltou.
– Passei direto.
– Isso pede uma comemoração. Vamos pra Litorânea? – perguntou Diego.
– Eu estou sem meu cartão – eu respondi.
– Eu também - Pablo respondeu.
– Deixa que dessa vez eu pago, vamos?
– Vamos então – respondemos eu e o Pablo.
Não demorou muito e nós chegamos à Litorânea. Sentamos em uma das mesas de um dos bares e Diego disse:
– Vou ver o que ele tem para beber - Diego, apesar do jeito mulequão, passava fácil por maior de 18 anos.
Confesso que não foi tão divertido assim, estive lá mesmo só por consideração ao meu amigo que havia passado direto, mas uma coisa aconteceu naquele dia, uma coisa que eu realmente não esperava.
Alguns colegas da nossa sala e do terceiro ano apareceram no bar, dentre esse grupinho de alunos estavam:
• Alex (mais baixo que eu, cabelos pretos, pele bronzeada, sem músculos, beleza normal – 2º ano);
• Bruna ( Loira, uma das mais gatas da sala, corpo de modelo – 2º ano);
• Luís ( mais alto do que eu, musculoso, cabelos pretos, pele bronzeada – 3º ano);
• Larissa (quase que uma cópia de Bruna – 2º ano);
• Vanessa ( morena, olhos azuis, um tipo de garota que toda garota queria ser – 3º ano);
• Thiago ( o meu inimigo que foi querer se aproveitar de mim e se deu mal – 3º ano);
Eles nos avistaram e resolveram sentar na nossa mesa, claro, como eram agora oito pessoas, juntamos umas três mesas. A todo instante Thiago me olhava com fúria nos olhos, não sei como ninguém notou, ou se notaram fingiram não perceber. Papo vai papo vem e Bruna disse algo que poderia tornar aquelas férias mais interessantes:
– Onde vocês vão passar as férias? – ela perguntou dirigindo-se a mim, ao Pablo e ao Diego.
– Não sabemos – respondemos quase que ao mesmo tempo.
– Bem, eu, quero dizer nós – ela se referiu claramente ao grupinho – Vamos passar uns dez dias na chácara do meu pai aqui perto da cidade mesmo, é de frente para o mar e casa tem vários cômodos, eu estive pensando se vocês não querem vir conosco?
– Eu topo – disse Diego prontamente.
– E vocês?
– Bem, eu...
– Eu também topo – disse Pablo me interrompendo.
– Só falta você, Rafa... – ela disse com uma voz melosa.
– Tá, eu também vou.
Continuamos sentados ali um bom tempo, até que pra minha surpresa (quantas surpresas!) o meu primo aparece por lá, caminhando sozinho, ele me viu e veio até mim.
– Fala, primo...
– Esse aí é o seu primo? – Bruna e Larissa perguntaram juntas.– É. Pessoal, este aqui é o Paulo. Ele chegou recentemente aqui.
Ele cumprimentou com um oi e eu pude ver a Larissa cutucando a Bruna e olhar furtivamente para ela:
– Paulo, eu sei que mal nos conhecemos, mas eu estava falando com o Rafa sobre a chácara do meu pai e nós havíamos combinado de passar uns dez dias lá e como você é novo por aqui eu pensei em te convidar, que tal?
"Por favor, responde não"
– Boa ideia, eu aceito, assim conheço melhor os amigos do meu primo – ele apoiou a mão em mim.
– Que bom. Amanhã eu formo um grupo no WhatsApp para acertarmos todos os detalhes. Ah, Paulo, eu não tenho o seu número.
Ele deu o número para ela. Pouco tempo depois, eu resolvi que era hora de ir embora, eu já estava quase desistindo de ir a essa tal chácara, só estava mesmo indo por causa do Pablo. Se bem que os pontos negativos eram maiores do que os pontos positivos:
• O Thiago estaria lá e com certeza aprontaria alguma;
• Meu primo estaria lá e com certeza me envergonharia na frente dos meus colegas.
Pelo sim pelo não, eu vou e espero que não dê nenhuma merda nessa viagem.
Cheguei em casa tomei um banho e fui para o PC. Acessei o Skype fake, não demorou muito e o Malefoot fala comigo:
Malefoot diz: Blz?Adolescente Podólatra diz: Sim, tá afim de um chat via cam?
Agora era minha vez de mostrar os meus pés e fazê-lo delirar
Malefoot diz: Q pena… [:(] Mas eu não posso, to tc através do celular e a bateria tá acabandoAdolescente Podólatra diz: Ah...
Malefoot diz: Agora eu não tô em casa, mais tarde estarei, se vc tiver on pode me mostrar.
Adolescente Podólatra diz: Com certeza.
Malefoot diz: Ok.
E aí ele saiu. Mas de repente me bateu uma dúvida. Não, não poderia ser seria coincidência demais se fosse... Larguei o PC e fui até ao quarto do meu primo, ele não estava em casa, e procurei as coisas dele achei o seu celular, um bem baratinho desses que só tem bluetooth e mp3. Então não podia ser ele o tal Malefoot. Então quem seria? As únicas pessoas que eu conhecia com esse fetiche aqui na minha cidade eram eu e Pablo... E se fosse o Pablo disfarçado? Sim, podia ser, até por que ele também era daqui de São Luís e a esta hora estava fora de casa, mas não, eu acho que teria reconhecido o pé dele... Diego, sim também poderia ser Diego e ele também é daqui, tem um celular com acesso a internet e Skype e estava fora de casa... ou já teria chegado?Peguei meu telefone e liguei para a casa dele, não demorou muito e o pai dele atendeu:
– Alô, eu gostaria de falar com o Diego?
– Ele não está, quer deixar recad... – mas antes que o pai dele terminasse de falar eu desliguei o telefone.
Eu não podia acreditar, não podia ser verdade, Diego... Sim, todas as evidências apontavam para ele... Ele, logo ele? Eu precisava investigar, precisava saber se era realmente ele o Malefoot.
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O Diário de um Podólatra 2 - O Primo
RandomPara mim não é novidade o fato de eu ser bissexual. Mas descobrir que o garoto que você mais deseja também passou a tomar gosto pela coisa e ainda por cima compartilha o mesmo fetiche que você, isso sim é ganhar na loteria! Nossos amigos não sabem...