Capítulo 2 - De volta a Seattle

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- Pra variar está chovendo em Seattle. - Lilly comentava contemplando a chuva pela janela do táxi que a conduzia juntamente com Josh e Nancy para o modesto bairro de Belltown onde ela se instalaria por um tempo na casa de Karen Lee Vedder que já os aguardava ansiosa.

Josh que estava no banco da frente deu um leve sorriso e o motorista do táxi não pôde deixar de comentar:

- Vocês não são americanos?

- Eu sou! - disse Josh. - Mas, as passageiras do banco de trás são brasileiras e é por isso que você está estranhando o sotaque.

- Err, desculpe senhor. Eu falo inglês muito mal! - Nancy procurava se desculpar e o rapaz sorriu de volta pedindo que não se incomodasse.

- Morando aqui vai ficar fluente rapidinho. Eu te ajudo, Nancy! Veja, já estamos chegando!

Karen Lee já estava ao portão aguardando seus hóspedes e se alegrava com sua chegada. Josh dá um abraço e um caloroso beijo em sua namorada:

- Fizeram boa viagem, amor?

- Sim, sim, tudo certo! Deixe-me te apresentar, essa é a Nancy, a mãe de Lilly.

- Como vai Nancy? Seja muito bem vinda! Espero que não esteja estranhando o clima. Eu soube que o Brasil nessa época é bem mais quente! Essa é a nossa primavera!

- Bem chuvosa, hum? - Nancy estranha o frio que faz em Seattle sendo que saiu do começo de outono no Brasil com temperaturas variando entre 22 e 27 graus. - Muito prazer, Karen e obrigada por nos receber.

- O prazer é meu... E você, Lilly? Está tudo bem?

Lilly ainda estava um tanto ressabiada. Foi embora para o Brasil sem ter tido uma conversa com Karen Lee depois de descobrir que Josh era pai de Eddie. 

- Err... oi tia Karen! Tudo bem? - a garota estica o braço para cumprimentá-la, mas Karen a puxa e lhe dá um caloroso abraço fazendo a garota se emocionar.

- Oh, minha menina.... Nós nem tivemos tempo de conversar, mas quero que saiba que estive esse tempo todo rezando por você, viu? E meu carinho continua igual, nada mudou e você é muito bem vinda de volta a minha casa!

- Err... obrigada tia Karen!

- Mas, vamos entrando antes que a chuva volte. Essa garoa já é suficiente para nos dar uma gripe daquelas se ficarmos aqui muito tempo. - Karen os conduz a parte interna da casa e leva todos as suas acomodações. Lilly ficaria em seu antigo quarto e o cômodo de Eddie recebeu móveis novos e foi ajeitado para receber Nancy.

Lilly não pôde deixar de se emocionar ao voltar a casa onde conheceu Eddie na época em que achava que o rapaz era seu primo distante. E muito menos teria esquecido tudo que aquelas paredes sabiam a seu respeito, principalmente, porque ali namorou Eddie às escondidas...


"- É tão bom beijar você... - Eddie dizia entre um beijo e outro que lhe dava."


"- Apaga a luz e tranca a porta! - disse o fitando marota.

- Quer que eu... tranque a porta? - questionou com a cabeça virada para o lado igual um cachorrinho que não entende o que o dono diz.

- Sim... eu não quero que, em hipótese alguma, a tia Karen presencie o que vai rolar aqui! - a garota acende o abajur e tira sua roupa na frente do rapaz que fica de boca aberta com a cena ousada que presenciou...

...

-Lilly? Você... tem certeza?

- De que eu quero perder minha virgindade com você? Não tenho dúvida nenhuma, meu amor!"


"- Alô?

- Oi minha princesa!

- Eddie?

- Eu... liguei só pra ouvir sua voz, sabia?

- Ah é?

- Sim, e pra dizer que não vejo a hora de chegar a noite novamente pra ter você nos meus braços. A noite de ontem não sai da minha cabeça, acredita? Não paro de pensar nisso!"


Foi difícil conter as lágrimas com tantas lembranças que aquele quarto intacto lhe trazia. Deitou-se e esfregou o travesseiro e os lençóis em seu rosto como se pudesse resgatar algum cheiro de Eddie que pudesse.


Na parte térrea da casa, Josh e Karen Lee conversavam:

- Não contou a Lilly o motivo da mudança de Eddie?

- Não tive coragem, Lee. Apenas lhe falei que ele tinha sido promovido a gerente do posto de gasolina, o que em parte é verdade. Ele quis se mudar de imediato quando soube que Lilly vinha pra cá?

- Sim, Josh! Eddie continua magoado com Lilly. Insiste em dizer que ela nunca o amou como ele. Por mais que eu tentasse explicar as razões pelas quais a menina decidiu voltar ao Brasil, Eddie não aceita. Mas, por um lado, eu entendo meu filho. Lilly terminou tudo com ele e não deu esperanças nenhuma de que voltaria...

- Ah, mas quem pode julgá-la? Lilly passou o inferno com toda essa história quando pensou que poderia ser irmã de Eddie! Se esquece que ela atentou contra a própria vida por duas vezes??? E numa delas abortou o filho por achar que ele era fruto de uma relação incestuosa!!! Imagine como estava a cabeça da menina...

- Sim, claro, claro! Ninguém pode julgar as atitudes de Lilly, porque de todos aqui, ela foi a maior vítima de todo esse engano, meu amor! Estou apenas lhe explicando os motivos da mágoa de Eddie. Na cabeça dele, Lilly deveria jogar tudo pro alto e viver o amor que eles tinham. É só nisso que ele pensou!

- Eu entendo, Eddie também. Mas, meu filho ficou muito machucado com tudo isso, mais do que se esperava. Ele voltou a se dar bem com você, ele e eu estamos tendo uma boa convivência pai e filho, mas ele não quer nem ouvir falar em Lilly. Das vezes que liguei pra ele estando no Brasil, não me perguntou dela nenhuma vez e se eu tocava no assunto ele dizia que tinha que desligar.

- Isso só o tempo vai curar, Josh! Acho melhor deixar esses dois se resolverem por eles mesmos!

- É, você tem razão!

- E como foi quando Lilly conheceu a família do pai biológico? Esse foi o principal motivo pelo qual ela quis voltar, não foi? Queria conhecer sua verdadeira história...

- Ah, uma tragédia grega! Eu te disse que a família do pai de Lilly é envolvida no alto escalão da política no Brasil, não disse? Lilly conheceu um pai manipulável e covarde, além de uma avó arrogante e preconceituosa que em momento algum se disse arrependida pelo que fez a Nancy. E olha que ela se surpreendeu com Lilly cogitando até dar o nome da família a menina, como se ela tivesse algum interesse nisso! A tal Vera Maya ficou impressionada como Lilly puxou a ela própria e seu timbre político, como ela não cansava de repetir.

- Nossa!

- Sim, ela viu que Lilly se tornou o que ela gostaria que George e seus netos se tornassem, mas o filho dela só faz o que ela quer, e os netos parece que nenhum deles está interessado em seguir a carreira política.

- Então quer dizer que Lilly tem irmãos?

- Sim, um casal de gêmeos com diferença de dois anos. Mas, ela só conheceu a menina, se chama Melissa, o rapazinho parecia estar estudando fora da cidade ou algo assim.

- Bom, ela teve mais uma decepção pelo visto. 

- Sim! Mas, me diga uma coisa: Eddie decidiu se mudar assim que soube que eu traria Lilly? Isso você não me explicou direito e, por telefone, ele só me disse que quando eu chegasse aqui me explicaria.

- Eddie ficou muito mexido quando eu disse que Lilly voltaria pra cá e ficaria hospedada conosco. Ainda me lembro que estávamos fazendo uma refeição quando ele se levantou da mesa, saiu e quando voltou comunicou que estava de mudança pra... enfim, você sabe pra onde!

- Eu temo pelo reencontro deles, Lee! 

- É inevitável, Josh! Mas, eles são adultos e terão que se resolver, de um jeito ou de outro.


Black - o filho do primo Josh   *SAGA FASE 2*Onde histórias criam vida. Descubra agora