Capítulo Vinte e Seis

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Taylor desce do carro com a sensação de que deveria voltar e ficar o dia inteiro com sua noiva deitadas no sofá assistindo filme.

— Amor, pode ir, eu vou ficar bem— A Julie diz na parte de trás do carro.

— Tem certeza, né? Porque qualquer coisa pode me ligar, se sentir qualquer dorzinha ou incômodo--

— Taylor tchau!— A Julie tenta fechar a porta do carro, mas a Taylor para.

— Ei!— Ela abre a porta de novo— Eu te amo— A Julie sorri e puxa a Taylor pela gola da blusa e a beija.

— Eu também te amo, mas agora tchau— Ela facha a porta do carro e a Taylor dá risada e entra em seu estúdio vendo o Jack sentado no sofá.

— Dizem que o amor aumenta o humor, parece que é verdade— Ele bebe seu café enquanto lê um livro em sua mão.

— Não começa— Ela dá um tapa no pé do homem que estava esticado na mesa— Vamos? Temos trabalho.

— A Senhora manda— Ele vai na direção dos equipamentos para ligá-los.

[...]

Taylor Swift

— Mas que...— Meu motorista para na frente do prédio da Julie e saio do carro correndo ao encarar tudo a minha volta.

O frente do prédio está cercada por três ambulâncias, viaturas policiais e bombeiros. Fumaça sai de alguns apartamentos. Fotógrafos e jornalistas se espalham por todo canto. O porteiro está junto de um policial e vejo um dos meus cunhados falando com outro policial.

— Tay!— O Jay vem correndo na minha direção e eu o abraço.

— O que aconteceu aqui? Cadê a Julie?— Vejo meu segurança sair do carro e vir até mim.

— Calma, a Julie já foi levada pro hospital e os policiais estão investigando o que aconteceu— Sinto Flashs em cima de nós dois.

— Como aconteceu?

— A gente não sabe, ainda não sabemos se a Julie desmaiou pela Fumaça ou tava dormindo, mas o porteiro percebeu a fumaça saindo da janela dela e o alarme de incêndio começou a tocar, entraram no apartamento e encontraram ela deitada na cama cercada pelo fogo.

— Começou no apartamento dela?— Ele começa a andar segurando meus ombros e tentando me proteger dos fotógrafos e vai na direção do meu carro juntamente com meu segurança e o dele.

— Os vizinhos dizem que sim, nem a polícia, nem os bombeiros deram muita informação, querem esperar até a Julie ficar bem— Ele abre a porta de trás do carro pra mim— Julian leve meu carro pro Hospital, eu vou com a Taylor no dela.

— Sim senhor— O homem de terno preto seguiu a ordem do meu cunhado e sumiu no meio da multidão.

— Meu Deus...— Eu me encolho no banco e suspiro.

— Qual o hospital que ela está?— Eu pergunto.

— No dos meninos.

— Sabe onde é?— Meu motorista confirma e eu levo meu olhar até a janela do carro, a chuva forte não para de cair desde que entramos no carro, o vento balança as poucas árvores durante o caminho, os únicos sons escutados são os do carro e da chuva na janela.

— Acharam isso no quarto dela, eles vasculharam todos os apartamentos pra procurar algo que possa ter começado o incêndio e acharam melhor entregar isso pra mim— Ele me entrega um envelope amarelo, ele não me olha, apenas segue seu olhar para o lado de fora do carro.

— Isso é...— Termino de ler e me encosto no banco.

— Ela tentou de novo, e perdeu de novo– Ouço a voz dele falhar— Você não sabia?

— Ela não... ela não me contou.

— Ela deveria te contar quando... recebesse um positivo.

— Por isso o John tava chorando— Minhas lágrimas começam a descer pelo meu rosto.

— Ele sabia, ele sempre soube.

— Eu preciso ver ela, a gente pode ir mais rápido?

Julie Hernandez

Ainda me lembro daquela manhã cinzenta, quando as lágrimas se misturavam com a chuva que escorria pela janela. Meu ventre, outrora cheio de promessas e sonhos, agora estava vazio. O coração, antes repleto de expectativas, agora pesava como uma pedra. Meu filho, aquele que nunca chegou a ver a luz do dia, partiu antes mesmo de conhecer o mundo.

Eu o sentia dentro de mim, como um segredo guardado a sete chaves. Cada chute, cada movimento, era um elo invisível que nos unia. Eu conversava com ele em pensamento, contava histórias e cantava canções de ninar. Mas, de repente, tudo se desfez. O silêncio tomou o lugar das risadas e dos sonhos. O médico disse palavras que ecoam até hoje: "Lamento, mas não há mais batimentos cardíacos."

Naquele momento, meu mundo desabou. Eu me agarrei à barriga vazia, como se pudesse trazê-lo de volta com a força do meu amor. Chorei por um filho que nunca conheci, por um futuro que nunca se concretizou. E, enquanto a chuva continuava a cair lá fora, eu me senti perdida em um mar de tristeza e saudade.

Hoje, olho para o céu e imagino como seria tê-lo nos meus braços. Como seria ouvir seu choro, sentir seu cheiro, ver seus olhos curiosos explorando o mundo. Mas, no lugar disso, guardo apenas memórias e um amor que transcende o tempo e o espaço. Meu filho, pequeno anjo que voou antes mesmo de abrir as asas, você sempre será parte de mim.

Dentro de mim, onde a vida dançava em segredo, eu acariciava sonhos e esperanças. O mundo exterior era apenas um rumor distante, abafado pelas paredes que nos envolviam. Cada batida do coração do meu filho era uma sinfonia de amor, uma melodia que só eu podia ouvir.

Mas então, como uma estrela que se apaga no céu noturno, a luz se esvaiu. O silêncio tomou conta do meu útero, e o vazio se instalou como um inverno implacável. Meu pequeno tesouro, tão frágil e precioso, partiu antes mesmo de conhecer a luz do dia.

Agora, eu sou uma mãe— ou talvez nunca serei—, carregando memórias que nunca se transformaram em risos, em passos incertos pelo chão da casa. A dor é um fio invisível que me liga a ele, um elo que transcende o tempo e o espaço. E nas noites mais escuras, quando as estrelas choram, eu sussurro seu nome ao vento, na esperança de que ele possa ouvir.

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Capítulo em homenagem a meu little John, nunca tive a chance de dizer que te amo, meu pequeno, a vida te tirou de mim antes mesmo de você nascer. Hoje... faz um ano. Eu te amo irmãozinho.

Até o próximo! 🫶🏾

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⏰ Última atualização: Jun 27 ⏰

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