Capítulo 7

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— Vane, alguém já te falou que você é extremamente irritante? — pergunto zangada.

Algumas horas atrás Kanrianur se envolveu em uma batalha contra outro navio pirata, esse bem menor e, obviamente, o nosso ganhou esse confronto, mesmo com alguns danos no casco que não foram totalmente reparados ainda. Pelo visto consertar um navio em alto mar não é muito fácil.

— Nunca na minha cara — ele responde — Aí! Você fez de propósito agora.

— Se você ficasse parado eu já teria terminado isso há muito tempo.

Durante o ataque, um dos piratas rivais acabou acertando o braço direito do Vane com uma espada. O corte não era profundo, mas era longo, ia do ombro até o cotovelo e tinha tanto sangue que eu jurava que ele iria perder o braço.

— Você está sujando o chão do meu quarto com seu sangue sabia disso? — pergunto.

— Muito romântico da minha parte não ach... AI!

— Nunca agradeci tanto por Merlin ter feito eu treinar sutura tantas vezes — murmuro.

— O velho bruxo sabia das coisas. O que mais ele te ensinou?

Olho para Vane desconfiada, mas ele parece genuinamente interessado.

— Como curar febre, infecções, algumas dores e ossos quebrados — respondo — Claro que não sou nenhuma curandeira exemplar e com certeza não seria a melhor aluna na escola dos Curandeiros Reais...

— Estou começando a repensar minha oferta, sabia?

— Mas nunca deixei alguém morrer — concluo decidindo ignorar o comentário engraçadinho.

— Ok, acho que na verdade isso basta como qualificação.

Dou o último ponto e me afasto para ver minha obra completa.

— Para de olhar para o meu braço costurado como se fosse o quadro mais bonito que você já pintou.

— Mas está lindo! — falo — Todos alinhadinhos e no mesmo tamanho.

— Depois sou eu quem chamam de psicopata — murmura baixinho.

Pego um pano para cobrir os pontos, depois amarro para que não solte e então meu trabalho está finalizado. Ele começa a colocar a camisa, mas para quando ergue o braço costurado e pela careta eu percebo que deve estar bem dolorido.

— Quer ajuda? — pergunto com os braços cruzados.

— É sua obrigação me ajudar — ele responde.

— Na verdade, a minha obrigação é fazer todo mundo a bordo continuar vivo.

— Estou pensando em aumentar sua estadia no navio por mais seis meses...

— Tudo bem, tudo bem. Eu ajudo.

Retiro a camisa e começo a colocar pelo braço suturado enquanto tento ignorar o sorrisinho prepotente dele. Quando ele está finalmente vestido, junto as coisas e vou até o banheiro para lavar e desinfectar.

— Está gostando daqui? — o escuto perguntar do quarto.

— Quer a resposta que vai me manter aqui pelo tempo que combinamos ou a resposta que vai fazer você aumentar minha sentença em mais cinco anos?

— A resposta verdadeira — responde — E por favor, não chame isso de "sentença" quem escutar isso vai achar que você está presa aqui.

— E não estou? — Me viro para olhá-lo.

— Talvez esteja — Ele se levanta e vem até mim — Mas isso aqui — ele circula o dedo no ar — É muito melhor do que qualquer prisão.

— Como você pode saber? Já foi preso?

Entre Mares e FeitiçosOnde histórias criam vida. Descubra agora