Capítulo 9.2

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— E aqui estamos.

Paramos na frente de uma taverna feita de madeira que fica na rua do porto, de frente para o mar. "Demoníaco" está escrito com tinta vermelha em uma placa cravada no chão, perto da porta.

 Zion entra na taverna sem esperar por nós, como se já conhecesse o lugar a bastante tempo. Me viro para Rique, que só balança os ombros com uma expressão de "você sabe como ele é", então o seguimos. 

Lá dentro não estava muito cheio, o que nos surpreendeu. O local era um pouco escuro e utilizava velas para a iluminação e não pedras de luz. O balcão ficava nos fundos e todo o espaço era preenchido por mesas e cadeiras. Uma típica taverna comum.

Vejo Zion no balcão, falando com outro tiefling. Ele possuía a mesma coloração de Zion, mas seus cabelos eram curtos e ele parecia ser mais velho, tinha alguns brincos em sua orelha pontuda e seu chifre direito era quebrado ao meio.

 Zion por fim se vira para nós e acena para que o sigamos até uma mesa mais distante da porta de entrada.

— Aqui vamos ter um pouco de privacidade — diz enquanto nos sentamos.

Eu me sento próxima a parede enquanto Rique se senta ao meu lado. Vane e Cordélia se sentam do outro lado mesa.

— Aperta um pouquinho aí, cara — Zion pega uma cadeira da outra mesa e senta-se ao lado de Rique.

Thomas aparece com um caixote grande, o coloca na ponta da mesa e se senta.

— Odeio lugares que não estão preparados para receber criaturas grandes — resmunga.

— Mas a bebida daqui vai fazer você passar a amar esse aqui — Zion diz — Já sabem o que vão querer?

— Rum.

— Rum também.

— Cerveja.

— Rum. 

— O maior copo de cerveja que tiver.

— Limonada sem álcool.

Todos me encaram com expressões diferenciadas que vão de "sério?" para "você sabe que tem idade para beber, certo?.

— O que foi? — pergunto.

— Não vai beber? — Rique pergunta — É sua noite hoje, pode aproveitar.

— Meu corpo não digere álcool na mesma velocidade que o de vocês — respondo dando um sorriso sem jeito — Por causa do Frio, o álcool fica muito mais tempo no meu organismo.

— E você acaba ficando bêbada por muito mais tempo — Terin completa.

— Exatamente.

— Agora estou curiosa — ela diz — Se você cresceu em uma cidade onde não havia bruxas iguais a você, como foi que descobriu isso?

Todos me encaram novamente, mas agora com uma curiosidade gritante, Zion mal consegue ficar parado e sua cauda balança freneticamente de um lado para outro.

— Droga — suspiro — Festa na fogueira. Quinze anos. Muito álcool. Um garoto.

— Não acredito — Terin voa até ficar próxima do meu rosto — E o que aconteceu?

— Nada de tão empolgante assim — respondo — Bebi somente dois copos e já passei mal, uma vizinha me levou de volta para casa. Fiquei desacordada por três dias e quando acordei descobri que tinha vomitado no garoto que eu era afim e minha mãe estava maluca comigo. 

— Não é para menos, você fez um fiasco enorme. — Percebo que Cordélia está segurando o riso. É claro que um momento vergonhoso meu seria o auge para ela.

Entre Mares e FeitiçosOnde histórias criam vida. Descubra agora