Entre Mares e Feitiços

Capítulo 14.2

Dia seguinte

— Tem certeza que eu preciso me vestir assim? — pergunto a Rique.

Estou usando minhas botas baixas e calças preta largas, a única coisa que me incomoda é a minha blusa sem mangas que agora está completamente embolada para cima, só cobrindo os meus seios.

— Sim — responde — Essa semana eu quero treinar a sua desintegração corporal. Irei te atacar na barriga e braços e preciso que você desintegre somente a área em que seria atingida, se você estiver com a barriga coberta, não tenho como saber se você conseguiu ou não.

— Essa semana vai ser horrível — murmuro — Posso fazer outra pergunta? Por que estamos na cabine do Capitão?

— Prefere errar a magia e ficar pelada no meio de um convés cheio de piratas?

— Certo, entendi.

Rique se aproxima com um com um cabo de um dos esfregões e pressiona a sua ponta bem ao lado do meu umbigo.

— Sente onde ele está te tocando?

— Sim.

— Se concentra nessa área — Fecho os olhos e tento focar totalmente no ponto que está fazendo pressão na minha barriga — Agora tenta desintegrar só essa parte.

Inspiro e expiro com calma, chamo o meu dom de dentro de mim e me esforço para deixá-lo somente no meu tronco e então começo a dissipar aquela parte do meu corpo. No início dá certo, sinto quando o cabo me atravessa, mas perco a concentração por um segundo e meu corpo inteiro se desintegra.

Rique se vira, ficando de costas para mim e eu desfaço tudo, voltando a ser sólida de novo. Caio de joelho, gemendo de dor, é como se meu corpo inteiro estivesse dormente e milhares de pequenas agulhas cravassem na minha pele ao mesmo tempo. Me visto lentamente e quando estou apresentável, chamo o Rique que se vira na hora.

— Tivemos um bom começo — diz.

— Eu virei uma montanha de neve no chão — gemo enquanto tento me livrar do desconforto — Onde que isso é um bom começo?

— A desintegração começou na sua barriga, não foi bem onde o cabo estava, mas foi perto, isso é muito bom — Ele coloca o cabo na minha pele de novo — Agora, levanta essa camisa e vamos tentar mais uma vez.

Suspiro e volto a me concentrar. Realmente vai ser uma semana horrível.

❄ ❄ ❄ ❄

— Chega! — falo — Eu não aguento mais.

Desabo no chão, completamente exausta e encharcada de suor. Perdi a conta de quantas vezes desintegrei meu corpo totalmente, nas últimas duas tentativas eu consegui manter por cinco segundos só a minha barriga desintegrada e agora estou sendo abençoada com cãibras nela.

— Mais uma vez — Rique repete com uma voz autoritária.

— Você falou isso nas últimas cinco vezes — murmuro — Não consigo mais.

— Consegue, sim. Vamos. Mais uma vez. 

A porta da cabine é aberta, Vane entra e para atrás de Rique.

— Eu disse que não era para matá-la —Vane fala com divertimento quando me vê atirada no piso.

— Ela só está sendo dramática — Rique o conforta.

— Dramática? — Me sento e crio uma estaca afiada de gelo e a aponto para o seu rosto — Vou te mostrar quem é dramática se filho da pu...

— Ei — ele me interrompe — Não ofende a minha mãe.