Capítulo 11

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Não consigo falar ou pensar em algo, tudo que está na minha mente é a voz de Vane e o que ele acabou de me confessar "ela morreu e eu acho que fui o responsável". Ele era apaixonado por uma garota, tão apaixonado que fez uma tatuagem simulando uma marca de Rastreio e agora ela está morta? Mas como? O que aconteceu? Quando foi isso?

— Se não se importa — ele continua — Eu não quero mais tocar nesse assunto.

— Mas... na sua adaga, A.L, são as iniciais dela? — minha boca solta antes que meu cérebro consiga segurar.

— Como você sabe disso? Olhou as minhas coisas? — ele volta a olhar para mim.

— Na época eu pensei que não seria nada demais dar uma olhada — respondo e dessa vez sou eu que desvio o olhar.

Pelo canto do olho percebo quando ele passa as mãos pelo rosto e depois pelos cabelos até que descansam na nuca. Escuto seu suspiro cansado se misturando com o barulho das ondas, como foi que eu consegui transformar um clima agradável em um clima de enterro?

"Mas não é exatamente minha culpa" penso "Na verdade, não tenho culpa alguma, eu não sabia que a marca teria uma história tão pesada assim."

— Realmente a culpa não é sua — fala de repente enquanto descansa as mãos no colo — Esse é um assunto um pouco sensível e.... desculpa, estava escrito na sua cara. Você sabe que é muito transparente em relação aos seus pensamentos.

— Não sei, não — sabia sim. Tento manter o meu rosto o mais neutro possível — Eu nem estava olhando para você.

— Eu conseguiria adivinhar o que você está pensando só vendo a sua sobrancelha.

— Não conseguiria — sei que soou como uma criança mimada — Mas o assunto não é minha falta de habilidade de manter os músculos do meu rosto parados. Se a tatuagem e a... garota, são assuntos sensíveis então não precisa me explicar mais nada. Prometo que não vou falar nada disso para ninguém ou comentar sobre de novo.

— Eu agradeço — murmura — Quem sabe com mais tempo, isso se torne algo mais tranquilo de falar?

— Se ficar mais fácil dentro de um ano então sabe que eu vou estar aqui para escutar.

O assunto se encerra assim, a postura de Vane grita que não quer mais falar sobre isso e eu não insisto, mas uma parte minha quer muito saber mais sobre o seu passado. Ele é muito fechado em relação a sua vida pessoal e sabendo a sua posição até que faz sentido, um Capitão sem passado é um Capitão sem fraquezas.

— Em relação ao seu treino com Rique — ele quebra o silêncio entre nós — Eu devo te avisar que... Uau.

— O que foi?

Vane está olhando para mim com os olhos arregalados. Percebo uma fraca luz azul o cobrindo, então quando olho para cima vejo que a lua está no centro da abertura da gruta. E não é qualquer lua, é uma Lua Azul. Ela só aparece a cada seis meses e eu me esqueci totalmente que era hoje.

— Ah não — falo enquanto olho para baixo e percebo que meu cabelo já não está mais castanho e sim branco com algumas partes azuladas, mas infelizmente essa não é a única coisa que muda em mim quando a luz azul me atinge.

— Você está brilhando — fala com assombro mal contido — É como a neve quando o sol saí.

— Está assustado? — pergunto temendo a resposta.

— Eu estou... deslumbrado — responde — O que aconteceu? Como...

— É culpa da Lua Azul, nada demais

Entre Mares e FeitiçosOnde histórias criam vida. Descubra agora