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A sensação de sonhar com alguém e acordar lembrando de tudo e quase irreal, ainda mais quando é  uma fantasia atrevida e sensual. 

Já era cedo de um domingo, nada da noite anterior deixou com que eu dormisse em paz. Acordei de madrugada com muitos pesadelos além da taquicardia.

Ainda estava deitada na cama procrastinando,ouvi o barulho de água se movimentando no jardim, e com certeza ela vinha da piscina.

A janela do meu quarto me dava a vista completa, abri a persiana e lá estava, mesmo em um dia frio, Wagner aproveitando o espaço. Me sentei na janela sacada observando ele nadar, quase o devorando com os olhos.

A tanto tempo eu não me sentia assim, esse calor crescendo dentro de mim, uma tempestade de pensamentos na minha cabeça me dominava com desejos que eu não deveria ter.

Não demorou para que ele olhasse para janela e me visse ali, debruçada no batente olhando para ele. O homem abriu um sorriso de lado, acenou com a mão enquanto se secava com a toalha. Eu sai imediatamente morrendo de vergonha, era como se o próprio soubesse que estava ali á muito tempo.

Desci de pijama para sala de jantar, o café já estava posto na mesa, eu não estava com apetite mas só me sentei. Fingi não ver ele entrar na cozinha e me olhar,  ouvi um riso baixo sair de sua boca . Ele fez um barulho quase proposital, virei o rosto para olhar e me deparei com a vista dos deuses.

O homem só de shorts, com o cabelo ainda molhado se aproximou com a xícara de café, vindo por trás de mim abaixando-se bem perto do meu ouvido:

— Bom dia.

A voz rouca me arrepiou por inteira, estremeci e engolindo :

— Bom Dia... — observo ele atravessando a sala de jantar .

Eu não conseguia não olhar para o corpo dele, ele deve ter oque ? Uns 44? O abdômen semi definido, bíceps bem grandes, e as entradas na barriga nem se fala.

— Dormiu bem? — ele perguntou sentado na cadeira à frente.

— Nem um pouco, tive pesadelos.

— Pesadelos ? Que horrível...Também não dormi. Fiquei preocupado.

Ficamos em silêncio:

— Minha mãe ? — perguntei quebrando o gelo.

— Dois comprimidos de setralina . Não vai acordar o dia todo.

Ele foi direto ao dizer:

— Vou a um jogo de Polo mais tarde, se quiser ir comigo sua companhia será muito bem-vinda.

Me surpreendeu o convite, ele continuou me encarando como se estivesse esperando a resposta:

— Vai ser um prazer ser sua acompanhante.

Me vesti com cuidado, escolhendo uma calça bege que abraçava minhas pernas de forma confortável e uma blusa de manga longa azul que contrastava suavemente com minha pele clara e cabelos ruivos. Para completar, vesti um suéter branco, perfeito para o clima gelado do dia. Calcei minhas botas marrons e deixei meu cabelo solto, permitindo que ele dançasse ao vento enquanto caminhava. Eu me sentia confiante e elegante. .

Quando desci para encontrá-lo, não pude deixar de admirar como ele estava impecável. Wagner usava uma camisa de linho branca, com as mangas dobradas até os cotovelos, revelando seus antebraços fortes. A camisa estava levemente desabotoada no colarinho, dando-lhe um ar descontraído, mas ainda assim sofisticado.

Suas calças cáqui eram bem ajustadas, destacando sua figura atlética sem esforço. Ele completava o visual com sapatos de couro marrom escuro, perfeitamente polidos, e um relógio de pulso clássico que refletia seu gosto refinado e atenção aos detalhes. Com o cabelo cuidadosamente penteado e uma leve sombra de barba, ele parecia cada vez mais irresistível.

Eu respirei fundo, tentando manter a compostura enquanto nos preparávamos para sair. Era impossível não sentir meu coração acelerar ao lado dele.

Caminhamos até o acervo de carros, depois da ameaça da noite anterior o mesmo se certificou de só sair com veículos blindados, escolhendo oque usar a dedo.

Quando se decidiu, Wagner abriu a porta do passageiro para mim, exibindo suas maneiras cavalheirescas que sempre me faziam sorrir. Eu me acomodei no assento e ele deu a volta, entrando no lado do motorista. O carro estava impregnado com o cheiro dele , uma mistura de colônia e loção pós barba.

À medida que saíamos da garagem, um silêncio confortável se instalou entre nós. A cidade passava pela janela, mas eu estava mais interessada na companhia ao meu lado. Wagner parecia focado na estrada, mas seu perfil perfeito e a forma como suas mãos firmes seguravam o volante me distraíam.

Eu então quebrei o silêncio:

— Parece que você tem um gosto refinado para atividades de lazer, como o polo.Como se interessou?

— Comecei a jogar há alguns anos por convite de amigos. É um esporte que exige muito, mas é extremamente gratificante. Ajuda a liberar o estresse. Você já experimentou algum esporte diferente?

— Nada tão emocionante quanto o polo. Talvez um dia eu experimente, quem sabe?

— Se você quiser, posso te ensinar o básico. Aposto que você iria se sair muito bem — ele sorri.

Ele persistiu na conversa:

— Como foi morar na Itália por tanto tempo? Deve ter sido uma experiência incrível.

— Foi maravilhoso, mas também difícil. Tive que me adaptar a uma cultura totalmente diferente. Aprendi muito, mas sentia falta do Brasil. Ainda estou me ajustando , tudo parece tão diferente agora.

— Imagino que a transição de volta não seja fácil. Mas o Brasil tem seu encanto, e tenho certeza de que você vai redescobrir isso aos poucos.

— Espero que sim... E você, já viajou muito?

— Sim, viajei bastante a trabalho e por lazer. Cada lugar tem algo único a oferecer. Mas sempre é bom voltar para casa.

— Por isso estou aqui, o Brasil é minha casa.

Mantemos o silêncio, a viagem parecia não ter fim :

— Falta muito para chegamos?

— Um pouquinho, estamos na metade do caminho.
São duas horas de viagem, além do trânsito.

O mais velho ligou o rádio, um leve toque de música clássica preenche o carro, criando um ambiente tranquilo. Fechei os olhos por um momento, absorvendo a paz momentânea. Notei quando Wagner abaixou o volume da música, como se não quisesse interromper meu descanso.

Enquanto o carro fazia uma curva suave, senti-me balançar ligeiramente. Instintivamente, minha mão tocou a de Wagner no console central. Ambos sentimos o toque, e houve um breve momento de silêncio onde apenas a conexão física falava. Retirei a mão rapidamente, sentindo meu coração acelerar, enquanto ele fingia não notar, mas eu pude ver um pequeno sorriso surgir em seus lábios pelo canto do olho.

𝐌𝐈𝐋𝐀 - 𝙒𝙖𝙜𝙣𝙚𝙧 𝙈𝙤𝙪𝙧𝙖 Onde histórias criam vida. Descubra agora