Meu coração parou por um segundo, e senti o mundo girar. Wagner e eu nos levantamos instantaneamente, correndo em direção à casa.
— Onde ela está? — Wagner perguntou, a voz cheia de desespero.
— No quarto dela, senhor — respondeu o empregado, apontando para cima.
Subimos as escadas a toda velocidade, o som dos nossos passos ecoando pela casa. Quando chegamos ao quarto , a visão me fez perder o fôlego. Ela estava deitada na cama, com os pulsos cortados e o sangue escorrendo pelos lençóis. A cor da vida parecia estar se esvaindo dela rapidamente.
— Daniela! — gritou Wagner, correndo até ela e pegando-a nos braços com cuidado, mas com urgência. — Milena, pegue um cobertor, rápido!
Corri até o armário, peguei o primeiro cobertor que vi e o entreguei a Wagner, que envolveu Daniela com ele para tentar estancar o sangramento.
— Vamos, segura firme, lily . — Ele a carregou nos braços, descendo as escadas o mais rápido que podia, quase tropeçando em alguns degraus.
Corri atrás dele, o pânico tomando conta de mim. Quando chegamos ao carro, Wagner a colocou cuidadosamente no banco de trás.
— Milena, fique com ela. Pressione os pulsos dela, mantenha a pressão — instruiu, a voz firme, mas cheia de medo.
Fiz o que ele disse, minhas mãos trêmulas tentando manter a pressão nos cortes. Wagner entrou no carro e acelerou, dirigindo como um louco em direção ao hospital.
— Fica comigo, mãe. Fica comigo, por favor. — Murmurei, tentando segurar as lágrimas enquanto olhava para o rosto pálido de Daniela.
A viagem até o hospital foi um borrão de sirenes e semáforos vermelhos ignorados. Quando finalmente chegamos, Wagner saiu correndo do carro, gritando por ajuda. Os enfermeiros vieram correndo com uma maca, e rapidamente levaram Daniela para dentro.
— Ela vai ficar bem, ela vai ficar bem — repetia Wagner para si mesmo, como se tentasse convencer a ambos.
Eu não conseguia dizer nada. Só conseguia olhar para as portas do pronto-socorro, rezando para que minha mãe sobrevivesse.
No hospital, o ambiente era sufocante, com o ar pesado e os sons contínuos dos monitores cardíacos criando uma atmosfera de tensão constante. As luzes fluorescentes refletiam nas paredes brancas, fazendo o lugar parecer ainda mais frio e desolador. Wagner e eu estávamos ao lado da cama de minha mãe.Ela estava deitada, pálida e frágil, com os pulsos enfaixados. Seus olhos, embora abertos, pareciam perdidos, sem brilho.
Wagner segurou a mão dela com carinho, seu rosto mostrando uma mistura de preocupação, tristeza e uma profunda dor que ele tentava esconder.
— Eu sinto muito, Daniela — disse ele, a voz carregada de emoção. — Não quero te ver assim. Você é importante para nós.
Daniela olhou para ele, os olhos marejados de lágrimas que pareciam eternas.
— Eu... eu sei que vocês se importam comigo — ela sussurrou, a voz trêmula e fraca. — Só queria... só queria que as coisas fossem diferentes.
Meu coração doía ao vê-la tão vulnerável. Apesar de todas as dificuldades, éramos uma família, mesmo que disfuncional. Wagner se inclinou e beijou a testa dela com ternura, um gesto que me fez sentir um nó na garganta.
— Vamos superar isso juntos — ele prometeu, sua voz firme mas suave. — Todos nós.
No caminho de volta para casa, o silêncio entre Wagner e eu era pesado, carregado de pensamentos e emoções não ditas. As luzes da cidade passavam rapidamente pelas janelas do carro. Finalmente, tomei coragem para falar, minha voz rompendo o silêncio .
— Wagner... o que você sente pela minha mãe? — perguntei, minha voz tremendo levemente.
Ele manteve os olhos na estrada, mas pude ver a tensão em seus ombros, como se estivesse carregando um peso .
— Milena, sua mãe é uma pessoa maravilhosa, mas eu não a amo como marido há muito tempo — ele admitiu. — Ela é uma amiga, uma companheira... mas meu coração pertence a outra pessoa.
Embora eu soubesse o que ele queria dizer, ouvir aquelas palavras ainda doía profundamente. Eu tentei conter as lágrimas, mas uma escapou, rolando silenciosamente pelo meu rosto.
— Eu sinto tanto por tudo isso... — comecei, mas ele me interrompeu.
— Não, Milena. — Ele olhou para mim rapidamente antes de voltar a atenção para a estrada. — Não tem quem sentir nada, o que aconteceu entre nós não tem relação com a sua mãe. Estamos juntos nisso. Vamos enfrentar tudo juntos.
Um mês se passou, e nossas preocupações estavam voltadas totalmente para a eleição que aconteceria em breve. A casa estava cheia de tensão e expectativa. Wagner estava constantemente em reuniões, preparando discursos, e eu o ajudava no que podia. As noites eram longas e os dias, exaustivos. Sentíamos a pressão de cada momento, sabendo que qualquer deslize poderia ser fatal para a campanha.
Minha mãe foi transferida de volta para o hospital psiquiátrico. ela me ligou pedindo para visitá-la, eu cedi já que não a vejo desde o incidente. O lugar era deprimente, com paredes brancas e um silêncio opressor. Encontrei minha mãe sentada em uma poltrona, olhando pela janela. Ela parecia perdida em seus pensamentos, a silhueta frágil contrastando com a força que um dia ela teve.
— Oi, mãe — eu disse, me sentando ao lado dela, tentando trazer alguma luz para o ambiente sombrio.
Ela se virou para mim, seus olhos cansados, mas com uma estranha serenidade.
— Milena, eu preciso te contar algo — ela começou, a voz suave e cheia de uma dor antiga. — Sempre soube sobre você e Wagner.
Meu coração parou por um momento. As palavras dela me pegaram de surpresa, me deixando sem ar.
— Sobre mim e o Wagner? — fingi não entender.
— Não adianta Milena...
— Você sabia? — perguntei, a voz quase um sussurro, incapaz de acreditar no que ouvia.
— Sim, sempre soube. — Ela suspirou profundamente, como se um grande peso estivesse sendo aliviado. — Desde o começo, eu sabia que ele não me amava da mesma forma. Eu me apaixonei por ele, mas era uma paixão nunca correspondida. Foi um casamento oportuno tanto para mim quanto para ele. Quando vi vocês dois juntos pela primeira vez, parte de mim ficou destruída, mas outra parte... entendeu. Porque eu queria que ele fosse feliz. E sei que você o faz feliz. Ele encontrou em você algo que nunca encontrou em mim..
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, um misto de alívio e tristeza se misturando. Era difícil processar tudo isso, mas, de certa forma, sua aceitação trazia um pouco de paz.
— Mãe... eu...
— Não, Milena. — Ela colocou a mão na minha, o toque dela surpreendentemente firme. — Não precisa dizer nada. Só quero que você saiba que, apesar de tudo, eu amo você. E quero que você seja feliz...Mesmo que seja com o Wagner.
— Eu sinto muito, mãe. Eu nunca quis te magoar...
— Eu sei, Mimi. Eu quero que você seja feliz. Cuide bem dele, por mim tudo bem?
Eu a abracei, sentindo o peso das últimas semanas se desmanchar um pouco. Apesar de toda a dor, havia um pequeno raio de esperança. E, naquele momento, senti que talvez pudéssemos, de alguma forma, encontrar um caminho para a felicidade.
Com a eleição a um mês de distância, Wagner e eu estávamos mais focados do que nunca. Eu estava ao lado dele em cada passo, ajudando-o a preparar discursos, organizar eventos e garantir que tudo corresse bem. A pressão era enorme, mas a determinação de Wagner era inspiradora. As noites eram repletas de estratégias e discussões, e os dias, cheios de compromissos e aparições públicas.
Enquanto a campanha avançava, percebi que, apesar de todas as dificuldades, estávamos nos fortalecendo como equipe e como casal.
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𝐌𝐈𝐋𝐀 - 𝙒𝙖𝙜𝙣𝙚𝙧 𝙈𝙤𝙪𝙧𝙖
FanfictionNo coração pulsante de São Paulo, a família Azafri domina o cenário com uma mistura de poder político e riqueza. Wagner Moura, um empresário próspero, se vê preso em um casamento arranjado com Daniela, a viúva filha do influente político Alberto Aza...