𝟏𝟔

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DOIS MESES DEPOIS

Eu estava prestes a completar 21 anos, e a convivência com minha mãe estava se tornando insuportável. Ela voltara a recusar os remédios, oscilando entre períodos de frieza e explosões de raiva. O estupro que sofri não ajudava em nada. O riquinho mimado que me atacou pagou fiança e saiu, e meu caso foi parar em todos os jornais. A imprensa é um bando de carniceiros, ávidos por qualquer detalhe sórdido para vender mais exemplares.

Minha mãe continuava fria, como se nada tivesse acontecido. O doutor disse que isso era normal, que oscilar entre diferentes personalidades, gostos e comportamentos fazia parte da doença dela. No entanto, isso tornava cada dia mais difícil de suportar.

O grande dia do meu aniversário chegou. Eu estava ansiosa e ao mesmo tempo nervosa. Tinha passado por tanta coisa nos últimos meses que merecia uma noite de pura diversão e glamour. Minha mãe estava radiante com a organização do evento, e eu esperava que isso a mantivesse em um estado de espírito mais estável, pelo menos por uma noite.

Escolhi um vestido azul para a ocasião, um tom profundo e brilhante que destacava meus olhos. O tecido de seda caía perfeitamente sobre meu corpo, ajustado na cintura e com uma saia que fluía graciosamente até o chão. As mangas eram longas e transparentes, com detalhes em renda que davam um toque de sofisticação. Para completar o visual, usei uma máscara prateada com pedrarias que cintilavam sob a luz.

Quando desci as escadas da mansão, Wagner estava me esperando no final, com um olhar de pura admiração.

— Você está deslumbrante, Milena — disse ele, tomando minha mão e depositando um beijo suave nos meus dedos.

— Obrigada — respondi, sentindo minhas bochechas corarem sob a máscara.

Minha mãe também estava impecável, usando um vestido vermelho vibrante que contrastava com sua pele clara. Ela parecia outra pessoa, envolta em uma aura de elegância que raramente via. No entanto, eu sabia que essa fachada podia desmoronar a qualquer momento.

O salão estava lindamente decorado com flores e velas, e a luz suave criava um ambiente mágico. Convidados mascarados começaram a chegar, enchendo o espaço com risos e conversas animadas. A música clássica tocava ao fundo, e o som dos passos dançantes ecoava pelas paredes.

Após um tempo, Wagner e eu nos separaram para cumprimentar diferentes grupos de convidados. Eu estava conversando com alguns amigos quando vi um homem se aproximar. Ele usava um smoking preto e uma máscara dourada, que escondia quase todo o rosto.

— Milena, posso roubar você para uma dança? — perguntou ele, estendendo a mão.

Eu hesitei por um momento, mas decidi aceitar. Enquanto dançávamos, ele começou a fazer perguntas sobre minha família, de forma aparentemente casual.

— Como estão as coisas com sua mãe? Deve ser difícil para ela lidar com toda essa atenção da mídia — disse ele.

— Sim, está sendo complicado, mas estamos tentando nos manter fortes — respondi, tentando não demonstrar minha desconfiança.

De repente, senti uma mão firme no meu ombro. Wagner estava ali, seu olhar severo fixo no homem mascarado.

— Acho que é minha vez de dançar com a aniversariante — disse ele, puxando-me gentilmente para longe.

Enquanto dançávamos, Wagner sussurrou em meu ouvido: — Se comporta como uma princesa só na frente deles, não é? — Ele riu pelo nariz. — No off, ama quando eu sou mais agressivo.

𝐌𝐈𝐋𝐀 - 𝙒𝙖𝙜𝙣𝙚𝙧 𝙈𝙤𝙪𝙧𝙖 Onde histórias criam vida. Descubra agora