Sahha-Mayan saiu silenciosamente, enquanto as irmãs se abraçavam.
Não pôde evitar um leve sorriso enquanto fechou a porta, devagar.
Era a primeira vez que ela via um bebê nascer.
Era raríssimo ver mulheres grávidas na Torre, por diversas razões.
"E é melhor assim", pensou a feiticeira, enquanto subia as escadas.
Um dia, quando ainda era uma menina, ela pensou que seria uma mãe. Que seu destino era apenas se casar e então parir meia dúzia de crianças para a satisfação e afirmação de masculinidade e fertilidade de algum homem. Que era uma exigência da sociedade em que vivia da qual não conseguiria escapar.
Amargamente, ela refletiu como havia escapado. E que sua vida agora era infinitamente pior que o destino cinzento que o futuro lhe reservava antes.
"Tudo sempre pode piorar", ela sorriu com olhos sombrios.
Ela finalmente chegou ao térreo silencioso naquela madrugada e começou a subir direto para o primeiro andar.
Até que uma voz a paralisou onde estava.
- Soube que é uma parteira agora. Pelo som de choro de bebê, parece ter se saído muito bem.
Sahha-Mayan se virou em direção à voz masculina e familiar.
Reynard estava ali, no canto da sala. Bem acordado. Sentado sob um raio de luz tênue que começava a emanar da janela.
Ela sentiu a água se acumular nos olhos. Mas logo sufocou as lágrimas e vestiu uma máscara de satisfação contida.
- Pensei que suas ordens médicas eram as de se manter em repouso.
- Ordens médicas? Eu estava sob os cuidados de um médico?
- Não. Mas na falta de um, você conseguiu a segunda melhor coisa: uma feiticeira.
Reynard riu:
- Peço desculpas então pela desobediência.
- Eu pensei que Lorthas estava tomando conta de você. Ele não lhe disse para permanecer deitado?
- Ele estava sim ao meu lado. E sim, ele disse isso. Mas agora que estou acordado, fica um pouco estranho ter um homem como babá. Eu lhe disse para descansar e...fiquei entediado. Resolvi descer e esperar por você.
- Este é um excelente horário para dormir, sabe.
- Pelo que eu soube, passei os últimos três dias dormindo sem parar. A última coisa que quero ver agora é uma cama.
Sahha-Mayan caminhou até ele, um sorriso faceiro no rosto.
- Perdoado, então. Aceito seus argumentos. E...
Ela olhou para os próprios braços.
- Eu lhe daria um abraço, mas acredite em mim, você não quer me abraçar agora.
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Reynard foi rapidamente reconduzido a seu quarto por Dray e ali permaneceu pelo resto do dia.
Sahha-Mayan, por sua vez, dormiu o dia quase inteiro, finalmente vencida pelo cansaço acumulado.
No início da noite, Orana bateu à porta de todos os hóspedes para avisá-los de que haveria, naquela noite, a apresentação de um bardo e que o famoso pão do Abraço de Garanna seria servido.
Reynard e Dray, no horário combinado, já aguardavam sentados em uma mesa discreta no fundo do salão. A música ainda não havia começado, mas o aroma da comida já tomava conta do ambiente.
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Brasas
Viễn tưởngDois guerreiros e uma misteriosa feiticeira partem para cumprir uma missão secreta, que acaba revelando intrigas, conspirações e seus próprios segredos. Esta é a versão "beta" da história, por assim dizer. Não está revisada e ainda precisa ser polid...