Laeran saiu dos aposentos de Gamaz ebn Harim, cansado, e olhou para a ampulheta no corredor.
Já passava das onze da noite. Era um bom horário para encerrar. Ele entrevistaria Algvar no dia seguinte...
...ou não.
Laeran quase saltou de susto quando a porta do quarto de Algvar se abriu - e ele saiu de lá, nu da cintura para cima e usando apenas um calção, os cabelos loiros e muito longos soltos e despenteados.
- Onde pensa que vai, sargento?
- Boa noite, senhor. - disse Laeran.
- Que soldadinho educado. - Algvar disse, se aproximando com seu gingado usual. - Boa noite, sargento. E então? Entrevistou todos os outros, mas não vai me entrevistar?
- Eu...acho que está um pouco tarde. Não queria incomodar.
- Você acha que eu tenho cara de quem dorme com as galinhas, McOlthen? - ele se virou para a porta de onde havia acabado de sair. - Anda. Para dentro.
- Sem querer ser grosseiro... - disse Laeran - ...o senhor dá a impressão de que estava na cama antes de falar comigo.
- Eu estava. - ele deu um sorrisinho. - Mas não estava dormindo. Estava só polindo a espada.
- O senhor...não usa um mach-
- Entra logo, McOlthen.
Laeran engoliu em seco. A última coisa que queria era ficar sozinho num quarto trancado com Algvar.
Não porque ele tivesse alguma desconfiança especial em relação a Algvar. Mas porque todo mundo sabia...
Algvar era, basicamente, louco.
Laeran entrou no quarto...e foi surpreendido pelo mais absoluto caos.
A primeira coisa que viu foi a quantidade de garrafas de vinho abertas espalhadas pelo chão.
Roupas se amontoavam por todos os cantos. A armadura de Algvar formava uma pilha prateada e indistinta em um canto, junto com diversos objetos.
Laeran teve a impressão de ouvir o som de ratos vindo de algum lugar.
A porta para os aposentos privados estava aberta e ele podia ver uma cama desarrumada ali.
A mesa era o único lugar do quarto que parecia completamente limpo. Algvar provavelmente não a usava nunca.
E havia...alguns...
- O que acha? - disse Algvar, alegremente, mostrando um dos animais empalhados que eram basicamente o único objeto decorativo ali. Um gato.
Era...um trabalho bem feito, apesar de tudo.
- É...você quem faz isso?
- Apenas um pequeno passatempo meu. Não precisa ficar assustado, sargento.
- Seus animais não me assustam.
Algvar se aproximou e tocou-lhe o queixo. Por um instante, os olhos verdes do sargento encontraram os azuis do major. Ele sorriu, um sorriso aterrorizante.
- Seus olhos dizem o contrário. Você está com medo. Cuidado para não mentir, McOlthen. Lembre-se dos seus juramentos.
"Não tenho medo...dos seus animais", pensou Laeran, seu coração batendo no peito como um tambor.
- Pode...procurar algum lugar para sentar por aí. - disse Algvar. - Acho que tem umas duas cadeiras embaixo de uma dessas pilhas.
- Huh, obrigado. Eu posso ficar de pé mesmo.
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Brasas
FantasíaDois guerreiros e uma misteriosa feiticeira partem para cumprir uma missão secreta, que acaba revelando intrigas, conspirações e seus próprios segredos. Esta é a versão "beta" da história, por assim dizer. Não está revisada e ainda precisa ser polid...