Capítulo LIV - Por quem os sinos dobram

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O sol mal tinha aparecido no horizonte quando Laeran levantou da sua cama. 

O sargento tinha muitas tarefas para o dia: colher mais depoimentos e investigar os aposentos do Comandante, principalmente. Mas antes de tudo...

...ele queria vê-lo. 

Laeran passou pela porta da enfermaria...e abriu um enorme sorriso. 

Särtwulf olhou para ele enquanto comia com as mãos uma mistura de aveia. 

- Sargento. - ele disse, calmamente. 

- Senhor. - Laeran se aproximou. 

Por alguns minutos os dois ficaram sem falar nada. Laeran abriu a boca, finalmente, e Särtwulf o interrompeu.

- Eu...já soube do que aconteceu. - ele disse, seus olhos perdidos. 

- Oh...

- É...inacreditável. Que alguém teria...o atrevimento...a ousadia...

- Sim. - os olhos de Laeran se encheram de lágrimas. - Mas...o responsável por isso receberá a justiça de Korl. Eu...estou à frente da investigação. 

- Você, huh. - Särtwulf pareceu levemente infeliz. - Sempre me espanta quando vejo que alguém olhou para você e imaginou que seria compatível com uma tarefa de extremo perigo. 

- Pare de me tratar como uma criança ou um inútil. 

- Você sabe muito bem que eu não penso isso de você. Seu problema não é falta de inteligência ou de coragem. É falta de prudência. Já consigo imaginar você circulando à noite sozinho pelo Castelo com um traidor à solta. 

Laeran desviou o olhar. 

- Huh...isso não é verdade. Não é completamente verdade, digo. Ontem...o major Algvar me acompanhou até...

Särtwulf pareceu saltar da cama por um instante, caindo novamente em dor. 

- Särtwulf! Pelo amor de Korl, tenha cuidado. Eu vou chamar...

O valreandês agarrou-lhe o braço. 

- ALGVAR esteve sozinho com você?! O que ele fez? Ele machucou você? 

Laeran estava surpreso com a reação explosiva. 

- Särtwulf...acalme-se. Está tudo bem. Ele apenas me acompanhou até o alojamento. Ele não me fez nada. 

- Algvar é um homem perigoso. 

Laeran não podia discordar daquela afirmação.

- De fato. Mas...ele não fez nada comigo. Eu juro. 

- Deuses, Laeran...será que você ainda não entendeu? Nós não podemos confiar em ninguém. Ninguém. Nem mesmo os majores. 

- Erwald...é inocente. - disse Laeran. - Eu estava com ele quando aconteceu. 

- Certo. Nenhum menos Erwald, então. Pelo menos isso. E por que Algvar - de todas as pessoas possíveis - cismou com você?

- Não é isso. Ele foi a última pessoa que entrevistei ontem. 

- Algvar...foi o responsável por isto. 

- Isto? Isto o quê? 

- A minha piora. Ele me atacou logo depois daquela noite em que nos vimos pela última vez. Sabia que eu estava ferido. Tenho certeza de que ele queria me matar. Mas...então ele desistiu e foi embora. Nada que aquele louco faz tem sentido. 

- Mas...POR QUE ele faria isso?!

- Pergunte a ele. Mas...eu acho que ele achava que eu era o traidor. 

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