Capítulo XXXIV - Trilhas e perdigueiros

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Laeran estava sentado perto da entrada da passagem secreta. 

Estava tentando se manter tranquilo, mas a verdade é que estava ansioso demais para ficar parado. Suas pernas se mexiam em movimentos repetitivos...

Não havia uma razão apenas. 

Ele estava sentado no meio de um matagal. Uma cobra ou mesmo algum outro animal era uma possibilidade. 

Havia a escuridão também. 

Por fim...todo o contexto por trás daquilo. 

Ele estava infringindo regras do Castelo. Erwald lhe dissera para investigar, é verdade, mas ele duvidava que receberia autorização para fazer o que estava fazendo. 

Ele também estava, de certa forma, enganando Särtwulf. Laeran precisava levar em conta o fato de que teria que se esconder do grupo suspeito E de Särtwulf quando finalmente saísse. 

Por fim, ele havia cooptado uma criança para colaborar com seu plano. 

Kleon estava - como estivera na noite anterior - vigiando no topo da torre cerdelana. O pobrezinho, que deveria estar dormindo àquela hora.

Laeran estava apenas aguardando um sinal para partir. 

Mas por outro lado...um sentimento lhe apertava o peito. 

Uma vez que saísse...o que fazer?

Ele perseguiria o grupo, claro. Mas e se eles estivessem mesmo entrando em um prostíbulo?

Laeran nunca entrara em um estabelecimento assim. Ele sabia, claro, o tipo de coisa que acontecia dentro de um. Mas ele não saberia agir naturalmente. Tinha medo de ser descoberto. 

E se ele fosse, de fato, descoberto?

O que poderia lhe acontecer?

Ser desmascarado seria o menor dos seus problemas. Särtwulf dera a entender que aquilo envolvia provavelmente sangue e morte. 

E se seu fim fosse apenas ser um cadáver esfaqueado, boiando no Mar do Sul até ser encontrado por algum pescador ou comido por algum peixe...

Laeran sorriu tristemente e olhou para o céu. O que seu pai diria disso? 

"Se estiver por aí...entre os deuses ou entre as estrelas...por favor, olhe por mim. E...se estiver por aí com ele, mamãe...também. Eu ainda estou lutando. Eu nunca parei de lutar. E...você também...se puder me perdoar...". 

Antes que ele pudesse pronunciar o terceiro nome, Laeran se levantou em um salto. 

Ele viu. Uma luz brilhando no topo da torre...para se apagar em seguida. 

Era o sinal. 

Laeran abriu o alçapão apressadamente e correu para dentro. 

Lá estava o cavalo negro prometido. "Obrigado, Kleon."

Laeran puxou o cavalo por suas rédeas e alcançou o outro lado da passagem secreta. 

O Sargento permaneceu agachado no escuro, quieto, esperando para ouvir qualquer som...

Por alguns minutos, o único som que ouviu foi o do seu próprio coração, batendo forte como um tambor. 

E então...ele percebeu. O suave som de cavalos...

Mais de um cavalo. E os cavaleiros estavam deliberadamente andando devagar e silenciosamente. Provavelmente só acelerariam ao se afastarem suficientemente do castelo. 

Laeran montou o cavalo negro. Um animal doce e gentil. Ele acariciou-lhe o pescoço e fez com que andasse na direção do barulho, tomando cuidado para manter distância e se manter abaixo das árvores. Ele ainda precisava ter cuidado com os vigias nas muralhas. 

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