Capítulo XXXII - O Arcanoscópio

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Na manhã seguinte, Sahha-Mayan novamente veio buscar Reynard em seu quarto. 

- Bom dia, flor do dia!

- Um tanto bizarro dizer isso para um homem adulto, mas...bom dia. 

A feiticeira riu.

- Siga-me. 

Os dois caminharam em direção ao elevador. 

- Para onde exatamente estamos indo? 

- Você logo verá. 

O elevador subiu...e subiu...

...até o andar 109. 

Os dois saíram e entraram rapidamente por um corredor lateral. Sahha-Mayan se dirigiu a uma das portas e a abriu, simplesmente colocando a mão sobre ela. 

- Reynard de Drämeanor. - ela sorriu maliciosamente - Hoje eu tenho o prazer de convidá-lo para meus aposentos. 

O cavaleiro revirou os olhos. 

- Não faça isso parecer ser o que não é. 

- Chaaato. - a feiticeira fez sinal para que Reynard entrasse. 

A sala era muito semelhante à de Piehe-Zystra, no sentido de que era repleta de poções, aparatos mágicos, livros e pergaminhos. Mas a decoração era bem menos sóbria. 

Ricas tapeçarias decoravam todo o local e candelabros vermelhos flutuavam pela sala. Sofás em veludo vermelho completavam a decoração. Havia alguns quadros e obras de arte espalhados pelo local também, quase todos eles retratando a dona do quarto. 

Sahha-Mayan claramente apreciava a própria imagem. Mas também, quem não apreciava...

Entretanto, o que mais chamava a atenção ali era uma criatura empoleirada ao lado de uma grande mesa. 

A ave era grande. Parecia um faisão, mas era vermelha e suas penas levemente iridescentes. Sua cauda era enorme e vistosa. A descrição batia perfeitamente com uma certa ave mítica que...não, era impossível. Não poderia ser. 

- Olá, Soryx. - a feiticeira disse, acariciando a ave, que pareceu satisfeita. 

- Isso é...uma FÊNIX?! - disse Reynard. 

- De certa forma, sim. 

- Como assim "de certa forma"?

- É meu familiar. Feiticeiras de alto nível são capazes de conjurar familiares. Soryx não existe como uma criatura independente, de carne e osso. Ele é feito de mana. É essencialmente um feitiço. Se eu estalar os dedos...

...e ela o fez. A ave desapareceu em uma nuvem azul-esverdeada. 

- ...isso acontece. 

- Ceeerto. Mas...então ele não existe de forma permanente? 

- Existe. Mas no mundo de mana. O que meu feitiço faz é simplesmente trazê-lo para cá. Então Soryx não é exatamente uma fênix, do tipo que um dia existiu em Rhonea - até onde se sabe, elas estão extintas, o que não deixa de ser interessante considerando a lenda. Mas a IDEIA de uma fênix continua viva, então é possível conjurar um familiar com essa forma do mundo de mana, onde tudo é potencialidade. 

- E qual é a utilidade de um familiar? 

- Um familiar é um ente independente que pode fazer coisas apartado de sua feiticeira. Pode conjurar feitiços protetivos - se for ensinado a fazê-lo. Pode cuidar de pequenas tarefas no laboratório. Os familiares mais inteligentes podem até mesmo ajudar com pesquisas, trazer informações, decifrar textos. 

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