Capítulo XXXV - Entre a coragem e a temeridade

13 1 0
                                    

Laeran tremia enquanto se equilibrava na parede de pedra da torre da taverna. 

Em parte era frio; mas era também medo. 

O soldado era um exímio alpinista e escalador. Esse era um de seus maiores orgulhos; ele provavelmente era o melhor nisso em todo o castelo. 

Ele poderia até não ser o melhor lutador, não ser o mais rápido ou não ser o mais ágil. Mas quando se tratava de subir em coisas, ele era imbatível. 

Por isso, quando ele ouviu de Dara que ele poderia acessar uma janela para ter acesso à área da porta misteriosa, não pôde evitar um sorriso de orelha a orelha. 

Mesmo assim, aquele muro de pedra era um desafio. 

Serana era um vilarejo portuário. As pedras eram úmidas e suas mãos escorregavam com facilidade. Um passo em falso seria o seu fim. 

A escalada já seria extremamente difícil durante o dia. Mas durante a noite, era como escorregar no lodo às cegas. 

Para piorar, ao circular as paredes de pedra ele percebeu que a parte de trás da construção ficava de frente para o mar. Era um pequeno penhasco. 

Se ele caísse dali, a morte seria muito provável. 

Laeran tentou afastar esses pensamentos da mente. 

Era uma escalada difícil, sim. 

Mas se alguém era capaz de conseguir, era ele. 

Juntando toda a sua força de vontade e coragem, ele continuou a avançar...até ver uma luz que parecia sair de uma das paredes. 

Era ela. A janela. 

Ver seu destino o encheu de energia para prosseguir...e em poucos minutos ele passou pela janela estreita, descendo em uma escadaria. 

Laeran olhou para cima, depois para baixo...

"Para onde, agora?" 

A escadaria da torre estava completamente silenciosa. Era impossível saber para que lado ir. 

O soldado suspirou. 

"Cima". 

Não era uma resposta racional. Não era baseada em nada. Laeran teria que contar com a sorte dessa vez. 

O sargento subiu pelas escadas, o mais silenciosamente que pôde, tentando manter seus ouvidos apurados para quaisquer outros barulhos...

...até que rapidamente chegou ao topo, onde havia uma única porta, que estava entreaberta. 

O coração de Laeran batia com tanta força que ele sentia um medo irracional de que seus inimigos pudessem ouvi-lo. 

O sargento avançou devagar e colocou seu ouvido na porta. Nenhum barulho. 

A fresta aberta deixava passar o ar fresco com o já conhecido cheiro de maresia. Aparentemente não havia luz dentro da sala. 

Särtwulf provavelmente não estava aqui. Tampouco os clanorieses. 

Mas talvez valesse a pena investigar. 

Laeran entrou devagar na sala. Em alguns segundos, seus olhos começaram a se acostumar à quase escuridão total e ele teve certeza de que estava sozinho. 

O lugar parecia ser um simples escritório. Alguns livros aqui e ali, uma escrivaninha com pergaminhos e uma pena. Objetos sortidos, aparentemente sem muita importância, aqui e ali. 

Algo chamou sua atenção, porém. 

Em uma pequena mesa lateral, um objeto metálico brilhava sob a fraca luz da lua.

BrasasOnde histórias criam vida. Descubra agora